A Multiplan seguiu com resultados sólidos em mais um trimestre apesar de impactos negativos de um IGP-DI que passou meses no território negativo. Agora, no entanto já voltamos à normalidade do Brasil, com um IGP-DI acumulado nos últimos 12 meses próximo dos 5%, reacendendo a figura do crescimento de receita de locação, que ficou estagnada desde o 2T23, mas não foi esquecida. Ainda que o efeito tenha sido tímido neste trimestre, já vimos um crescimento de ~2% na receita de locação.
Do ponto de vista operacional, praticamente todos os números indicam uma ótima saúde para o portfólio da administradora. As vendas atingiram R$ 5,7b, crescendo 9,2% a/a, em linha com o SSS de 9,3% e bem acima da inflação do período, de 4,4%. Por outro lado, o SSR (aluguel em mesmas lojas) cresceu apenas 4,4%, devido à baixa contribuição do IGP-DI, abrindo uma boca de jacaré entre as vendas e o valor de locação. Com este diferencial, o custo de ocupação atingiu um patamar de 12,8%, abaixo da média histórica da companhia para um 3º trimestre, de 13,1%. Ainda na mesma toada, outros indicadores como a taxa de ocupação de 96,2% e inadimplência de -0,1% (negativa devido à recuperação de aluguéis atrasados), demonstram que a administradora deverá ter um grande poder de negociação em novas locações e renovações, que deverá suportar um crescimento real nos aluguéis.
A receita líquida de R$ 545m foi impactada positivamente pelo reconhecimento da venda de um terreno ao lado do Parque Shopping Maceió, contribuindo para um crescimento de 3% no EBITDA. A redução de despesas com propriedades e aumento tímido das receitas de locação possibilitaram um aumento de 5% do NOI e crescimento da margem NOI para impressionantes 93,2%. No mais, receitas financeiras acima das nossas expectativas e despesas financeiras abaixo compensaram em parte uma linha de impostos mais alta (impactada pela postergação do reconhecimento do benefício fiscal do JCP pago no trimestre). Com isso, o lucro atingiu um patamar de R$ 280m, enquanto o FFO ficou em R$ 303m. Se o efeito do benefício fiscal fosse reconhecido neste trimestre, veríamos tanto lucro quanto FFO aproximadamente R$ 30m maiores.
Seguimos com recomendação de compra para Multiplan dada a perspectiva de aumento de aluguéis no curto prazo, somado à um múltiplo ainda depreciado de 10,4x P/FFO 2025E sem considerar os efeitos positivos da recompra que deverá ser realizada no 4o trimestre, que estimamos em um ganho de 4,6% de FFO/ação.