Mesmo com a demanda enfraquecendo, esperamos mais um trimestre positivo para JSL. Na nossa visão, mais uma vez o destaque do trimestre deve ser a melhora nas margens operacionais da companhia. Se por um lado o operacional segue forte, do outro ainda vemos os resultados pressionados nas últimas linhas pelo efeito dos juros elevados. Estimamos uma receita líquida consolidada de R$ 1,54 bilhões (+19,2% a/a e -7,1% t/t) e um EBITDA de R$ 296 milhões (+35% a/a e -4,9% t/t), com um lucro líquido de R$ 24 milhões (-23,7% a/a e -74,6% t/t). Lembramos que, conforme anunciado no 4T22, devemos observar no 1T23 novos créditos de subvenção do ICMS, estimamos um impacto positivo de 12 milhões no lucro líquido.
Importante destacar, que a recente aquisição da IC Transportes ainda não tem impacto no 1T23.
Olhando para os volumes, é importante destacar que no fim do ano, a copa do mundo de 2022 ajudou a impulsionar os resultados da divisão de alimentos e bebidas. Além disso, houve um aumento da produção atípico no setor automotivo. Com a virada do ano, o cenário foi o oposto, com o 1T23 sendo marcado por 8 paradas de fábricas e 2 cancelamentos de turnos.
Com isso, esperamos que a receita líquida divulgada pela companhia seja ligeiramente menor na comparação trimestral. Por outro lado, uma melhor precificação dos contratos nos patamares de custos atuais deve mitigar maiores quedas de receita.
Do lado de custos, a constante queda no preço do diesel deverá ajudar a companhia a melhorar as margens reportadas frente ao trimestre passado. Com maior impacto no segmento Asset–Heavy do que no Asset-light, respectivamente 25% e 5% dos custos. Se tomarmos como base a média dos IPCAs divulgados nos últimos meses, veremos que o preço desse combustível caiu cerca de 7% no 4T22 e e 6% no 1T23.
Adicionalmente, devemos outra recomposição extra nas margens do segmento Asset-Heavy devivo a melhora na margem bruta da venda de ativos. Acreditamos que o mesmo efeito observado no mercado de seminovos, com valorização dos caminhões por conta da recém-implementação do Euro 6, deve ser observado nos resultadas do segmento. Algo que de certa forma compensa minimamente a perda de receita por conta da sazonalidade.
Por fim, as taxas de juros ainda altas devem continuar prejudicando o resultado financeiro e pressionando o bottom line da JSL, efeito esse que deverá ser parcialmente compensado com o efeito tributário da subvenção de ICMS, que começou a ter efeito no resultado das companhias no último trimestre do ano passado.
Olhando para 2023
Na nossa visão, a dinâmica de margens (Sem IC) ainda têm espaço para melhorar em 2023. Destacamos, os projetos de expansão das operações de internacionalização na África do Sul, com a receita internacional representando 4% do total, com expectativa de expansão da operação ao longo 2023. Lembramos que contratos Asset-Heavy possuem margem um pouco melhores devido a maior previsibilidade de volume.
A medida que JSL consolida suas aquisições e adiciona novos contratos nas empresas adquiridas, é natural que sigamos observando melhoras nas margens pelos efeitos de ganhos de escala e processos de precificação de seus contratos. A força do grupo Simpar e know-how ajudam nos processos de reprecificação de seus contratos, e ajudam na manutenção dos níveis de rentabilidade.
A IC Transportes fechou 2022 com margem EBITDA de 9,5% vs 18% da JSL em 2022, portanto, sem considerarmos crescimento orgânico das operações, deveríamos observar as margens caminhando para 16,6%, porém nossa expectativa é que o consolidado de 2023 fique acima disso.
Mantemos nossa recomendação de COMPRA.