Encerrado o pregão da quinta-feira (08/ago), Magazine Luiza reportou as cifras referentes ao 2º trimestre de 2024. Foi um forte resultado! Vimos uma considerável evolução nas vendas de lojas físicas (+3,5% vs. Est. Genial) e na rentabilidade – principalmente em margem bruta (consolidado em 30,9% vs. estimado em 30,4%).
Nos últimos 12 meses, Magazine Luiza não realizou abertura de lojas – por outro lado, a companhia encerrou 39 unidades (o que equivale a 3,0% do parque total), sendo 17 quiosques e 22 lojas convencionais. Ainda que a redução da metragem de vendas impacte negativamente o crescimento do top line, a companhia acelera as vendas desse canal em duplo dígito e emplaca um incrível Same Store Sales (cons. em +15,6% a/a vs. +2,1% no 2T23).
O mais incrível é que as vendas em lojas físicas estão acontecendo em um mesmo momento em que a carteira de crédito da Luizacred recua 3,6% a/a e 1,2% t/t. Há algum tempo já discutíamos a possibilidade de Magalu estar ganhando o share perdido pelo Grupo Casas Bahia nesse canal – dado o forte fechamento de lojas do grupo (-56 unidades LTM).
A performance de lojas físicas é ‘monstruosa’ – no bom sentido do jargão. O que nos surpreende é que Magalu tenha crescido esse canal no nível mid-teens mesmo em um cenário onde o Grupo Casas Bahia começa a “soltar o pé do freio” na carteira de crédito (a qual cresceu +4,2% a/a nesse 2º trimestre). Se naturalmente, sem o impulso do crédito, o fluxo de venda está indo para Magazine Luiza, imagina o nível de competição que a companhia pode “peitar” em um cenário de aceleração de carteira da Luizacred!!!
Dois pontos nos chamaram a atenção de forma negativa nesse trimestre: (i) apesar de uma evolução sequencial, a necessidade de capital de giro ainda nos parece alta, o que acaba pressionando o fluxo de caixa operacional do período; (ii) uma nova provisão de R$ 204 milhões relativa ao ICMS-DIFAL foi feita nesse trimestre – achávamos que este já era um assunto encerrado no 4º trimestre de 2023, quando a companhia já havia provisionado R$ 374 milhões.
Seguimos com recomendação de COMPRA para os papéis e preço-alvo 12m de R$ 19,50 – o que implica em um potencial upside de 56% em relação ao fechamento do último pregão.
Com uma forte redução na alavancagem financeira, atualmente em 2,9x vs. 5,6x no 2T23 (visão IFRS 16 inc. arrendamento e exc. recebíveis), e sem obrigações de pagamento de dívida até final de 2025, acreditamos que Magazine Luiza tem uma maior liberdade para enfrentar o acirrado cenário competitivo no e-commerce brasileiro.
Vale destacar que a sua maior concorrente nacional, Grupo Casas Bahia, apesar de ter uma carência de dívida até meados de 2026, possui uma alavancagem financeira mais apertada, em 5,8x – o que permite um espaço limitado de investimentos nos próximos anos.
Digital perde espaço para lojas físicas no trimestre
Com uma forte aceleração no GMV de Lojas Físicas (+14,2% a/a) e um fraco crescimento no marketplace (+4,0% a/a), o canal físico ganhou maior penetração no mix total, atingindo 41,1% das vendas (vs. 37,9% no 2T23).
Apesar de ainda recuar a/a, vemos uma pequena evolução no GMV 1P. No 1º trimestre, o canal recuava -2,0% a/a, passando para -1,2% nesse 2º trimestre. Acreditamos que o canal deva ganhar tração ao longo do 2º semestre, dado a normalização de base comparativa e retomada do crédito em um momento de forte sazonalidade para o varejo.
Forte evolução em margem bruta
Como a margem de contribuição de lojas físicas é maior do que o on-line, dado a maior penetração de serviços e crediário, e executando um bom trabalho no repasse integral do DIFAL no digital (principalmente em 1P), Magalu consolidou um lucro bruto +1,4% acima de nossa estimativa, em R$ 2,8 bilhões (+12,7% a/a) e uma margem bruta de 30,9% (+210bps a/a).
Lucro operacional dispara +56,4% a/a
Abaixo do esperado, porém uma substancial evolução. Por outro lado, as despesas operacionais se consolidaram +3,7% acima de nossas, de forma com que o lucro operacional ficasse -3,3% abaixo de nossas estimativas, em R$ 688 milhões (+56,4% a/a).
Tabela 1: Consolidado pela Magazine Luiza vs. Estimativa Genial (IFRS 16; R$ milhões; Visão Pro-Forma).