Assim como o ano de 2021 como um todo, o 4T21 da Marfrig foi um trimestre marcado por recordes históricos para a companhia. Mesmo com números extraordinários, seguimos com nossa recomendação de MANTER para a companhia, com preço-alvo de R$ 25,00. Depois de viver um ano em que tudo deu certo para a empresa, esperamos ver um ano de mais normalização em 2022. Ainda que enxergamos potencial de bons resultados e uma forte capacidade operacional, acreditamos que o crescimento será desafiador por conta de uma base comparativa muito forte em 2021.
Análise do resultado
Já estimávamos bons números para o trimestre, acima das previsões do consenso de mercado, e mesmo assim fomos surpreendidos positivamente com a performance da empresa. Para o EBITDA, tínhamos previsto R$ 3,7 bilhões, o que já era bastante acima dos R$ 2,9 bilhões do consenso de mercado, e a Marfrig atingiu R$ 4,3 bilhões, implicando um crescimento de 98,1% na comparação com o 4T20. O lucro foi de apenas R$ 650 milhões, uma redução de 44,5% a/a e abaixo tanto do consenso quanto da nossa estimativa, porém pode ser explicado pelo efeito contábil (não caixa e não relacionado com operações) da participação na BRF, que soma 33,2% do total das ações da empresa e a ação da BRF sofreu muito durante o trimestre. Quando olhamos para a receita, vimos um crescimento de 31,1% a/a para o 4T21, fortemente impulsionado pela divisão da América do Norte, que somou 75% da receita total e teve crescimento de 41,5% quando comparado ao mesmo período em 2020.
O cenário global… e 2022
O cenário nos EUA para o mercado de carne bovina em 2021 foi ideal para os frigoríficos com operações no país. A tendência continuou no quarto trimestre do ano, com uma oferta decente de gado e uma demanda muito forte por carne, os preços da carne se mantiveram muito elevados e a população continuou comprando, impulsionada pela retomada da economia e estímulos fiscais do governo americano.
Contando 75% da receita da empresa sendo originada nos EUA, mais de 50% da operação no Brasil é de exportação e 88% da receita total em dólar, o frigorífico tomou proveito dos ventos soprando ao seu favor e atingiu um resultado excelente.
Para 2022, pensamos que será muito difícil o frigorífico manter essas margens, que são bastante acima do patamar histórico da própria empresa e de suas concorrentes no setor. O ciclo nos EUA deve começar a virar ao longo do ano e esperamos ver uma normalização na dinâmica de oferta e demanda no país Norte-Americano. Já para suas operações no Brasil, o cenário para exportação de carne bovina segue positivo, pois espera-se que a disponibilidade de gado melhore gradualmente e a demanda Chinesa por carne bovina brasileira voltou à todo vapor desde que a suspensão de importação do produto brasileiro foi removida.