MAGAZINE LUIZA

    Ações > E-Commerce > MAGAZINE LUIZA > Relatório > Magazine Luiza (MGLU3) | 4T21: É hora de comprar Magalu?

    Publicado em 14 de Março às 23:27:00

    Magazine Luiza (MGLU3) | 4T21: É hora de comprar Magalu?

    Acionista de MGLU3 em 2021. Hold the door!

    Águas de março fechando o verão

    Faltando seis dias para o encerramento da estação mais quente do ano, o Magazine Luiza é a última empresa com forte exposição ao e-commerce a reportar o balanço para o 4º trimestre de 2021. E aqui vai um spoiler: os números são de gelar a espinha.

    Após um ano de 2020 glorioso, a queda. Não deve ser novidade para você que o setor de e-commerce não passa nada bem. Se você está acordando de um sono profundo, dá só uma olhada no desempenho da Magalu entre 2020 e 2022.

    Se um acionista tivesse comprado as ações MGLU3 no 1º pregão de janeiro de 2020 e tivesse segurado até a última sexta-feira (11), ele teria visto seu capital derreter em 79,2%.

    Ok, mas sejamos sinceros, -79% não é nada comparado ao acionista que comprou Magalu no 1º pregão de 2016. Este felizardo teria multiplicado seu capital em incríveis 11.280% até a última sexta-feira. Modus operandi: longo prazo!

    Mas, quem vive de passado é museu. Vem com a gente para entender os principais destaques do 4º trimestre de 2021 e a nossa perspectiva da companhia para 2022.

    Ecossistema Magalu: (1) Varejo (2) Logística (3) Financeiro (4) Conteúdo (5) Tecnologia

    4º trimestre em pauta

    No meio do caminho, uma inflação

    Sazonalmente, o 4º tri costuma ser bastante positivo para as varejistas. O período reúne datas comemorativas de grande movimentação, como Dia das Crianças, “Black Friday” e Natal.

    No entanto, 2021 foi um ano atípico. O mundo teve que conviver com problemas de gargalo logístico no período “pós-pandemia”. O impasse entre a oferta e a demanda causou um efeito dominó, elevando preços de fretes marítimos, aluguéis de contêineres e, também, os preços de petróleo.

    Não bastasse este cenário caótico, o varejo ainda precisava lidar com um problema interno: o forte aperto da política monetária. Vimos o Banco Central elevar rapidamente a taxa Selic no 4º trimestre de 2021, de forma a ancorar as expectativas de uma descontrolada inflação.

    A taxa Selic saiu de 6,25% em out/21 para 9,25% em dez/21. Para infelicidade do varejo, o aperto monetário não parou por aí. Em janeiro de 2022, a taxa subiu para 10,65% e promete ter espaço para uma maior elevação, principalmente após início do conflito entre Rússia e Ucrânia. O mercado já precifica uma Selic de quase 12,50% em 2027.

    O varejo não-alimentar é um dos setores mais afetados nesse cenário de deterioração do poder de compra do consumidor, e o Magalu não conseguiu escapar disso.

    Diante desse cenário aqui descrito, já esperávamos uma desaceleração nas vendas e no lucro da varejista para o 4º trimestre. Assumimos o 3º trimestre como um forte “proxy” do que seriam os resultados dos próximos três meses – e também de 2022.

    Em uma análise geral, os resultados para o “top line” (receitas) vieram 9% abaixo do que esperávamos, enquanto o lucro líquido veio em linha ao que estimávamos, com forte impacto da linha de receitas financeiras, que mais que dobrou ano contra ano.

    Segue com a gente e confere os principais destaques do trimestre.

    GMV e Receita líquida

    As vendas totais, incluindo todas as operações de lojas físicas (tradicionais e virtuais) e e-commerce (1P+3P), caíram 7,6% na comparação anual. O maior responsável por essa queda foram as unidades físicas. Abaixo, destrinchamos o GMV (Volume Bruto de Mercadoria) por canal.

    🏪 GMV Lojas físicas: R$ 4.41b | 🔴 18,4% a.a.

    🛒 GMV E-commerce: R$ 7,00 b | 🟢 0,9% a.a.

    Em nossa estimativa, esperávamos uma desaceleração de 11% nas receitas oriundas das operações físicas, impactadas pela deterioração do cenário macro já descrito e, também, pela forte dependência de produtos brancos deste canal. Este foi o ponto de maior divergência entre o estimado vs. consolidado.

