Encerrado o pregão dessa quinta-feira (9/mai), Magazine Luiza reportou os números referentes ao 1º trimestre de 2024. Gostamos do resultado! Ao encabeçar a ideia de que o crescimento da companhia não deveria vir a qualquer custo (algo que ficou para trás junto a uma Selic de 2,0%/ano), começamos a ver os efeitos positivos dessa mentalidade já no bottom line.
Pelo 2º trimestre consecutivo, Magalu apresentou uma margem EBITDA aj. acima do patamar de 7,0% e lucro líquido − vale destacar que o 1º trimestre do ano não costuma ser um período que traz grande alavancagem operacional para o setor e, ainda assim, a companhia tem mostrado a sua racionalidade em se manter rentável e a sua capacidade em repassar preço.
E se? E se déssemos um voto de confiança a essa tese de crescimento no e-commerce? Negociando a 28,0x P/E 24E e 15,0x P/E 25E, não é um valuation “barato”, mas pode trazer um bom potencial de risco e retorno à carteira (em doses comedidas). Estamos movendo Magazine Luiza para COMPRA, com preço-alvo 12M inalterado, em R$ 2,60 − o que implica em um potencial upside de 56,0% em relação ao fechamento do último pregão.
Apesar de vermos um aumento de newsflow referente à briga entre os irmãos Kabum e o Frederico Trajano, atual CEO do Magazine Luiza, acreditamos que o impacto para Magazine Luiza é nulo. Virou mais uma briga entre CPFs e não deve trazer riscos de provisões ou cancelamento da aquisição.
Outro ponto considerado para elevarmos a recomendação de Magalu diz respeito à estrutura de capital da companhia.
Em janeiro, a companhia havia quitado o montante e juros relativo à 9ª Emissão de Debênture (R$ 900 milhões). Ao longo de abril (ainda sem entrar no resultado desse 1º trimestre), a companhia eliminou de fato todo Empréstimo e Financiamento dos próximos 12 meses, realizando o pagamento de R$ 2,1 bilhões − também incluindo os juros devidos.
Com a próxima dívida vencendo apenas ao final de 2025 e uma taxa Selic em desaceleração (mesmo que em um ritmo menor do que o estimado pelo mercado no início de 2024), acreditamos que isso abrirá espaço para maiores suspiros da última linha do Magazine Luiza ao longo dos próximos trimestres.
E mais… Com a LuizaCred (joint venture entre Magalu e Itaú) dando lucro líquido pelo 2º trimestre consecutivo, os controladores aprovaram um aumento de capital na crediária da companhia, em um montante de R$ 400 milhões, mediante a emissão de novas ações.
Além disso, o Itaú e Magalu concordaram em deliberar um 2º aumento de capital no valor de R$ 600 milhões. Essa operação será concluída após ambas as partes finalizarem a estruturação de um instrumento de financiamento e devem impulsionar a originação de crédito e, consequentemente, impulsionar vendas ao longo do 2º semestre.
A seguir, a análise dos principais números do 1º trimestre de Magazine Luiza.
Como já esperado, lojas físicas é o grande destaque
Com a Americanas (AMER3) em recuperação judicial e o Grupo Casas Bahia (BHIA3) em processo de equalização de dívidas e despesas, já acreditávamos que Magalu tinha em mãos uma “tempestade perfeita” para abocar ainda mais market share em lojas físicas ao longo dos próximos trimestres.
O número veio exatamente em linha à nossa estimativa, com um GMV de R$ 4,5 bilhões (+8,0% a/a; -0,9% vs. Est. Genial) e uma forte recuperação de Same Store Sales, em 9,0% a/a (-10bps vs. Est. Genial).
GMV On-line desacelera
Diante de um crédito mais escasso para impulsionar o canal 1P e uma base comparativa difícil de ser batida para o marketplace, o volume bruto de vendas do digital cresceu menos do que as lojas físicas, movimentando um GMV de R$ 11,4 bilhões (+1,3% a/a; +0,6% vs. Est. Genial).
Contudo, frisamos o fato de, mesmo com essa desaceleração, Magazine Luiza não está perdendo market share no on-line. Enquanto o canal 1P on-line desacelera em -2,0% a/a, dados da Neotrust indicam que o mercado recuou 3,6% a/a no mesmo período.
Mais um ótimo trimestre para margem bruta
Após o repasse de +250bps a/a relativo ao Difal em margem bruta, a companhia mostra que tem em mãos a capacidade em repassar preço ao consumidor. O lucro bruto da companhia foi consolidado em R$ 2,7 bilhões (+11,5% a/a; +0,6% vs. Est. Genial) e uma margem bruta de 29,9% (+260bps a/a; +10bps vs. 1T22).
Com o impulso de COGS, lucro operacional salta 53% a/a
Em nossa prévia de resultados, havíamos provocados se o crescimento de 45% a/a do EBITDA seria possível. Não era apenas possível, como também a companhia mostrou um lucro operacional quase +6,0% acima do estimado.
Com o boost em margem bruta (+260bps a/a) e um rigoroso controle sobre o montante de despesas operacionais (+2,4% a/a), Magalu reportou um EBITDA aj. de R$ 688 milhões (+53,5% a/a; +5,7% vs. Est. Genial) e uma margem EBITDA de 7,4% (+250bps a/a; +40bps vs. Est. Genial).
Mais um trimestre de lucro líquido
Com uma redução considerável em despesas financeiras (-39,4% a/a), reflexo da melhora na estrutura de capital e da redução da taxa de juros, Magalu consolidou um lucro líquido contábil de R$ 28 milhões (+49,9% vs. Est. Genial), revertendo o prejuízo de R$ 391 milhões apresentado no mesmo período de 2023.
Tabela 1: Resultado consolidado pelo Magazine Luiza vs. expectativa Genial (R$ milhões; IFRS 16).