As ações da Minerva (BEEF3) já andaram bem em 2022, valorizando cerca de 30% desde o início do ano e chegando no nosso preço-alvo de R$ 14,00. Acertamos na nossa recomendação e depois de uma atualização dos números e perspectivas da empresa e uma análise do atual cenário que estamos vivendo, revisamos o nosso preço-alvo para R$ 19,00, mantendo a recomendação de COMPRAR para a BEEF3.
No início do ano, preparamos um relatório listando alguns motivos que enxergávamos como alavancas de crescimento para a Minerva em 2022 e que poderiam ter impactos positivos no preço de suas ações. Para relembrar esses pontos, acesse o link acima. Além desses pontos, vamos destacar outros que nos levaram a manter nosso otimismo com a maior exportadora de carne bovina da America do Sul.
O principal motivo que nos anima é a potencial virada do ciclo do gado no Brasil, que conta por 50% de sua receita total. A companhia tem se aproveitado de sua diversificação geográfica para manter bons resultados mesmo diante de um cenário mais desafiador no Brasil, dando maior foco em suas operações na Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia. Contudo, desde 2020 vimos um cenário de forte alta do preço do gado por conta de baixa disponibilidade do animal, o que leva os produtores a reter suas fêmeas para produzir mais bezerros. Estimamos que a partir do segundo semestre de 2022, vamos voltar a ver boa disponibilidade de gado e consequentemente uma redução no preço do animal, ajudando a melhorar a rentabilidade da Minerva na sua divisão no Brasil.
Outro ponto que levou os preços a fortes altas foi uma demanda mundial por carne bovina (principalmente vinda da Ásia, majoritariamente da China) muito potente. Essa tendência deve continuar, o que deve ainda deve ter um efeito de manter os preços em alta (ou pelo menos para não caírem tanto), porém isso é algo positivo. Afinal de contas, se a demanda pelo produto é forte, a Minerva segue com alto volume de vendas.
Foco em carne bovina = o impacto de custos de soft commodities minimizado
Ao contrário dos outros frigoríficos brasileiros, a Minerva segue com a carne bovina como a sua principal fonte de receita, historicamente somando cerca de 85% da receita total. Diante do atual cenário de forte alta das soft commodities (principalmente milho e soja), outros frigoríficos devem sofrer com isso dado que eles tem maior exposição a frangos, suínos e processados, cujos principais custos de produção são os grãos mencionados, e portanto terão que repassar aumentos nos preços de vendas (em um produto que é atraente por ser uma alternativa de proteína barata) para manter margens competitivas. Isso pode portanto diminuir a atratividade de carne de frango e suína.
Virada de ciclo do gado no Brasil (provavelmente no segundo semestre)
O movimento de produtores no Brasil vem sendo predominantemente de retenção de fêmeas, o que, junto com forte demanda por carne bovina mundial, lançou o preço do gado para cima. Contudo, isso trará uma maior disponibilidade do animal no futuro, e acreditamos que até o final do ano o ciclo já começa a revirar. No gráfico acima, fica evidente a forte escalada dos preços do boi e da carne. Com uma esperada elevada disponibilidade de gado no Brasil, esperamos que o preço do animal normalize, e que mesmo se mantendo em patamar elevado, a demanda por carne bovina mundial continuará alta e portanto o preço do produto também.
Em 2017 a Minerva levantou capital e se alavancou para expandir suas operações e investir em melhoramentos operacionais. Desde então, com forte geração de caixa e pagamento/alongamento de dívidas, a companhia conseguiu reduzir para 2,5x Dívida Líquida/EBITDA – considerando nível saudável e mostrando evolução no seu balanço. Isso tudo foi feito enquanto a empresa aumentava a sua distribuição de dividendos e ainda realizou as aquisições dos 2 frigoríficos na Austrália.
Valuation
O método utilizado para o valuation foi o DCF, com o Custo de Capital Próprio (Ke) de 13,7% e um crescimento de longo prazo de 4,0%. Com as nossas estimativas para o EBITDA da companhia, que está um pouco acima do consenso de mercado, a BEEF3 é negociada em 4,5x EV/EBITDA para o fim de 2022 – o que consideramos um preço atrativo quando comparado com os outros frigoríficos do setor e com a média histórica da própria Minerva.