Boa escovação, faltou só o fio dental!
Avaliamos bem o trimestre para Odontoprev, apesar de certos efeitos não-recorrentes que puxaram o resultado para cima. As adições líquidas médias apresentaram leve aumento, enquanto o total no final do período apresentou leve queda, em linha com as nossas premissas. Devido à reversão da Taxa de Saúde Suplementar e à menor sinistralidade, o lucro líquido veio em R$ 121m, 19% acima da nossa expectativa de R$ 101m.
Após o resultado desse trimestre, continuamos cautelosos com a sustentabilidade do crescimento buscado pela companhia, com essa crescendo apenas 0,5% t/t. Ainda assim, expressivos ganhos de eficiência levaram a crescimento de lucro de 87% t/t e 11,1% a/a. Portanto, reforçamos nossa tese de MANTER com mudança no PA para R$ 11/ação, dada revisão de premissas de crescimento e aumento da taxa de desconto derivada da elevação da taxa livre de risco americana e deterioração de outras variáveis macroeconômicas.
Top line fraco
A receita líquida do trimestre veio em linha com a nossa expectativa (R$ 472m vs R$ 475m esperado). Este número foi negativamente afetado por mais um ano de baixo crescimento de vidas no portfólio. Neste trimestre o número médio de beneficiários teve um leve aumento de 41k vidas, no entanto, quando comparado o número de beneficiários no final deste trimestre e do quarto trimestre houve uma queda de 28k vidas, principalmente no segmento de planos individuais (-33k vidas).
Além disso, o ticket médio consolidado apresentou um aumento de apenas 0,2% t/t, com uma queda a/a de 1,2%. O crescimento de ticket vem apresentando desempenho fraco nos últimos trimestres, ressaltando nossa incerteza com a capacidade de crescimento continuado dos preços.
Sinistralidade: mais baixa do que o esperado
A sinistralidade continua muito abaixo dos valores que víamos antes da pandemia, caindo 4,3p.p. t/t e 2,5p.p. a/a. A queda é principalmente relacionada à sazonalidade anual, isto é, o número de consultas tende a ser menor no início do ano por conta de feriados e férias. Ainda que tenhamos um número mais positivo neste trimestre, acreditamos que a sinistralidade deve retornar a valores mais altos com o arrefecimento da pandemia, que deve levar a uma busca maior por consultas odontológicas, tradicionalmente consideradas menos urgentes.
Reversão da Taxa de Saúde Suplementar (TSS): favorecendo o lucro
A Odontoprev apresentou uma reversão de aproximadamente R$ 40m relacionados a uma causa ganha contra a cobrança da TSS, sendo o valor relativo à devolução do pagamento da taxa nos últimos 5 anos. A reversão da TSS ainda teve um efeito na linha de imposto, que teve um aumento de ~R$ 13m por este efeito. Desconsiderando o efeito da TSS, o EBITDA da Odontoprev veio em R$ 166m, ainda acima dos R$ 142m que esperávamos devido à menor sinistralidade comentada acima.
Resultado financeiro: bom desempenho
O bom resultado financeiro da companhia se deve a uma nova alocação dos recursos de caixa em ativos públicos de longo prazo, no lugar de investimentos menos rentáveis de curto prazo. Hoje 42% do caixa da Odontoprev está alocada em NTN-B e 17% alocada em NTN-F e LTN. O restante está alocado em dois fundos de renda fixa do Bradesco com rentabilidade próxima ao CDI. De acordo com a companhia, os ativos do tesouro devem ser carregados até o vencimento, garantindo a rentabilidade contratada.