    Apesar de ainda manter grande dependência ao departamento de eletroeletrônicos, precisamos chamar a sua atenção para grande evolução na venda de produtos de ‘cauda longa’. Em 2021, eles foram responsáveis por R$ 12 b de receita bruta do e-commerce – representando 45% de vendas desse canal.

    Na passarela, quem brilhou nesse desfile foram as categorias de moda e esporte. Impulsionada pela Netshoes, e com uma “ajudinha” do Hubsales, esses segmentos foram responsáveis por R$ 5 b de vendas em 2021.

    O Magalu tem dado uma atenção especial para essas categorias. Em outubro do ano passado, a varejista lançou sua marca própria de moda, a Vista, com mais de 700 modelos. E, quatro meses depois, negociou parceria com um hub de conteúdo “Nordestesse”, com objetivo de promover pequenas marcas na região do Nordeste do Brasil.

    Consolidando as receitas do varejo e da fintech (Magalu Pagamentos), a varejista viu sua cifra diminuir 6,6% ano contra ano, atingindo R$ 9,4 b.

    Apesar das receitas de serviço financeiro crescer 37% no período, não foi suficiente para cobrir o impactado na diminuição de vendas dos produtos de bens duráveis do varejo (ticket maior).

    Lucro bruto

    O lucro bruto do Magalu recuou 4,5% a.a, para R$ 2,37 b. Impactado por um aumento de custos das mercadorias (mood inflação), a varejista conseguiu elevar sua margem bruta em 60 pontos-base, para 25,3% no período.

    Indo na contramão do esperado, uma vez que as vendas digitais ganhou ainda mais participação no GMV total, a “mágica” veio de seu braço fintech: Magalu Pagamentos.

    O MagaluPay adicionou 788 mil novas contas no 4º trimestre de 2021, alcançando a marca de 4,8 m de contas abertas.

    Olhando para o faturamento dos cartões, o grande destaque foi para o forte aumento fora do ecossistema da Magalu. Só no 4º tri, o TPV dessa linha foi de R$ 10 b, representando uma alta de 53% ano a ano. O número serve para reforçar a importância que a marca “Magalu” tem no cotidiano de seus clientes

    Lucro líquido

    O combo de maiores despesas operacionais somado a um aumento na cifra de resultado financeiro líquido foi o suficiente para fazer com que a última linha do balanço do Magalu fosse negativa em R$ 79 m. Em uma base anual, a margem líquida ajustada caiu 3,1 pontos percentuais.

    Devido à desaceleração das receitas e ao forte impacto do aumento da taxa Selic, já esperávamos uma cifra negativa para o lucro líquido, em (R$ 84 m).

    De forma a resumir os principais pontos, separamos a tabela abaixo para você.

    E agora, é hora de comprar MGLU3?

    Essa é a pergunta que vale meio milhão de dólares. Com uma queda expressiva de 79% desde a sua máxima histórica, será que o Magazine Luiza voltará a ser negociada próximo à casa dos R$ 20,00?

    Bom, não acreditamos nisso. Pelo menos não no curto prazo. As ações do Magalu estavam sendo negociadas a um preço irracional, onde o mercado chegou a pagar múltiplos de preço/lucro de 413x e EV/GMV de 3,2x em 2020.

    Apesar de grandes desafios a serem vencidos no curto prazo, principalmente em relação ao cenário macro brasileiro, que manterá as margens e custos da empresa pressionadas em 2022, acreditamos que o forte sell-off do varejo deixaram oportunidades para o carrego de longo prazo.

    Olhando para um EV/GMV consolidado dos últimos três anos, MGLU3 negociava a uma média de 2,2x. Atualmente, Magalu está sendo negociado abaixo de 1,0x EV/GMV (0,92x para ser mais exato).

    Acreditamos que este pode ser um bom ponto de entrada para o longo prazo. No curto prazo, o ruído e volatilidade devem se manter presente no varejo como um todo.

    Avaliando através do fluxo de caixa descontado, e considerando um crescimento na perpetuidade de 5,5%, acreditamos que o preço justo para Magalu em 2022 seja de R$ 8,00, o que implica um potencial upside de 50% frente ao fechamento do pregão em 14 de março.

    Acesse o disclaimer.

    Leitura Dinâmica

    Recomendações

      Vale a pena conferir