No 2T24, a Movida apresentou resultados positivos que superaram tanto as nossas expectativas quanto as do mercados. Os números foram impulsionados pelo bom desempenho no segmento de locação, refletido na expansão de receita e na forte margem EBITDA no segmento, e por um volume de venda de carros maior do que o esperado. Esse bom desempenho em locação, ajudou a compensar a queda de margem bruta de seminovos e fez com que a Movida superasse nosso lucro.
Outra mensagem importante é que a companhia está muito aderente ao guidance divulgado no começo do ano. Neste trimestre, a Movida ficou acima de todas as metas estipuladas: aumentando de tarifa com redução do ticket médio da frota (expansão do yield), reduzindo os descontos na venda de seminovos, tanto no atacado quanto no varejo, e alocando de mais capital no GTF do que no RAC.
Adicionalmente, é crucial destacar que a Movida vem ajustando o mix da frota, reduzindo o preço médio em comparação com a FIPE. Neste trimestre, houve mais uma queda no ticket médio da frota, chegando próximo dos R$76 mil, em comparação com R$77,2 mil no 1T24, aumentando para 55% a concentração do mix de carros em veículos básicos. Ainda sim, houve aumento de tarifa. O mix mais básico traz diversos benefícios, como menor depreciação e menores custos de manutenção, contribuindo para a manutenção de margens elevadas no segmento de locação.
No 2T24, a Movida apresentou uma Receita Líquida de R$ 3.436 milhões (+38,6% a/a e +13,7% t/t), impulsionada por um desempenho robusto no RAC e GTF. O EBITDA alcançou R$ 1.149 milhões (+26,7% a/a e +6,5% t/t), apesar da margem EBITDA consolidada ter ficado ligeiramente abaixo do esperado. O lucro líquido ajustado foi de R$ 80 milhões, melhor que o esperado, devido a perdas menores do que o esperado com desastres climáticos no Rio Grande do Sul.
Atualmente enxergamos as ações de Movida negociando a um P/E de 13,5x para 2024E, inferior às empresas comparáveis. Seguimos com recomendação de COMPRA, com preço-alvo de R$ 13,00.
Volumes mais fortes, tarifas mais altas
Em linhas gerais, a receita líquida superou nossas estimativas em quase 6%, impulsionada por uma melhor performance no RAC, no GTF, e também pelo maior volume de carros vendidos no trimestre. Embora o preço de venda tenha ficado abaixo do esperado, o volume de carros vendidos atingiu quase 28 mil, com vendas realizadas com menos desconto em relação à FIPE, o que é bastante positivo. Portanto, essa foi a primeira surpresa. Ao observar a dinâmica de margens, notamos que a margem consolidada ficou ligeiramente abaixo do esperado, influenciada por uma margem EBITDA de seminovos mais fraca do que nossas expectativas.
A depreciação anualizada por carro no RAC ficou muito alinhada com o esperado. Estimávamos uma depreciação média anualizada por carro de 6,4 mil no RAC, que se confirmou no trimestre. A surpresa negativa foi uma depreciação mais forte no GTF, que aumentou de 7,6 mil para aproximadamente 8,9 mil por carro. Essa depreciação mais acentuada é devida ao ajuste de mix de carros no GTF, que ainda não foi concluído, ao contrário do que aconteceu no RAC no quarto trimestre.
Um ponto positivo foi o impacto menor do que o esperado das catástrofes climáticas no Rio Grande do Sul. Estimávamos inicialmente 30 milhões em possíveis perdas, mas a Movida reportou apenas 20 milhões, resultando em um lucro líquido ajustado de 80 milhões no consolidado. Se compararmos com nossa estimativa de 72 milhões, ainda assim ficou acima do esperado. O lucro líquido sem ajustes foi de 43 milhões, ligeiramente acima dos 42 milhões que esperávamos, o que mostra que a Movida superou nossas expectativas.
Por outro lado, o patamar de alavancagem da companhia é um ponto de atenção. O resultado financeiro cresceu novamente em relação ao trimestre anterior, impulsionado pelo aumento da dívida líquida, que cresceu 8% em relação ao primeiro trimestre. Mesmo com a Selic em queda ano a ano, a despesa financeira aumentou em relação ao 2T23, pois a dívida bruta cresceu 22%. Neste trimestre, cerca de R$ 450 milhões dos prazos de pagamentos do Capex venceram nos últimos seis meses de 2023. No primeiro semestre, a Movida reduziu a conta fornecedores em 1,5 bilhão. Apesar de uma mudança no patamar de geração de caixa operacional, a estrutura atual do negócio parece não permitir uma desalavancagem acelerada, atualmente rodando em de 3,2x.
RAC: A divisão RAC apresentou uma Receita Líquida de R$ 792 milhões (+17,2% a/a e +2,2% t/t) equivalente a 4,4% acima do esperado. O EBITDA de R$ 505 milhões (+32,2% a/a e +4,0% t/t) foi 6,3% maior que o nosso, resultando em uma margem EBITDA de 63,7% (+7,2pp a/a e +1,1pp t/t), superando nossas estimativas em 1,1pp. Houve expansão de tarifa média mesmo em um trimestre sazonalmente mais fraco, com um ticket médio da frota caindo, resultando em um yield acima do esperado. O volume de compras de veículos foi quase 20% maior do que esperávamos.
GTF: A frota no GTF ficou muito próxima do esperado, com um volume de compras 10% acima do projetado, alcançando 137.648 veículos. A diária média também surpreendeu positivamente, ficando 2% acima do esperado e crescendo quase 8% em relação ao 1T24, contribuindo para o excelente desempenho da divisão. A receita líquida de R$ 816 milhões (+46,2% a/a e +13,3% t/t), 3,6% acima do esperado. O EBITDA foi de R$ 620 milhões (+50,6% a/a e +15,8% t/t), 6,4% superior às expectativas, resultando em uma margem EBITDA de 76,0% (+2,2pp a/a e +1,7pp t/t), 2pp acima do projetado.
Seminovos: O segmento de seminovos teve um desempenho misto, com uma receita líquida de R$ 1.828 milhões (+46,7% a/a e +19,7% t/t), 7,6% acima do esperado, impulsionada por um volume de vendas 10% superior ao projetado, com quase 28 mil carros vendidos. No entanto, a margem bruta foi que a projetada. Isso pode ser reflexo de uma desvalorização dos carros já marcados para venda. O EBITDA ficou em R$ 25 milhões (-43,5% vs. expectativa), refletindo uma margem EBITDA de 1,4% (-6,3pp a/a e -1,1pp t/t), abaixo da expectativa de 2,6%.