No dia 7 de novembro de 2024, após o fechamento do mercado, a Movida divulgará seus resultados do 3T24. Esperamos números positivos, puxados por bons volumes operacionais em locação, margens estáveis, níveis normalizados de depreciação e uma expansão do lucro em relação ao trimestre anterior. A receita deve ser impulsionada pelo forte volume de vendas de veículos, pelos ajustes de tarifa no RAC e implementações no GTF. Diferentemente dos anos anteriores, não projetamos um grande volume de compras de veículos em preparação para o 4T24.
No RAC, esperamos que a Movida continue os repasses de tarifas para elevar o yield, conforme o guidance. Embora o 3T24 seja sazonalmente mais fraco, esses ajustes tarifários devem compensar uma possível queda no volume de diárias, impulsionando a receita. Dados do IPCA de aluguel de veículos apontam elevação nas tarifas no trimestre. Em relação à depreciação, o Genial Index de Depreciação indica que os preços de veículos permaneceram estáveis nos últimos três meses.
No GTF, projetamos uma dinâmica semelhante à do 2T24, com volumes de compra reduzidos, mas com estabilidade da frota e o aumento da tarifa média em novos contratos, que devem apoiar o crescimento da receita da divisão. Quanto à margem EBITDA, a expectativa é de estabilidade em relação ao trimestre anterior, reforçando a consistência da performance.
Para a divisão de seminovos, o forte volume de vendas observado no 2T24 deve se repetir, com leve aumento no preço médio e estabilidade na margem bruta, sustentados pela estabilidade dos preços FIPE nos últimos meses. O melhor momento do mercado auto, favorece o giro dos ativos.
Para o 3T24, esperamos uma receita líquida de R$ 3,56 bilhões (+3,7% t/t e +33,7% a/a), um EBITDA de R$ 1,22 bilhão (+4,5% t/t e +37,4% a/a), resultando em um lucro líquido de R$ 61 milhões (+42,5% t/t e n.m. a/a). Atualmente enxergamos as ações da Movida negociando a um P/E de 11,5x para 2025E, inferior às empresas comparáveis. Seguimos com recomendação de COMPRA, com preço-alvo de R$ 13,00.
RAC: repasses de preços continuam
No começo do ano, a empresa pretendia aumentar a rentabilidade média mensal de seus carros do RAC de 3,7% em 2023 para 4,2% ao final de 2024. Até o fim do 2T24, a empresa havia atingido os 4,0%. Nossa expectativa é de que a Movida mantenha a estratégia de repasse de tarifas, buscando aumentar o yield no segmento, conforme o guidance. Os dados do IPCA para o aluguel de veículos corroboram com essa visão de aumento sequencial de preço. Segundo o indicador, no 3T24 houve alta de 4,3% nos preços de locação na comparação com o 2T24, quando comparado com o 3T22, observamos uma alta de 27,5%, indicando que as locadoras têm sido bem-sucedidas na elevação das tarifas.
Embora o 3T24 seja um período sazonalmente mais fraco, implicando em uma possível queda no volume de diárias, caso ocorra, ela deve ser compensada justamente pela elevação da tarifa média. Dessa forma, garante o crescimento sequencial de receita do segmento. Os repasses também favorecem a manutenção das margens da divisão mesmo em um período sazonalmente mais fraco.
Além disso, atualizamos nosso relatório Genial Index de Depreciação esse mês e vemos que os dados sugerem que o preços dos carros se mantiveram estáveis nos últimos três meses, especialmente em comparação com o primeiro semestre de 2024. Enquanto o IPCA para carros usados sinaliza uma desvalorização acumulada nos últimos 12 meses de 2,5%, mostrando uma apreciação do preço dos carros usados no segundo semestre de 2024, o nosso Index que os preços dos carros estiveram mais estáveis nos últimos 3 meses, especialmente em comparação ao primeiro semestre. Ao longo do 3T24 a depreciação dos carros usados se manteve no patamar de 6,5%, refletindo um mercado mais normalizado após a pressão inicial causada pelo aumento da competição com a chegada dos veículos elétricos chineses ao Brasil.
No RAC, projetamos uma receita líquida de R$ 823 milhões, um crescimento de 14,9% em relação ao ano anterior e de 3,9% em relação ao trimestre passado. O EBITDA esperado para o segmento é de R$ 522 milhões (+32,0% a/a e +3,4% t/t), com uma margem EBITDA de 63,4% (+8,2pp a/a e -0,3pp t/t). A diária média deve atingir R$ 141 (+13,2% a/a e +4,8% t/t), em linha com o IPCA. Esperamos uma leve redução de 2,0% t/t da frota no final do período, projetada em 106,5 mil veículos.
GTF: poucas notícias, são boas notícias
No GTF, esperamos uma dinâmica semelhante à observada no trimestre passado. Projetamos menores volumes de compras, mas, diferentemente do RAC, não enxergamos uma redução da frota. Hoje enxergamos a Movida tem algo muito próximo a 60% do capital investido no GTF, assim como indicava o guidance para 2024. Portanto, não acreditamos em uma forte expansão de frota no 3T24, apenas na continuidade de mudança gradual do mix.
O desempenho da divisão segue sendo favorecido pela implementação mais robusta dos veículos adquiridos nos trimestres anteriores. Esses novos contratos ajudam na expansão da tarifa média, o que deve ajudar a sustentar o crescimento sequencial de receita líquida da divisão. Quanto à margem EBITDA, projetamos estabilidade em relação ao trimestre anterior, refletindo uma consistência na performance do segmento.
Para o GTF, esperamos uma receita líquida de R$ 867 milhões (+49,2% a/a e +6,3% t/t), impulsionada pelo aumento na mensalidade média para R$ 2,6 mil (+19,8% a/a e +1,7% t/t). O EBITDA da divisão deve chegar a R$ 659 milhões (+52,9% a/a e +6,3% t/t), com uma margem EBITDA de 76,0%, um ganho de 1,8pp a/a e estabilidade em relação ao trimestre anterior.
Seminovos: aproveitando a melhora do mercado, as vendas continuam
Para a divisão de seminovos, a expectativa é que o forte volume de vendas visto no 2T24 se repita, com um leve aumento no preço médio de venda e margem bruta estável, sustentada pela estabilidade dos preços FIPE nos últimos meses.
O crescimento nas concessões de crédito para a compra de veículos nos últimos três a quatro meses é um sinal positivo para o mercado, indicando uma retomada da demanda no varejo. Esse ambiente favorável oferece uma oportunidade para que as locadoras aproveitem e vendam mais carros intensificando a renovação de frota.
Na divisão de seminovos, projetamos uma receita líquida de R$ 1.874 milhões, com crescimento de 36,9% a/a e de 2,5% t/t, apoiada por um volume de vendas estimado em 28,6 mil veículos (+39,4% a/a e +2,3% t/t). O preço médio de venda é projetado em R$ 66,8 mil (-1,4% a/a e +0,3% t/t). A margem EBITDA deve ficar em 1,2% (-1,8pp a/a e -0,2pp t/t), com o EBITDA projetado em R$ 22 milhões (-46,4% a/a e -10,0% t/t).