Os resultados da companhia foram acima do esperado em todas as frentes. O prejuízo do trimestre foi de apenas R$ 3,2 milhões, enquanto o mercado estimava cerca de R$ 6 milhões. O resultado líquido deste trimestre representou uma reversão do prejuízo de 88,8% em relação ao trimestre anterior e não houve benefício fiscal ou outras situações não recorrentes. Estamos recomendando a COMPRA das ações da companhia, pois acreditamos que nos atuais preços negociados de R$ 2,71, o preço das ações se encontra descontados e possuem um potencial de valorização de mais de 30%, frente ao preço alvo estipulado de R$ 3,90.
A receita líquida de R$ 850 milhões (+10% vs.4T20) foi 5,5% menor que a do 4T19 pois apesar da igualdade das operações de varejo, as carteiras da MBank ainda estão em processo de recomposição e ainda não atingiram os níveis pré-pandemia.
Varejo: boa performance apesar das adversidades
A receita líquida de mercadoria atingiu R$ 702,2 milhões (+6% vs.4T20), em linha com a receita do 4T19. O SSS reportado foi positivo de 7,3% (vs. 4T20) e de 3,6% (vs. 4T19). A companhia ainda foi impactada pela queda do fluxo de pessoas em lojas de rua e pela alta da inflação que prejudica o poder de compra do público-alvo C e D. Mas apesar dessas adversidades sistêmicas, os resultados surpreenderam com as pequenas melhoras operacionais que trouxeram assertividade da coleção, adequação dos estoques e eficiência de custo.
O NPS continua relativamente alto em torno de 75%. O canal digital continua com uma boa performance, mas com tendência de desaceleração. Em relação ao tri passado, o crescimento foi mais de 11%, com o aplicativo sendo o principal propulsor de vendas, atingindo no ano cerca de 13 milhões de downloads. Vale destacar que o canal digital tem tido uma boa percepção de custo-benefício entre os clientes, que está de acordo com a proposta de valor de negócios da companhia.
Apesar da leve compressão de margem bruta de 1,5 p.p. vs. 4T19 frente a maior aplicação de dinâmicas promocionais, a companhia conseguiu reportar um EBITDA do varejo de R$ 22,9 milhões, acima do esperado dado a efetividade dos projetos de adequação de despesas, como automação, adoção de novas formas de trabalho e negociação de contratos. Isso mesmo diante dos novos investimentos no canal digital.
MBank: Em tendência de recuperação, com risco à vista
A receita líquida de serviços financeiros atingiu R$ 148,7 milhões (+32% vs.4T20 e -22,5% vs.4T19). Os produtos financeiros seguem em recuperação e ainda não atingiram os níveis pré-pandemia. O produto que merece destaque é o empréstimo pessoal, pois a receita do 4T21 já ficou relativamente acima do 4T19, frente a uma política de crédito mais liberal. Só que os indicadores de inadimplência (EFFICC) tiveram uma ligeira alta tanto nos serviços de Private Label como no de EP, sendo um ponto de atenção aos próximos resultados da companhia.
Considerando os resultados do varejo e da financeira tivemos um EBITDA consolidado de R$ 117 milhões, acima das expectativas de mercado e da Genial. Dentre os fatores que contribuíram para esse resultado destaca-se a boa performance do varejo no que tange a vendas e a eficiência operacional relativa à redução de custos.
O endividamento da companhia é elevado com uma alavancagem de 8,7x dívida líquida/EBITDA ajustado, o que também demonstra um ponto de cautela futuro. Apesar da alta alavancagem a companhia conseguiu melhorar o perfil da dívida estendendo o prazo de pagamento, e mesmo com a rolagem da dívida e aumento das despesas financeiras a companhia conseguiu encerrar o trimestre com prejuízo de R$ 3,2 milhões, bem abaixo do consenso de mercado e das estimativas da Genial.
Na nossa perspectiva a rolagem da dívida realizada tanto na Marisa quanto na MBank, além da bem sucedida subscrição de capital de R$ 250 milhões, darão liquidez e fôlego aos investimentos que a companhia pretende realizar nos canais digitais e nas lojas físicas. No entanto, por conta da incerteza eleitoral e geopolítica ainda acreditamos que estes investimentos serão cirúrgicos. Há uma necessidade de cautela da companhia diante da alta volatilidade do mercado frente aos altos níveis de endividamento. Cabe salientar aqui que a companhia está rolando a dívida e não arcando com as suas obrigações.
Apesar da performance operacional do 4T21 ter sido acima do esperado, é importante relembrar que no começo de 2022 tivemos uma deterioração no cenário econômico com conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia que culminou na alta do preço do petróleo, piorando a perspectiva da inflação. Por isso, mantemos nosso preço-alvo de R$ 3,90, mas estamos mudando nossa recomendação para COMPRAR, pois os atuais preços de tela estão descontados do valor justo da companhia.