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    Publicado em 09 de Agosto às 02:34:52

    Movida (MOVI3) | Resultados 2T23: Inflexão – apesar do prejuízo, boas surpresas!

    Consideramos os números melhores do que o esperado, apesar do prejuízo reportado no 2T23. Na nossa visão, o resultado de Movida trouxe mensagens positivas importantes. Sabíamos que a sazonalidade jogaria contra no RAC, porém a melhora das margens no GTF e em Seminovos acabaram contrabalanceando esse efeito. No consolidado, a margem EBITDA sobre a receita líquida de locação apresentou melhora de 1,5 p.p na comparação trimestral. Enxergamos com bons olhos a continuidade do seu processo de readequação da frota focando em ganho de eficiência. Apesar do lucro pressionado pelas elevadas despesas financeiras, a boa gestão de passivos e o início do ciclo de corte de juros devem colaborar para o alívio das últimas linhas nos próximos resultados. Outro destaque positivo foi a redução de 4,0% no valor da depreciação anualizada por carro no RAC. Embora a fotografia pareça ruim, com queda de receita na comparação trimestral e prejuízo reportado, o filme segue promissor.

    Chegamos ao ponto de inflexão? Tudo indica que sim…

    Há indícios de que a depreciação está se estabilizando, principalmente no RAC onde houve uma redução de 4,0% no valor da depreciação anualizada por carro. Adicionalmente, a possibilidade de ajustes no mix da frota de RAC, e por consequência adequação do ticket médio da frota, pode gerar uma aceleração da queda desse valor. Outros efeitos positivos seriam sentidos no yield, devido aos menores custos de manutenção.

    Falando de posicionamento estratégico, a maior representatividade do segmento GTF, que passou a ser 56% da frota total e 49% do EBITDA de locação, não apenas fortalece a resiliência operacional, mas também melhora o mix de vendas de seminovos futuro. Enxergamos com bons olhos a continuidade do processo de readequação da frota. No 2T23, observamos uma melhora nos prazos de implantação e maior porcentagem de ativos operacionais, o que ajuda nos ganhos de produtividade. O foco em melhorias operacionais segue sendo prioridade e deve preparar a Companhia para o próximo ciclo de crescimento.

    O cenário macro também favorece. Considerando as projeções de mercado para a Selic até o final de 2023, somadas à redução da dívida bruta em aproximadamente R$3,7 bilhões e a manutenção da alavancagem em 2,9x, é possível antecipar um alívio nas despesas financeiras líquidas nos resultados futuros. A amortização das dívidas que tinham um custo médio próximo de 140% do CDI contribuirá para a redução do custo do capital. Esse movimento também deve ajudar a contribuir para o aumento do ROIC spread. Por mais um trimestre, observamos a compressão do spread entre o ROIC e o Custo de Dívida, que finalizou o 2T23 em +4,6 p.p vs +4,9 p.p no 1T23, desacelerando frente a queda de -1,0 p.p do 4T22 para o 1T23.

    Dessa forma, entendemos que a Movida atingiu o ponto de inflexão de seus resultados no 2T23.

    Operacional

    No âmbito operacional, houve uma queda na frota consolidada, com o segmento RAC apresentando a maior diminuição. Essa redução nos ativos pode ser atribuída, em parte, à cautela nas compras de veículos devido à expectativa de descontos provenientes do programa governamental para o setor automotivo, anunciado no final de maio. Dos poucos carros que foram adquiridos, quase 80% foram para o segmento de Gestão e Terceirização de Frotas, reforçando o novo direcionamento da empresa, concentrando-se em fortalecer contratos de longo prazo.

    No que diz respeito ao mix da frota, observamos que o preço médio de venda no segmento RAC ficou muito abaixo do trimestre anterior, e muito aquém das nossas expectativas. Por outro lado, o preço médio de compra segue acima do preço médio de venda da divisão. Isso é um fator positivo, uma vez que não é necessário alocar recursos adicionais para a renovação da frota no RAC. Olhando para o mix da frota, percebemos uma melhora gradual e esperamos que essa tendência persista devido à maior disponibilidade de carros de entrada no mercado.

    Outro aspecto relevante diz respeito a liquidação antecipada de dívidas, com um total de R$ 2,2 bilhões no 1T23 e R$ 1,1 bilhão no 2T23, totalizando R$ 3,3 bilhões, que possuíam um custo médio ~140% CDI. Esse movimento contribuiu para reduzir o custo médio das dívidas. Além disso, Movida anunciou novas emissões, com custos mais alinhados aos concorrentes do setor, que totalizam R$1,4 bilhão, com um custo de CDI + 1,72%, prazo médio de 5 anos e com o potencial de corrigir as disparidades estruturais que historicamente existiam.

