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    Publicado em 16 de Maio às 22:06:07

    Magazine Luiza (MGLU3) | 1T22: O lucro ficou abaixo do esperado. E agora?

    “É que o de cima sobe e o de baixo desce.”

    Não é novidade que o varejo tem passado por um momento complicado. O “top line” do Magalu veio conforme esperado. Nos surpreendeu, positivamente falando, a evolução da margem operacional nesse trimestre. Por outro lado, uma maior despesa financeira fez com que o lucro líquido da companhia ficasse 23% abaixo do estimado.

    Mantemos a nossa recomendação de COMPRA para as ações do Magalu, no entanto, estamos reduzindo o preço-alvo de 2022E para R$ 6 (ante R$ 8).

    Faturamento

    Magazine Luiza reportou um crescimento anual de 12% nas suas vendas totais, a R$ 14,1 b, o número vem bem em linha ao já esperado pelo nosso modelo, ficando 1% acima de nossa expectativa.

    No entanto, apesar de a cifra estar em linha do esperado, a dinâmica entre as linhas de varejo nos surpreendeu, com as lojas físicas (lojas tradicionais e virtuais) performando 2,7% acima de nossa expectativa.

    As operações das lojas físicas apresentaram um GMV de R$ 3,9 b, mostrando grande recuperação sequencial de suas lojas convencionais.

    As operações de e-commerce performaram 1,1% abaixo do esperado pelo nosso modelo, atingindo um GMV de R$ 6,5 b.

    O que vimos acontecer nesse trimestre deve ser uma dinâmica do que provavelmente se repetirá ao longo do ano: um crescimento uniforme entre as suas linhas. Após a base do e-commerce cresceu quase 150% em dois anos, Magalu criou uma base comparativa que é mais dificíl de dobrar.

    Ver essa linha performando em forte alta seria maravilhoso, de verdade, no entanto, devemos ser enfático em dizer que: este não é o grande foco do Magalu agora.

    Como assim? 🤔

    Bom, assim como as outras empresas de varejo (Via, Americanas, Mercado Livre, Amazon, etc), a mentalidade de crescimento à qualquer custou ficou lá em 2020. Em 2022, vemos o varejo muito mais racional, focado em manter o crescimento de suas linhas sem comprometer margens.

    Olhando um pouco mais a fundo para as linhas de e-commerce, continuamos a ver uma dinâmica de forte crescimento na comercialização do marketplace (3P), evoluindo 50% a/a e faturando um GMV de R$ 3,7 b.

    O número é reflexo de um superapp eficiente, que tem evoluído bastante na oferta de novas categorias de produtos (destaques para KaBum!, AiQFome, Netshoes e Época Cosméticos) e serviços (MagaluAds e Parceiro Magalu).

    E as margens?

    Margem Bruta

    A margem operacional do Magalu mostra uma dinâmica de forte recuperação nesse trimestre. Esperávamos uma compressão anual de 30 pontos-base (bps) na margem bruta do 1T22, mas, para nossa surpresa, a varejista conseguiu evoluir em 270 bps a sua linha operacional.

    A margem bruta de 27,8% demonstra que o Magalu conseguiu cumprir com seus dois grandes propósitos no trimestre: (i) melhor monetização de sua estrutura de marketplace e (ii) trocar volume por margem.

    Mesmo considerando as promoções do período (retorno do saldão Magalu em janeiro), a varejista tem conseguido repassar gradualmente a inflação de custos ao consumidor final. E, falando em liquidação, “ela” liquidou geral: Magalu reduziu em mais de R$ 1 b o saldo de estoques nesse trimestre.

    Margem EBITDA

    É, não deu para fugir do impacto inflacionário do período e, infelizmente, não vimos um ganho de produtividade salvando a linha de despesas com vendas ainda nesse primeiro trimestre (não pegou a referência?). A margem EBTIDA ajustada recuou 20 bps, atingindo 5,2% nesse 1T22.

    Margem Líquida

    Pressionado por um resultado financeiro líquido mais pesado, que passou de 2,1% da receita líquida para 4,8% nesse trimestre, a última linha do Magalu ficou no vermelho – com um tom mais forte do que o esperado pelo nosso modelo.

    Em um período de 1 ano, vimos a Selic média sair de 2,4% para pouco mais de 10%, um aumento de 8 pp. Apesar de não manter uma estrutura tão alavancada quanto a Via, o Magalu não deixou de sentir essa forte variação em suas despesas com dívidas. Doeu, e não foi pouco!

    Diante de um custo de capital de terceiro mais caro, os juros de empréstimos e financiamentos saltaram mais de 1.100% a/a.

    Ajustada a efeitos não recorrentes de (R$ 62,5 m), o lucro líquido da companhia foi de R$ 98,8 m no trimestre. A linha não ajustada ficou ainda mais amarga, apresentando um prejuízo de R$ 161 m.

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