Pontos de destaque:
(i) Crescimento de receita na base trimestral dado volumes e preços melhores (+14% t/t); (ii) Brasil e Paraguai foram os principais destaques positivos; (iii) Colômbia o maior destaque negativo; (iv) Margem EBITDA forte e acima do que esperávamos (+0,7p.p. vs. Genial Est.); (v) Estamos otimistas com a demanda estrutural chinesa por carne bovina nos próximos exercícios; (vi) Acreditamos que a companhia deve surfar oportunidades oriundas do cenário atual do mercado americano, marcado por um ciclo muito negativo e demanda resiliente; (vii) Reiteramos recomendação de COMPRA com preço-alvo de R$ 17,00 e seguimos elencando Minerva como nosso top pick do setor.
A Minerva entregou um trimestre bom, com resultados ligeiramente abaixo das nossas expectativas em termos de Receita, mas com margem EBITDA acima de nossas projeções, as quais, por sua vez, já estavam acima do que o mercado esperava.
Na base trimestral, houve pequeno crescimento de volume (+12,1% t/t no mercado externo e +4,1% no mercado interno), e preços melhores no mercado externo (+12,2% t/t). Também foi entregue uma expansão de margens, tanto na base anual quanto na trimestral, favorecida pelo ciclo pecuário positivo no Brasil e Paraguai.
Após o bom desempenho deste trimestre, mantemos o otimismo com os papéis da companhia devido a (i) demanda chinesa crescente; (ii) ciclo do gado positivo no Brasil e Paraguai; (iii) ciclo no Uruguai já demonstrando sinais de melhora e (iv) a oportunidade da Minerva se beneficiar do ciclo negativo nos EUA exportando um volume maior ao país.
Assim, seguimos com nossa recomendação de COMPRA para as ações da companhia, e continuamos elencando a Minerva como nosso top pick do setor de frigoríficos.
Análise dos Resultados
Foi reportada uma receita líquida de R$7,3b (-14,1% a/a e -3,7% vs. Genial Est.), e um EBITDA de R$ 711m (-8,7% a/a e +3,2% vs. Genial Est.). Assim, a empresa alcançou uma margem EBITDA de 9,8% (+0,6p.p. a/a e +0,7p.p. vs. Genial Est.), refletindo menores custos devido, majoritariamente, aos ciclos pecuários positivo no Brasil e Paraguai.
Já o lucro líquido foi de R$ 121m (-77,6% a/a e -44,4% vs. Genial Est.), impactado pelo resultado negativo de R$146m oriundo do hedge cambial.
BEEF3: Variação Anual e Trimestral
Pontos positivos. Os principais destaques positivos do 2T23 foram (i) a retomada da demanda chinesa, pós término das restrições impostas no 1T23 devido ao caso atípico de vaca louca detectado no Brasil, possibilitou melhores volumes (+12,1% t/t no mercado externo); (ii) ciclo do gado positivo no Brasil e Paraguai, favoreceu a expansão da margem EBITDA (+1,4% t/t e +0,6%a/a); (iii) Uruguai com desempenho razoável, mas já apontando para uma melhora dado aproximação de um ponto de inflexão de ciclo (atualmente, negativo), com custos direcionando para uma virada (que esperamos que ocorra ao final do 1S24).
Pontos negativos. Do lado negativo, vimos (i) volumes seguindo fracos na Argentina, em virtude da volatilidade econômica e política do país e (ii) resultados fracos oriundos das operações na Colômbia, país em que o mercado ainda é incipiente, dependente da demanda russa (impactada pelo conflito com a Ucrânia), e cujo governo é volátil.
Dividendos à vista. A companhia aprovou o pagamento de R$114m em dividendos, ou R$0,19 por ação, equivalente a um dividend yield de 1,7%. O pagamento dos proventos será realizado no dia 23/08/2023, e as ações passarão a serem negociadas “ex-dividendos” a partir de 15/08/2023, inclusive.
Demanda estrutural chinesa. Estamos otimistas com a demanda chinesa por carne bovina nos próximos exercícios, pautado por fatores como (i) a ocidentalização da demanda por proteína na China; (ii) a expansão da classe média chinesa e (iii) o consumo de carne bovina per capita na China ser ainda muito abaixo da média mundial (amplo espaço para crescimento).
Não esperamos que o governo chinês estimule o setor de frigoríficos de alguma forma específica, mas que ele estimule a economia chinesa, como um todo, com cortes de juros no 2S23.
Cenário ruim nos EUA pode beneficiar a companhia. Acreditamos ainda que a Minerva possa se beneficiar do cenário atual dos EUA, atualmente pautado por um (i) ciclo pecuário negativo e (ii) uma demanda por carne bovina resiliente. Dado estes fatores, acreditamos que os EUA devem importar um volume cada vez maior de carne bovina de países em que os custos estão menores, como o Brasil.
Assim, a companhia deve ser beneficiada (i) exportando um maior volume de carne de commodity (processada) do Brasil aos EUA e (ii) exportando cortes premium do Uruguai ao mercado americano. Enxergamos um upside relevante caso o Paraguai venha a ser autorizado a exportar aos EUA. Para que isso aconteça, falta apenas uma aprovação em consulta pública nos EUA, dado que o Paraguai já foi aprovado para exportações do ponto de vista sanitário.
Vemos essa aprovação com chances razoáveis de ser concretizada no 2S23. Enxergamos ainda que isso pode vir a ser um notícia positiva para a Colômbia, pois o país poderia passar a atender clientes no Chile que deixariam de ser atendidos pela produção paraguaia.
Nossa visão e recomendação
Olhando adiante. Para os próximos exercícios, projetamos um crescimento de receita decorrente, principalmente, de melhores volumes. Isto pois esperamos que a demanda chinesa ao longo dos próximos trimestres implique em volumes mais fortes, mas não necessariamente em preços maiores. Esperamos também um payout de no mínimo 50%, patamar que deverá refletir em um dividend yield de 9,8% para 2024, segundo nossas projeções. Os principais destaques positivos da companhia devem seguir oriundos do Brasil e Paraguai. Mas também já temos olhado com bons olhos a operação do Uruguai, à medida que o ciclo do gado no país se aproxima de um ponto de inflexão.
Ventos devem seguir favoráveis. As operações da Minerva devem ser impactadas positivamente nos próximos exercícios com o (i) ciclo pecuário positivo no Brasil e Paraguai; (ii) ciclo do gado se aproximando de um ponto de inflexão no Uruguai; (iii) uma crescente demanda estrutural chinesa e (iv) um maior volume de exportações ao mercado americano.
Nossa recomendação. Devido aos pontos elencados, mantemos o otimismo com os papéis da companhia e reiteramos nossa recomendação de COMPRA com preço-alvo de R$17,00. Ademais, seguimos classificando a companhia como nosso top pick do setor.