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    Publicado em 10 de Maio às 05:00:00

    Localiza (RENT3) | Resultado 1T24: On hold…nas compras e nas margens

    Localiza apresentou resultados mistos no 1T24, superando as expectativas do mercado e em linha com as nossas previsões. Mesmo próxima aos nossos números, observamos mensagens positivas do ponto de vista de volumes e depreciação e mensagens negativas nas margens. Relembramos que estávamos mais pessimistas que o mercado em termos de receita, porém mais otimistas em EBITDA e lucro líquido. A receita líquida consolidada de R$ 8,7 bilhões, ligeiramente maior que às nossas estimativas (+4,6%), ficando abaixo do que o mercado esperava, o EBITDA e o lucro líquido surpreenderam positivamente o consenso, em linha com nossos números (+4,8%).  

    Do lado positivo, destacamos o segmento do RAC que apresentou uma melhora operacional relevante, com um volume de diárias resiliente, beneficiado por repasses de preços e melhor aproveitamento da frota. Esta expansão foi possível graças à operacionalização dos veículos adquiridos em larga escala no 4T23.  A depreciação média anualizada por carro em queda, ficou abaixo das nossas estimativas, R$ 6 mil no RAC e R$ 6,6 mil no GTF, contribuindo para a melhora do lucro líquido.

    As dinâmicas de margens entre os segmentos divergiram das nossas expectativas de maneira negativa. Com o RAC em leve expansão e o GTF em compressão. Essa margem mais fraca no GTF reflete a implementação de novas iniciativas e o aumento expressivo no volume de vendas de carros do segmento (+23,5% t/t e +70,9% a/a), que pode ter gerado maiores custos de preparação. Somados, vimo uma compressão de 0,7pp na margem EBITDA de locação de 66,0%. Além disso,  vimos uma margem EBITDA muito fraca em seminovos (1,9% vs 3,5% no 4T23), reflexo das redução nos preços de venda de carros usados. Outra evidência do momento ruim de mercado, foi a expansão do spread entre os preços de compra e venda de veículos.

    Enxergamos as ações da Localiza negociando a um P/E de 15,6x para 2024, com um lucro projetado de R$ 3,4 bilhões. Seguimos com recomendação de MANTER, com preço-alvo de R$ 60,00.

    Nossa recomendação

    Comparativamente, Localiza agiu de maneira mais cautelosa que a Movida, especialmente na gestão da sua frota. Mesmo que as montadoras sinalizem aumentos de preços no segundo semestre, ainda estamos vendo acomodação de preços de seminovos, o que pode afetar a depreciação nos próximos trimestres. Enquanto sua concorrente seguiu comprando, mais uma vez a Localiza resolveu esperar, reduzindo as compras e acelerando as vendas de carros. No 1T24, vimos os preços médios de venda caindo e os de compra subindo, ilustrando um contexto em que o preço dos carros zero permanecem altos, mas o dos seminovos seguem pressionado. Até onde sabemos, as montadoras têm evitado os descontos e tem majoritariamente cedido em prazo de pagamento. Será que veremos o futuro repetindo o passado?

    RAC: A sequência de crescimento continua

    Confirmando nossas expectativas, a divisão de RAC reportou volume de diárias resiliente, com bom repasse de preços e uma frota operacional maior devido a operacionalização dos carros comprados em larga escala no último trimestre. Vale ressaltar que apesar da queda na frota total não é acompanhada pela operacional e alugada, que apresentam crescimento de 5,3% e 6,0%, respectivamente na comparação trimestral. A diária média ficou em R$ 132, superando nossas projeções. Destacamos também uma evolução na rentabilidade do segmento, a qual atribuímos ao aumento de tarifa. Na comparação anual, nossos números não foram ajustados pelo efeito da alocação dos custos de preparação dos veículos nas divisões de RAC e GTF, antes em seminovos.

