MERCADO LIVRE

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    Publicado em 29 de Outubro às 21:10:00

    Mercado Livre (MELI34) | Resultado 3T25: GMV acelera, lucro escorrega

    O trimestre veio em linha com a estratégia que a companhia vem comunicando desde o início do ano. O topo do resultado foi entregue acima do que o mercado projetava, enquanto a base permaneceu pressionada pelos investimentos em preço de entrega e pela composição de receitas.

    Em base FX-Neutral, o GMV alcançou US$ 16,54 bilhões (+28,2% a/a; +2,3% t/t; +1,2% vs. Est. Genial e +2,3% vs. consenso da Bloomberg) e a receita consolidada somou US$ 7,41 bilhões.

    Embora a receita tenha vindo dentro do esperado (+1,4% vs. Est. Genial), a pressão foi mais forte do que prevíamos nas margens, refletindo maior renúncia de frete e um mix mais leve, além de vendas e marketing acima de nossa projeção. Na Argentina, a combinação de hiperinflação e câmbio elevou a alíquota efetiva e o resultado financeiro, comprimindo o lucro operacional e lucro líquido aquém do cenário que projetávamos.

    O lucro líquido foi de US$ 421 milhões (+6,0% a/a; -19,5% t/t; -4,8% vs. Est. Genial e -13,8% vs. consenso da Bloomberg), impactado por alíquota efetiva mais alta, sobretudo na Argentina (normalização da hiperinflação).

    A carteira de crédito fechou o trimestre em US$ 11,0 bi (+83,0% a/a), com NPL 15–90 em 6,8%, estável no trimestre. Qualitativamente, o ciclo segue puxado por cartão de crédito no Brasil, com emissão recorde e inadimplência da 1ª parcela em mínima histórica, o que sustenta a tese de crescimento com qualidade.

    A margem financeira líquida após perdas (NIMAL) ficou em 21% (-2 p.p. t/t), explicada sobretudo por funding mais caro na Argentina (ex-AR, a compressão seria <1 p.p.). Em linha com isso, vemos provisões proporcionais ao avanço do portfólio, sem sinais de deterioração de coortes, mas com vigilância para mix de cartões e custo de captação.

    Tabela 1: Comparação entre o resultado consolidado pelo Mercado Livre e expectativa Genial para o 3T25 (US$ milhões).

    Brasil: investimento agora, aceleração no topo já visível

    O trimestre foi marcado por uma disputa intensa no e‑commerce brasileiro. A Shopee voltou a comprar tráfego com campanhas agressivas em categorias de menor ticket; a Amazon reforçou o fulfillment, oferecendo condições atrativas a novos sellers.

    A redução do valor mínimo para frete gratuito de R$ 79 para R$ 19 elevou conversão e frequência nas compras de menor valor, o que impulsionou a base de compradores (aumento de 6 milhões t/t) e a quantidade de itens vendidos (aumento de 68 milhões t/t).

    Mesmo com mais envios no Brasil (+28% t/t), o custo unitário de frete caiu ~8% t/t (moeda local), sinal de escala e melhor orquestração da camada ‘slow’. Esse ganho de escala não cria receita diretamente, mas viabiliza a manutenção de uma política comercial mais agressiva com menor sacrifício de margem.

    Argentina: execução em andamento, mas ainda pressão no P&L

    A Argentina continua como a principal fonte de ruído no resultado. Nos surpreendeu negativamente a receita de e-commerce recuar 5% t/t, uma vez que esperávamos um top line mais construtivo, apesar de um impacto contábil na alíquota fiscal do grupo dado a normalização do regime hiperinflacionário.

    No trimestre, o segmento de e-commerce avançou 69,4% a/a e o de fintech 81,1% a/a. Destaque para a companhia adicionando quase 1 milhão de novos compradores por trimestre no ano, reforçando a proposta de valor frente ao varejo físico (ainda ~85% do mercado).

    México: um outro trimestre “limpo”

    No México os sinais caminham na mesma direção, respeitadas as particularidades locais. O custo unitário de fulfillment atingiu mínima histórica em moeda local, com queda de ~12% a/a. Os itens vendidos cresceram 42% a/a e o GMV em moeda constante avançou 34% a/a.

    No trimestre, a receita do segmento de e-commerce aumentou 38,4% a/a e o de fintech cresceu 55,6% a/a. A correlação entre melhor serviço e crescimento sustentado aparece sem exigir uma dose maior de subsídio, o que reforça a leitura de que a escala é o principal vetor de eficiência na região.

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