Encerrado o pregão da quinta-feira (07/nov), Magazine Luiza reportou o resultado referente ao 3º trimestre de 2024. Sensacional! Magalu mostrou um trimestre de forte recomposição de margens, superando com folga até as estimativas mais otimista do mercado com relação ao bottom line, consolidada em R$ 102,4 milhões – uma cifra quase 4,0x acima de nossa estimativa, que era de R$ 26 milhões.
Como já esperado, as lojas físicas foram o grande carro-chefe desse resultado. O que mais nos impressiona é o fato de que mesmo com a carteira de crédito recuando 1,2% a/a (atualmente em R$ 19,3 bilhões), ainda assim, vemos o canal físico sustentando um crescimento de duplo dígito, com Same Store Sales de 15,2% a/a (+20bps vs. Est. Genial), um número quase 7,0x maior do que o apresentado no mesmo período de 2023.
Sabíamos que veríamos uma explosão de crescimento na margem bruta, dado à fraca base de comparação do ano passado, em 23,6% – impactada pelo início do gradual repasse do Difal na época. Com a margem bruta crescendo 7,9p.p. a/a e uma forte diluição de despesas fixas, Magalu entregou uma margem EBITDA que não era vista desde meados de 2018 e 2019, de 8,0% – tempos áureos de crescimento da empresa. Será que o Magazine Luiza de 2016 está finalmente de volta?
Se precisássemos selecionar apenas um ponto que não nos agradou nesse resultado, escolheríamos o marketplace (3P). Após crescimentos de quase 20% entre os anos de 2022 e 2023, vemos uma forte desaceleração no canal, que nesse trimestre quase ficou próximo do zero a zero, crescendo 1,4% a/a.
Entendemos que a base começa a ficar difícil, contudo, sustentar um crescimento de low single-digit nesse canal não nos deixa satisfeitos, principalmente em um momento em que o Mercado Livre continua a crescer esse canal em mais de 30% a/a, trimestre após trimestre.
Apesar da comparação, não é que estejamos esperando que o Magalu atinja esse patamar de crescimento do Meli no curto prazo. Definitivamente, não! Mas esperamos ver uma recuperação do canal de volta ao duplo dígito de crescimento.
A perspectiva para os próximos trimestres permanece otimista, especialmente com o avanço do canal digital e a parceria com o AliExpress, que pode agregar valor ao marketplace. A continuidade dessa trajetória de melhoria nos resultados financeiros e operacionais coloca o Magazine Luiza em uma posição sólida para capturar oportunidades no mercado e-commerce e no varejo físico.
Antes de finalizarmos, gostaríamos de chamar atenção para forte desalavancagem financeira de Magalu, que saiu de 8,0x no 3º trimestre de 2023 para 2,5x nesse trimestre. Vale lembrar que para o cálculo da alavancagem, utilizamos o EBITDA (pós-IFRS16) e incluímos arrendamento e excluímos recebíveis à Dívida Líquida. Esse é o padrão que utilizamos para monitorar todas as empresas de varejo.
Negociando a 13,0x P/E 2025 (Est. Genial), reiteramos a recomendação de COMPRA para Magazine Luiza. Estamos incorporando a abertura da curva de juros em nosso modelo, que impacta, principalmente, em maiores despesas financeiras para os próximos anos. Com isso, estamos cortando o preço-alvo para R$ 17,00 (anteriormente em R$ 19,50) – o que implica em um potencial upside de 81% em relação ao último fechamento.
Receita
A receita líquida do Magazine Luiza no 3T24 alcançou R$ 9,0 bilhões, representando um crescimento de +5,7% a/a. Esse resultado veio em linha com as expectativas, refletindo um desempenho consistente no faturamento, impulsionado, principalmente, pelo crescimento nas lojas físicas, que continuaram a ganhar espaço no mix de vendas. A expansão das lojas físicas se beneficiou do fechamento de lojas da concorrência, sobretudo do Grupo Casas Bahia, o que reforçou o fluxo de clientes nas unidades do Magalu.
Lucro Bruto e Margem Bruta
O lucro bruto consolidado atingiu R$ 2,8 bilhões, um avanço de +11,5% a/a e +0,6% acima da Est. Genial. A margem bruta também registrou um sólido crescimento, ficando em 29,9% (+260 bps a/a), ligeiramente acima do esperado (+10 bps). Esse ganho de margem foi impulsionado pela maior penetração de serviços nas lojas físicas, que tendem a oferecer uma rentabilidade maior comparada ao canal digital. Além disso, a boa execução na política de repasse do DIFAL também contribuiu para essa expansão de margem.
Lucro Operacional e Margem EBITDA
O EBITDA ajustado consolidado foi de R$ 688 milhões, um crescimento expressivo de +53,5% a/a e +5,7% acima da nossa estimativa. A margem EBITDA ajustada alcançou 7,4%, um incremento de +250 bps a/a e +40 bps em relação ao esperado. A expansão dessa margem reflete um controle rigoroso sobre as despesas operacionais (+2,4% a/a), aliado ao forte desempenho nas vendas em lojas físicas. Apesar do marketplace ter apresentado crescimento modesto, o aumento de pedidos com fulfillment e a maior penetração do Magalu ADS contribuíram para sustentar a rentabilidade do canal digital.
Lucro Líquido
Magazine Luiza reportou um lucro líquido de R$ 28 milhões no 3T24, revertendo o prejuízo de R$ 498 milhões no mesmo período do ano anterior. Esse resultado foi +49,9% superior à nossa estimativa, um reflexo das melhorias na estrutura de capital da companhia e na redução das despesas financeiras em -39,4% a/a. A estrutura mais enxuta de endividamento, aliada a uma taxa de juros em desaceleração, colaborou para um resultado financeiro mais favorável.
Tabela 1: Números consolidados pelo Magazine Luiza vs. Estimativas Genial (IFRS 16; R$ milhões).