    RAC

    No RAC, a queda de apenas 2,1% na receita líquida trimestre a trimestre mostra a resiliência do segmento, mesmo sendo negativamente impactado pela sazonalidade. No entanto, a queda de 4,5 p.p na margem EBITDA foi um dos pontos negativos do resultado, relacionada ao menor volume de diárias e à menor diluição de custos fixos. Em contrapartida, observamos a redução de 4,0% na depreciação anualizada por carro é positiva. A Movida reduziu a frota em ~8 mil carros na divisão, em linha com seu planejamento estratégico de priorizar o operacional frente ao crescimento.

    Com isso, o segmento reportou uma diária média de R$ 123,4 (+6,6% a/a e -2,1% t/t), levemente acima dos R$ 121,8 estimados por nós. Além disso, a frota total da divisão finalizou o 2T23 em 90,4 mil veículos, 8,1% abaixo do reportado no trimestre passado. A receita líquida do RAC foi de R$ 675,6 milhões (+15,5% a/a e -3,6% t/t), enquanto seu EBITDA foi de R$ 381,8 milhões (-0,8% a/a e -10,7% t/t).

    GTF

    Já no GTF, tivemos aumentos marginais de frota de tarifa, o que, conforme mencionamos anteriormente, sugere um bom processo de renegociação e implementação de novos contratos. A Movida adquiriu poucos carros, sendo que quase 80% deles foram destinados ao GTF. Esse movimento reforça a nova diretriz estratégica da empresa, que está concentrando seus esforços em fortalecer contratos de longo prazo nesse segmento específico. Destacamos a margem EBITDA da divisão, que registrou um aumento significativo frente ao 1T23, impulsionada pelo ganho de produtividade e superando nossas projeções. Importante ressaltar que houve o aumento significativo do preço médio de compra no GTF, saindo de R$ 89,6 mil para R$ 99,3 mil, o que nos sugere que as tarifas tendem a continuar em ascensão à medida que esses carros se tornarem operacionais.

    A tarifa média do segmento foi de R$ 70,3 (+18,2% a/a e +3,4% t/t), também levemente acima do que havíamos projetado (R$ 68,4), enquanto sua frota total foi de 113,7 mil veículos, 0,8% menor que o 1T23. A receita líquida do segmento de terceirização de frotas foi de R$ 558,1 milhões (+33,8% a/a e +3,6% t/t), e seu EBITDA foi de R$ 411,7 milhões (+30,6% a/a e +13,9% t/t).

    Seminovos

    O segmento de seminovos, por sua vez, nos surpreendeu positivamente, com margens crescentes em relação ao trimestre passado. Conforme mencionamos, o segmento sofreu com uma queda repentina de demanda, ocasionada pelo anúncio e implementação do programa de descontos do governo. Dessa forma, não só houve uma pausa momentânea nas compras, como também redirecionamento de parte do fluxo e vendas para veículos novos, dado o melhor custo/benefício frente a um veículo seminovo. Mesmo assim, a companhia ainda conseguiu vender um número considerável de veículos no período, além de expandir sua margem bruta.

    Foram vendidos cerca de 18,8 mil veículos, 4,9% a mais do que esperávamos, a um preço médio de R$ 67 mil. A margem bruta, por sua vez, subiu 2,3 p.p em relação ao primeiro trimestre, finalizando o 2T23 em 13,6%. A receita líquida da divisão de negócios foi de R$ 1,24 bilhões (+1,4% a/a e -14,9% t/t), enquanto seu EBITDA foi de R$ 96,5 milhões (-53% a/a e +11,7% t/t).

    Análise Quantitativa

    A receita líquida consolidada reportada no 2T23 foi de R$ 2,48 bilhões, um aumento de 11,1% em relação ao mesmo trimestre no ano passado e uma queda de 8,3% em relação ao 1T23, ficando em linha com nossas estimativas e 3,2% abaixo do consenso de mercado. O EBITDA totalizou R$ 890 milhões, caindo 1,7% a/a e subindo 1,7% t/t, também em linha com nossas expectativas e ficando 21,4% acima das do mercado. Adicionalmente, a companhia apresentou um prejuízo líquido de R$ 18 milhões, puxado principalmente pelas elevadas despesas financeiras devido à alta alavancagem da companhia. Esperávamos um prejuízo de R$ 50 milhões, e o mercado R$ 47 milhões, portanto melhor que o esperado.

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