    A receita líquida no segmento atingiu a marca de R$ 2.357 milhões (+20,5 a/a e +3,5% t/t), próxima de nossas expectativas. O EBITDA foi de R$ 1491 milhões (+15,1% a/a e +3,5% t/t), com margem de 63,3% (-2,8pp a/a e +0,6pp t/t), um pouco acima de nossas projeções pelo aumento maior que o esperado na tarifa.

    GTF: surpresas ruins nas margens

    O GTF apresentou margens piores que o esperado, apesar de seu caráter estável. Nossas previsões de repasse de preços nas mensalidades e crescimento de volumes foram atingidas e superadas marginalmente no trimestre. O preço médio da diária foi de R$ 90,7, superou nossa projeções em 3,0%. Lembramos que, assim como no RAC, os custos de preparação dos carros foram alocados dentro da divisão, o que tende a margem para baixo. Sua comparação anual é prejudicada visto o efeito do laudo de aceleração da depreciação, que impactou a margem do 1T23 em +5,5pp.

    O segmento de Gestão de Frotas alcançou uma receita líquida de R$ 1.976 milhões (+35,4% a/a e +4,9% t/t), superando em 7% nossas expectativas. O EBITDA foi de R$ 1.368 milhões (+23,1% a/a e +1,5% t/t), com margem de 69,2% (-7,0pp a/a e -2,3pp t/t), refletindo uma rentabilidade um pouco pior que o esperado. Atribuímos essa defasagem com nossas projeções as novas iniciativas associadas a mobilidade, telemetria e oficinas, responsáveis por reduzir a margem em 2,0pp nesse trimestre e ao aumento expressivo no volume de vendas de carros (+23,5% t/t e +70,9% a/a), que pode ter gerado maiores custos de preparação.

    Seminovos: bons volumes, mas queda dos preços machuca as margens

    Ainda que o volume e o preço médio dos carros vendidos tenham superado as nossas expectativas pessimistas, a divisão foi o destaque negativo dentre as três. Conforme indicamos na prévia, a retomada das concessões de crédito para aquisição de veículos no começo de ano foi refletida no bom número de vendas da divisão, com quase 65 mil carros vendidos (+17,7% a/a e +14,9% t/t), 5,2% acima de nossas expectativas. Apesar da maior estabilização de preços dos usados no final de março, vimos a preocupação com a queda sequencial de margens se confirmar, resultado de um começo de ano ruim.

    Com altos volumes, mas margens ainda baixas, o segmento teve uma receita líquida de R$ 4.339 milhões (+27,4% a/a e +16,0% t/t), próxima de nossas expectativas e um EBITDA de R$ 84 milhões (-61,1% a/a e -35,5% t/t), com margem de 1,9% (-4,4pp a/a e -1,5pp t/t), ambos acima de nossas projeções. Atribuímos essa diferença de 0,3pp na margem a um preço médio de venda dos veículos em 2,0% acima do que esperávamos.

    Consolidado

    A figura consolidada do 1T24 registra uma receita de R$ 8.686 milhões (+27,3% a/a e +9,8% t/t), em linha com as expectativas de mercado e um pouco acima das nossas, reflexo dos 3 mil de divergência no número de carros vendidos. O EBITDA foi de R$ 2.920 milhões (+11,3% a/a e +1,4% t/t), com margem de 33,6% (-4,8pp a/a e -2,8pp t/t), em linha com nossas expectativas, porém bem acima da projeção do mercado. Essa queda de margem na comparação trimestral reflete margens operacionais piores em locação e a maior representatividade da receita de seminovos no trimestre devido ao forte volume de vendas. A depreciação média anualizada por carro em queda, ficou abaixo das nossas estimativas, R$ 6 mil no RAC e R$ 6,6 mil no GTF, contribuindo para a melhora do lucro líquido que também ficou razoavelmente acima das nossas estimativas e ainda mais longe das de mercado, totalizando R$ 734 milhões (+40,6% a/a e +4,0% t/t).

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