Julgamos que o trimestre deva ser neutro para as empresas do setor de locação. Assim como vimos no 4T22, esperamos que os destaques continuem sendo as empresas voltadas para locação de pesados. De modo geral, esperamos que o operacional do setor se mantenha forte, visto que devemos ver uma demanda ainda elevada pelo serviço, ainda mais se considerarmos a nova reprecificação de caminhões por conta da implementação do Euro 6. Já no setor de leves, a sazonalidade deve ajudar no número de diárias, além de auxiliar na manutenção das tarifas em patamares semelhantes aos que vimos no último trimestre. Por outro lado, principalmente quando falamos dos segmentos de seminovos, acreditamos que por conta da diminuição das concessões de crédito aliadas às elevadas taxas de juros, devemos ver uma maior concentração de vendas voltadas para atacado, o que por sua vez deve continuar pressionando a margem bruta do segmento.
Além disso, acreditamos que mesmo na ponta compradora as companhias devem apresentar sinais de desaceleração. Em suma, acreditamos que por conta da diminuição da demanda de veículos por pessoas físicas, as locadoras devam estar conseguindo descontos maiores. No entanto, devido ao patamar de preços dos veículos novos e o fato de boa parte das locadoras já terem renovado suas frotas, esperamos que o volume de veículos comprados seja relativamente menor ao que vimos nos últimos resultados.
Movida (MOVI3)
Acreditamos que Movida deverá reportar números negativos referentes ao 1T23. Por um lado, vemos uma sazonalidade ainda elevada nos segmentos de RAC e GTF, o que por sua vez deverá ajudar na manutenção de tarifas e ocupação. Por outro, o mix atrapalhado e a contínua queda da FIPE deverá continuar pressionando os níveis de depreciação por carro, que por sua vez devem seguir prejudicando o resultado de seminovos e prejudicando as margens como um todo.
No RAC, esperamos que a sazonalidade continue ajudando na manutenção das tarifas. Além disso, estimamos que a Movida comece a desacelerar seu processo de renovação de frota, dado que já foi mencionado pela companhia que a estratégia atual seria optar por estender a vida útil dos carros da frota. Com isso, esperamos que haja uma pequena redução da frota em relação ao trimestre passado, algo que por sua vez deve se traduzir em diminuição da receita do segmento.
Já no segmento de GTF, também esperamos uma manutenção do ticket mensal e um bom volume de contratos. No entanto, diferente do que esperamos no RAC, acreditamos que a frota deverá apresentar pequeno crescimento por conta de um direcionamento estratégico da companhia. Com isso, devemos observar pequeno aumento na receita da divisão.
Por fim, acreditamos que o grande destaque negativo do resultado seja novamente a divisão de seminovos. Com a constante piora na demanda por veículos no varejo, além da constante queda na FIPE, devemos observar uma queda considerável na margem bruta, dado que a Movida ainda possui veículos mais caros que foram comprados durante a pandemia.
No consolidado, esperamos uma receita líquida de R$ 2,8 bilhões, (+42,1% a/a e +3% t/t) com um EBITDA projetado totalizando R$ 834 milhões (-3,1% a/a e -2,8% t/t) e um prejuízo líquido de R$ 4 milhões.
Localiza (RENT3)
Novamente, esperamos um trimestre mais positivo para Localiza do que para Movida. Acreditamos que o resultado deverá começar a se clarear, com a maior parte do custos relacionados à fusão já contabilizados nos último trimestre. Com isso, devemos começar a enxergar alguns efeitos ainda brandos de sinergia, mas que por sua vez devem se traduzir em aumentos de margem.
No RAC, assim como em Movida, esperamos que a sazonalidade ajude a manter as tarifas em níveis elevados. Além disso, a alta quantidade de veículos comprados no últimos trimestres deve começar a se traduzir em níveis operacionais melhores, também corroborando para um aumento de margem assim como as sinergias da fusão.
Já no GTF, estimamos uma tarifa crescente, puxada por contínua reprecificação dos novos contratos, além de um contínuo ganho de sinergias operacionais provenientes da fusão com a Unidas.
Por fim, assim como havíamos comentado no 4T22, esperamos que o efeito de queda da FIPE seja menos relevante para Localiza do que para Movida dada a diferença no perfil do ativo. No entanto, o efeito de vendas no atacado deve ser o mesmo para as duas, isto é, dado o momento ruim para vendas no varejo, esperamos um aumento significativo de vendas de veículos no atacado, algo que deverá reduzir ainda mais a margem da divisão.
Na visão combinada, esperamos uma receita líquida de R$ 6,7 bilhões (+50,1% a/a e +14,3% t/t). O EBITDA projetado soma R$ 2,4 bilhões (+29,8% a/a e +16,7% t/t) e o Lucro Líquido do trimestre totaliza R$ 596 milhões (-16,8% a/a e +34,3% t/t) segundo nossas estimativas.
Vamos (VAMO3)
Esperamos um trimestre positivo para a Vamos. Acreditamos que apesar da sazonalidade do setor sucroalcooleiro pesar contra o Yield da companhia no 1º trimestre, a companhia deverá continuar reportando um operacional e margens sólidas. Além disso, diferente do que vemos no segmento de leves, esperamos que a reprecificação dos novos caminhões Euro 6 ajudem a manter o nível de depreciação de boa parte dos caminhões ainda zerado.
Também esperamos incrementos nas receitas vindas do segmento de customização se comparando com o 4T22, visto que a maior parte dos pedidos realizados durante a Fenatran devem ser entregues entre os dois trimestres desse ano.
Por fim, devido ao grande estoque de caminhões Euro 5 comprado pela companhia nos últimos meses do ano passado, acreditamos que a chegada do Euro 6 e sua precificação cerca de 20% maior também deve ter ajudado no segmento de concessionárias. Se observarmos o volume de caminhões emplacados no primeiro trimestre do ano, vemos que cerca de 94% desses foram caminhões que possuem motorização Euro 5.
Esperamos uma receita líquida de R$ 1,6 bilhões (+67,4% a/a e +13,7% t/t) e um EBITDA projetado totalizando R$ 652 milhões (+79,2% a/a e +11,7% t/t). Nosso Lucro Líquido do estimado para o trimestre somou R$ 186 milhões (+50,4% a/a e -30,2% t/t).