No dia 06 de agosto, após o fechamento do mercado, a Movida divulgará seus resultados referentes ao 2T24, e nossas expectativas são positivas. Os números devem ser impulsionados pelo forte volume de carros vendidos, repasses de tarifas em locação e menores descontos frente a FIPE em seminovos. Em termos consolidados, projetamos uma melhoria na receita líquida e no EBITDA, com lucro líquido praticamente estável na comparação trimestral, ainda penalizado pelo alto nível de despesa financeira. Adicionalmente, protejamos um impacto negativo de R$ 30 milhões, referente aos desastres no Rio Grande do Sul.
No RAC, esperamos que a manutenção dos repasses de tarifas (diária média) contribua para uma estabilidade nas receitas, apesar da sazonalidade desfavorável do segundo trimestre. Projetamos uma leve compressão da margem EBITDA devido à menor taxa de ocupação, seja por implementação e desativação, ou pelo maior volume de carros em manutenção como é comum nessa época do ano. Nosso índice de depreciação de veículos indica 2,03% de desvalorização dos carros no RAC
No GTF, prevemos receita líquida e a margem EBITDA melhorando, impulsionadas pelos novos contratos já precificados à realidade atual do setor. A estratégia de concentrar mais compras de veículos no segmento deve seguir neste trimestre.
Em seminovos, esperamos um volume maior de carros vendidos, o que deve impulsionar a receita líquida consolidada. Importante destacar que no 2T24, observamos um aumento relevante do percentual de vendas de automóveis no varejo, indicando um mercado de compra e venda de carros mais aquecido. Esse cenário é especialmente positivo para a divisão de seminovos, pois ajuda na redução dos descontos em relação à tabela FIPE, melhorando as margens.
Esperamos uma receita líquida de R$ 3, 24 bilhões (+7,4% t/t e +30,8% a/a), um EBITDA de R$ 1,12 bilhão (+3,7% t/t e +23,4% a/a), resultando em um lucro líquido de R$ 42 milhões (–12,6% t/t e n.m. a/a).
Atualmente enxergamos as ações de Movida negociando a um P/E de 13,5x para 2024E, inferior às empresas comparáveis. Seguimos com recomendação de COMPRA, com preço-alvo de R$ 13,00.
RAC: Positivo apesar da sazonalidade
Para o RAC, projetamos uma leve queda na frota de cerca de 2% em relação ao trimestre passado. Olhando para os dados do setor, vemos que nominalmente as vendas de carro no atacado cresceram do 1T24 para o 2T24. Dessa forma, entendemos que a Movida deve comprar um volume de carros similar ao do trimestre anterior. Em contrapartida, a empresa deve aproveitar a baixa temporada para vender mais veículos, resultando em uma redução na frota.
Projetamos uma receita líquida praticamente estável. Sendo o segundo trimestre sazonalmente mais fraco do que o primeiro, esperamos um volume menor de diárias, que deve ser compensado pela manutenção do repasse de tarifas, com um crescimento na diária média de cerca de 3%. A Movida anunciou que aumentaria o yield dos carros no RAC, repassando preços. Esse movimento ajuda na estabilidade da receita, mesmo em um trimestre sazonalmente mais fraco. Esperamos uma leve compressão do EBITDA devido à menor taxa de ocupação e ao maior volume de carros parados para manutenção, resultando em um EBITDA estável.
Esperamos que a divisão alcance uma receita líquida de R$ 759 milhões (+12,3% a/a e -2,1% t/t) e EBITDA de R$ 475 milhões (+24,4% a/a e -2,2% t/t), com uma margem EBITDA de 62,6% (+6,1pp a/a e -0,1pp t/t).
GTF: prioridade na alocação de capital e repassando preço
No segmento de Gestão de Terceirização de Frotas (GTF), esperamos um crescimento da frota no final do período. O GTF tem apresentado resultados mais constantes, com um backlog significativo de novos contratos. O crescimento aqui será resultado da diferença entre a entrada de novos contratos e a saída de contratos antigos não renovados.
Assim como no RAC, esperamos um aumento relevante nas tarifas do GTF, decorrente do movimento de repasse de preços da Movida. As compras de veículos estão mais concentradas no GTF, e a empresa tem direcionado maior parte de suas compras e alocação de capital para este segmento. Esperamos uma adição marginal de frota.
Projetamos uma receita líquida em crescimento, com uma margem EBITDA ligeiramente menor, mas ainda robusta. O EBITDA nominal deverá ser impulsionado pelo repasse de preços.
Para o segmento, projetamos uma receita líquida de R$ 788 milhões (+41,1% a/a e +9,3% t/t) e EBITDA de R$ 583 milhões (+41,6% a/a e +8,9% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 74,0% (+0,2pp a/a e -0,3pp t/t).
Seminovos: forte volume de vendas
No 2T24, observamos um aumento relevante no percentual de vendas no varejo, indicando um mercado de compra e venda de carros mais aquecido. Este cenário é especialmente positivo para a divisão de seminovos, pois ajuda na redução dos descontos em relação à tabela FIPE, melhorando as margens. O aumento na concessão de crédito e nas vendas de automóveis, também beneficia as operações da Movida.
Dessa forma, esperamos um volume maior de carros vendidos, cerca de 26 mil veículos, um aumento de 10% em relação ao trimestre passado. Isso deve impulsionar as receitas da divisão. O preço médio de venda deverá ser próximo ao do trimestre anterior, e esperamos uma melhoria na margem bruta.
No trimestre passado, a FIPE foi muito agressiva em alguns meses, principalmente em março, o que impactou a depreciação dos carros. Neste trimestre, o nosso índice de depreciação de veículos indica uma depreciação de 2,03%, com quedas acentuadas concentradas no mês de maio. Ainda assim, esperamos uma depreciação mais controlada. Esperamos que a margem bruta de 8,4% no 2T24, com uma receita líquida em crescimento. O EBITDA nominal deve ser ligeiramente superior ao do primeiro trimestre, refletindo o aumento da margem bruta.
Na divisão de seminovos, projetamos uma receita líquida de R$ 1.698 milhões (+36,3% a/a e +11,2% t/t) e EBITDA de R$ 44 milhões (-54,7% a/a e +13,0% t/t), com uma margem EBITDA de 2,6% (-5,2pp a/a e 0,0pp t/t).