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    Publicado em 06 de Fevereiro às 18:14:58

    M. Dias Branco (MDIA3) | Conversa com o R.I.: Perspectivas para o médio e longo prazo!

    Pontos de destaque:

    (i) Cenário queda nas principais commodities que compõem o COGS da companhia (trigo e óleo de palma) deve seguir beneficiando as margens; (ii) Crescimento de receita em 2024 deverá vir do crescimento de volumes; (iii) Implementação de novas normas de rótulos de alimentos não tem prejudicado demanda por biscoitos da companhia; (iv) Não devem haver aquisições no curto prazo, foco deverá ser na integração da Latinex e Jasmine; (v) No longo prazo, há a ambição de uma maior internacionalização, inclusive para demais continentes; (vi) Reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 50,00.

    No dia 01/02/23, conversamos com o Fabio Cefaly, diretor de R.I. e de Novos Negócios da M. Dias Branco desde outubro de 2016. A conversa foi proveitosa e tratou, principalmente, sobre as perspectivas de médio e longo prazo da companhia.

    Em nossa visão, a companhia deverá surfar bem a queda nas principais commodities que compõem o seu COGS (trigo e óleo de palma), e, assim, entregar margens sequencialmente melhores em 2024. Além disso, esperamos que a M. Dias Branco siga avançando em marcas premium e recuperando o market share perdido no período da pandemia, sobretudo no segmento de biscoitos no nordeste.

    Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 50,00.

    Operacional

    Após uma forte alta de commodities, o cenário melhorou. Tanto o trigo quanto o óleo de palma subiram consideravelmente em 2021 e 2022, mas, ao longo do 2023, entraram em tendência de queda. A companhia vem capturando essa queda gradualmente em suas margens. No final de 2023, e no início de 2024, temos visto um cenário de estabilidade, com leve tendência de queda. Essa reversão no cenário de custos já vem beneficiando a companhia, e tende a beneficiar cada vez mais nos próximos trimestres.

    Posição de hedge se encontra dentro da normalidade. O hedge atual da companhia se encontra dentro do esperado. Somando os estoques correntes, com contratos de compra com entrega física com preço fixado e derivativos, as necessidades da companhia se encontram cobertas por ~4 meses, tanto para o trigo quanto para o óleo de palma.

    Crescimento de receita em 2024 deve vir oriunda de volumes. Em 2024, esperamos que a companhia entregue um crescimento de receita na base anual, em virtude de maiores volumes, os quais devem ser viabilizado por uma precificação adequada e uma demanda resiliente. Enxergamos os preços médio de venda flat em relação a 2023. Acreditamos ainda que o crescimento de volumes de venda deve ser um dos temas mais prioritários para a companhia neste ano.

    Vale notar que a companhia se preparou com antecedência para a implementação de novas normas relativas aos rótulos dos alimentos em 2022, as quais envolvem dados sobre quantidades de açúcar, sódio e gordura dos produtos alimentícios, de modo que o rótulo não aparecesse em seus produtos (mudando formulação, insumos e composição dos itens). Assim, não foi perceptível uma queda na demanda por biscoitos da M. Dias Branco com a implementação dessas novas normas, o que vemos com bons olhos.

    Melhora de mix é ponto relevante a ser monitorado. A companhia possui a ambição de melhorar o mix, focando no avanço em marcas premium, como a Piraquê, mas sem reduzir o volume de vendas de marcas de entrada, como Maria Maisena. Acreditamos que esse seja um ponto importante de se monitorar na tese da companhia.

    Redução da dependência da companhia no Nordeste, enquanto mantém o foco na recuperação de market share na região. A M. Dias Branco visa reduzir sua dependência da região Nordeste, crescendo volumes de venda nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por meio de iniciativas como mais pontos de venda, marketing e aquisições que conversem com níveis de renda mais altos, enquanto mantém suas operações no Nordeste gerando caixa e, por meio de um melhor posicionamento de preço, recuperando o market share perdido nos últimos 3 anos.

    Gostamos dessa estratégia, uma vez que, ao passo que vemos uma maior diversificação regional da companhia como algo fundamental e mitigante de riscos, acreditamos ser importante a companhia seguir focada em recuperar share na região em que ela possui maior força de marca e poder de negociação, e vemos isso como uma das principais metas para a companhia em 2024.

    Aquisições e internacionalização

    Não deve haver aquisições no curto prazo, uma vez que o foco ainda se encontra na integração das últimas aquisições. Vemos a chance de novas aquisições no curto prazo como bastante baixa, ainda que a companhia venha se desalavancando por meio de uma forte geração de caixa (oriunda de resultados mais fortes e liberação de giro). O foco atual da M. Dias Branco se encontra em integrar a aquisição de Latinex e Jasmine em seu ecossistema, uma vez que a Las Acacias já se encontra integrada.

    Tanto a Latinex quanto a Jasmine se encontram em fase inicial de aquisição. A companhia uniu as plantas de ambas as empresas, realizou mudanças nos times de ambas, e alocou um diretor oriundo da M. Dias para liderar a Latinex e a Jasmine, como uma liderança separada do restante da equipe da M. Dias Branco. Esperamos ver resultados mais evidentes dessa integração no crescimento de receita da companhia ao longo de 2024.

    No médio prazo, M&As que atendam as três avenidas de crescimento da companhia, core business (ataque e defesa), novas categorias e internacionalização, podem vir a ocorrer.

    Las Acacias tem sido uma importante fonte de aprendizado sobre internacionalização. A aquisição das Las Acacias foi o 1º passo de um ambicioso plano de internacionalização da M. Dias Branco no longo prazo. Esperamos que a Las Acacias cresça gradualmente ano após ano, e mantenha uma margem EBITDA interessante de ~13% a ~14%, e acreditamos que a decisão de começar o processo de internacionalização pelo Uruguai foi acertada, uma vez que se trata de um mercado estável e maduro. Destaque ainda para o fato de que a companhia já tem conseguido comprar trigo mais barato no Uruguai, devido ao seu poder de negociação.

    Em um horizonte de longo prazo (~10 anos), a companhia possui a ambição de avançar além da América Latina, mas ainda é difícil dizer o quanto as unidades internacionais poderão vir a representar do faturamento total da companhia. Em termos de possíveis regiões para se expandir, acreditamos que duas regiões interessantes seriam a Península Ibérica (entrada na Europa) e algumas localidades da África (para as quais a M. Dias já exporta). Dentro da América Latina, vemos a companhia avançando, no longo prazo, apenas para países mais previsíveis e com menos instabilidade política, como foi com o Uruguai.

    Nossa visão e recomendação

    Para os próximos trimestres, projetamos uma expansão sequencial de margens, em virtude da tendência de queda observada no trigo e óleo de palma, cujos efeitos acreditamos ainda não terem sido capturados em sua totalidade pela companhia. Isto somado a (i) uma demanda resiliente por massas e biscoitos; (ii) uma demanda crescente por alimentos saudáveis como os produzidos pela Jasmine e Latinex;  e (iii) uma maior integração dessas últimas aquisições, nos ajuda a manter o otimismo com os papéis.

    Outros dois fatores que nos mantém com um viés favorável para o papel são (i) a perspectiva de uma melhora no mix de marcas, pautado pelo avanço das marcas premium, em especial nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste) e (ii) uma eventual recuperação do market share do segmento de biscoitos no Nordeste em 2024.

    Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 50,00.

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