O que esperar de Magazine Luiza (MGLU3)?
Após a queima de R$ 3,8 b de caixa no 1º trimestre desse ano, explicada em parte tanto pela sazonalidade do setor, com o primeiro trimestre do ano usualmente mais fraco, quanto pelo cenário macro desafiador, devemos observar nesse 2T22 um movimento inicial de recomposição de margens para Magalu.
Com um menor volume de compras de estoques aliada a prazos mais elásticos de pagamento de fornecedores, o alívio no capital de giro deve auxiliar a varejista a reportar um trimestre com geração de caixa, porém, as pressões no EBITDA ainda fazem com quem a Companhia não reverta o prejuízo do último trimestre.
Em relação à primeira linha do resultado, esperamos que Magalu registre um indicador de vendas de mesmas lojas físicas (Same Store Sales – SSS) ainda negativo, em -4% no período, com um crescimento em seu GMV de lojas físicas, esperado em +3,4% a/a, impulsionado pela abertura líquida de 167 unidades nos últimos 12 meses (algumas com área de venda bem restritas).
O GMV de e-commerce deve apresentar uma alta tímida a/a. Esperamos que a dinâmica seja negativa para o 1P (produtos próprios), o qual projetamos uma queda de 4,4% a/a, e positiva para o marketplace (3P), que deve crescer a 24% a/a. Em relação ao 3P, o crescimento deve ser impulsionado pelo aumento do take-rate médio (que deve girar em torno do patamar de 12% nesse trimestre), reflexo de um varejo mais racional em sua monetização, e também por um maior fluxo de sellers, que ultrapassou a marca de 200 mil em meados de julho, e vendas de produtos de cauda longa (itens non-core).
No total, estimamos um faturamento líquido de R$ 8,7b (-1,7% a/a; +0,3% t/t). Com um repasse de custos e uma maior margem de seu marketplace, esperamos um alívio de +237 bps na margem bruta de Magalu neste trimestre, totalizando 28% no período.
Acreditamos que a dinâmica para a linha de despesas operacionais ainda seja de pressão na comparação anual. No entanto, o crescimento da margem bruta deve atenuar a compressão causada pelo opex. Estimamos um EBITDA em R$ 496m (+6,7% a/a), com uma margem de 5,5% (+30 bps a/a; +160 bps t/t).
A última linha de Magalu ainda deve ser “amarga”, uma vez que a forte subida de juros devem se traduzir em maiores despesas financeiras para a varejista. Revertendo o lucro de R$96m do 2T22, estimamos que a companhia registre um prejuízo líquido de R$ 139m, margem líquida de -1,5%.
O que esperar de Via (VIIA3)?
A dinâmica entre Magazine Luiza e Via deve ser um pouco diferente, a começar pelo desempenho em lojas físicas.
Diferente da Magalu, as lojas físicas da Via devem apresentar uma melhora de performance neste trimestre. Esperamos um indicador de vendas de mesma lojas positivo em +7% no período, com um faturamento de R$ 6,02b (+25,2% a/a) no período.
A Via deve sentir uma retração em seu GMV de e-commerce (1P + 3P), o qual estimamos um montante de R$ 3,5b (-22% a/a) no trimestre. Acreditamos que a dinâmica seja de desaceleração para o 1P e também para o 3P. Em relação à comercialização de produtos próprios, a forte exposição a linha branca, que tem apresentado queda de dois dígitos trimestre após trimestre, deve acabar pesando para a Via. A nossa expectativa é uma desaceleração de 24% a/a em 1P.
Em relação ao marketplace (3P), a dinâmica é um pouco diferente. Á medida em que a Via consegue aumentar a sua penetração de produtos de cauda longa, devemos ver um aumento no número de pedidos, porém com um recuo em seu ticket médio devido ao favorecimento de mix de produtos com menor valor agregado.
A nossa leitura é de que, diante de uma base comparativa forte vinda de um 2T21 com um mix de produtos com um ticket médio maior que o atual, acreditamos que o volume, mesmo que ainda em patamares elevados, não compense a queda do ticket, que será consideravelmente menor e deve levar uma retração de 17% a/a do GMV 3P, nas nossas estimativas.
Com uma retração acentuada no 1P e com um 3P também em queda, o efeito no GMV total só não virá com uma compressão significativa devido ao crescimento das lojas físicas, que ao contrário da Magalu, deve ajudar a suavizar o impacto negativo do e-commerce, de modo que estimamos um leve recuo 1,4% a/a, chegando a marca de R$ 10,7b de GMV líquido Total.
Acreditamos que a varejista deve apresentar uma melhora bastante significativa na estrutura de monetização de seus serviços de 3P, elevando o Take Rate em aproximadamente +5,3 p.p a/a, segundo nossas estimativas. Apesar de um GMV 3P com retração, o incremento no Take Rate deve mais do que compensar esse efeito e considerando a aceleração no faturamento de lojas físicas e estimamos um faturamento líquido de R$ 7,9b (+0,4% a/a; +6,8% t/t).
A forte recuperação da performance de lojas físicas, que possui maior penetração de crediário, deve trazer um efeito positivo para a margem bruta da Via. Estimamos uma margem bruta de 30,9% (+10 bps a/a; +20 bps t/t).
A diluição de despesas operacionais deve seguir para esse trimestre, com impacto positivo na margem EBITDA ajustada da Via. Estimamos um EBITDA de R$ 634m, com margem de 8% (+180 bps a/a; -110 bps t/t).
Diante de uma forte alavancagem financeira (DL/EBITDA = 11,8x), apesar da recuperação de margens, o resultado financeiro líquido deve apagar os ganhos da Via. Estimamos um prejuízo líquido de R$ 121m, margem negativa de 1,5% (-321 bps a/a).
O que esperar de Americanas (AMER3)?
Ao contrário de Magalu e Via, a Americanas tem um perfil mais resiliente para enfrentar esse cenário mais desafiador para as varejistas.
De tudo um pouco. A Americanas está presente em quase todos os segmentos de produtos, no entanto, não está demasiadamente exposto a nenhum deles. A menor exposição a linha branca (~40% do GMV 1P) e possuindo um forte mix de produtos com demanda mais inelástica, como o Supermercado Now e Hortifruti Natural da Terra, lhe confere uma posição mais generalista, que deve permitir outperformar o setor neste trimestre.
Com o retorno de fluxo de vendas para lojas físicas, a varejista deve apresentar o maior SSS do setor, próximo a 10% no trimestre. Estimamos uma receita bruta de operação física na ordem de R$ 3,5b (+26% a/a).
A receita bruta digital deve sofrer uma leve retração de 5% a/a, a R$ 4,5 b. A dinâmica deve ser parecida com a de Magalu, com uma desaceleração no 1P (-16% a/a) em menor magnitude que a concorrente, mais do que neutralizando o crescimento de 16,3% em seu GMV 3P. No total, estimamos um faturamento líquido de R$ 6,7b no trimestre (+7% a/a).
A companhia deve seguir apresentando a melhor margem bruta do setor de e-commerce. Estimamos um lucro bruto de R$ 2,1b (+9,1% a/a), apresentando uma margem de 31,3% (+50 bps a/a). Esperamos uma diluição nas despesas operacionais.
A Americanas deve apresentar um EBITDA de R$ 818m (+25% a/a), com uma margem de 12,2% (+180 bps a/a). Apesar do melhor desempenho de margem EBITDA, a última linha do resultado deve sofrer forte impacto de despesas financeiras. Estimamos um prejuízo líquido de R$ 138 m (-36% a/a), margem líquida negativa em -1,7% (-30 bps a/a).