Estamos cortando o nosso rating para Light.
Estamos revisando o case da Light. Apesar do EBITDA acima do consenso e dos resultados operacionais estarem atravessando um momento interessante, em nossa avaliação o case da Light requer cautela. Nossa maior preocupação diz respeito ao fluxo de caixa/endividamento da empresa em um momento que o custo da dívida segue elevado e a empresa não parece arrefecer os investimentos necessários para seguir tocando o seu necessário plano de investimentos. Além disso, chama a nossa atenção a decisão da empresa não reconhecer o impacto da exclusão do ICMS da base para cálculo do PIS/Cofins (que de acordo com a empresa teria impacto o EBITDA negativamente em R$1,1 bilhões no trimestre), algo que outras empresas do setor já reconheceram em seus resultados. Esperamos que maiores detalhes em relação a essa decisão sejam abertos no webcast da empresa que deve acontecer nesta sexta feira, uma vez que a possibilidade de devolução desses valores pode levar a empresa de necessitar uma nova capitalização. Uma vez mais, do ponto de vista da operação da distribuição (o ponto central da tese de turnaround da empresa), achamos o resultado positivo, com a empresa apresentando ligeira melhoria na arrecadação, perdas não-técnicas, queda dos custos gerenciáveis e melhores tarifas derivadas do resultado da recente revisão tarifária da empresa.
Detalhamento dos Resultados 2T22
EBITDA acima do consenso. Neste trimestre, gostamos do resultado operacional da empresa. O EBITDA foi de R$613 milhões (+59% a/a) como reflexo de três pontos: I) aumento do consumo no mercado cativo (+2,9% a/a, após trimestres consecutivos de quedas no consumo), II) impacto cheio da revisão tarifária e III) menores custos gerenciáveis (R$168 milhões, -11,4% a/a). Apesar do operacional positivo, gostariamos de chamar atenção para o aumento das provisões (R$112 milhões, +116% a/a) e da piora do resultado financeiro, que no 2T22 ficou em -R$515 milhões (vs. -R$176 milhões no 2T21), derivado das perdas com marcação a mercado de contratos de derivativos que a empresa possui, maior custo com encargos financeiros e outros. Excluindo eventos não-pontuais no trimestre, a despesa financeira teria ficado em R$441 milhões, ainda bem elevado. O endividamento ficou em R$8,5 bilhões (vs. R$8,1 bilhões no 1T22), implicando em uma dívida líquida/EBITDA de 3,4x. Os investimentos foram de R$431 milhões (+39% a/a), principalmente no segmento de distribuição. O fluxo de caixa livre da empresa foi negativo em -R$568 milhões e assim tem sido nos últimos trimestres, nos causando preocupação, principalmente depois da lei que obrigaria as distribuidoras de energia a retornar os valores que foram reconhecidos anteriormente relacionados ao recolhimento de impostos.