O ciclo positivo de carne bovina nos EUA está chegando no seu fim, porém a Marfrig ainda está se aproveitando do que julgamos ser o final do ciclo e continua reportando bons números. Ainda assim, na sua divisão de negócio na América do Norte (que corresponde por cerca de 75% de sua receita total, excluindo a receita vindo da BRF), vimos uma queda de 11% de receita, por conta de volumes mais fracos. Esperamos que essa queda seja mais acentuada nos próximos trimestres, o que nos leva a ter uma postura mais conservadora quanto ao futuro da empresa pensando em 2023. Sua operação na América do Sul vem mostrando bons sinais de melhoria, embora tenha menos relevância nos números consolidados da companhia. Apesar de não ter queimado caixa no trimestre, enxergamos a geração de caixa livre da companhia como fraca, com o número chegando em R$ 288 milhões no trimestre. Olhando a questão de valuation, a empresa está sendo negociada ao múltiplo EV/EBITDA 2023E em pouco menos de 4x, o que consideramos barato quando comparado com a média histórica do frigorífico. Contudo, por conta da perspectiva mais fraca nos EUA, estamos mais conservadores com o papel. Nossa recomendação para a Marfrig fica em MANTER, com preço-alvo de R$ 12,00.
Antes de comentar nos números do 3T22, vale ressaltar que a nossa análise e estimativas foi feita somente das operações da Marfrig, excluindo os efeitos da BRF na receita da companhia. Em termos gerais, o resultado foi bastante em linha com o que esperávamos. Vimos a receita da Marfrig atingir R$ 22,4 bilhões no trimestre, representando um leve declínio de 5% em relação ao mesmo período do ano passado e também um pouco abaixo da nossa estimativa de 24,2 bilhões, o que não consideramos ser muito relevante. Já o EBITDA chegou em R$ 2,4 milhões, em linha com a nossa expectativa e uma forte queda de 49% quando comparado ao 3T21. Essa queda aconteceu por conta do que explicamos no primeiro parágrafo, com a virada do ciclo do gado nos EUA. Isso também fica evidente na margem EBITDA, que caiu 9,2 p.p. a/a, chegando a 10,8% no trimestre. Conforme mencionamos, apesar de que essas quedas são esperados por conta da forte base comparativa do ano passado, ainda pensamos que essa tendência seguirá afetando as operações da companhia de forma negativa.