A Odontoprev agradou um pouco mais este trimestre, com crescimento de receita de 2,0% t/t e 5,8% a/a, puxada principalmente pelo crescimento de beneficiários (+170k t/t). A parte negativa na receita continua sendo o ticket médio, que apresentou crescimento de apenas 0,9% t/t, com crescimento de +1,1% no corporativo (maior carteira da Odontoprev), +1,9% nos planos para PMEs e queda de 1,0% nos planos individuais. Mesmo com este crescimento “forte” de receita, compare com a inflação no trimestre de 2,2% e ainda um crescimento de receita de apenas 7,9% nos últimos 3 anos, e temos uma percepção da baixa expectativa de avaliar a Odontoprev como uma empresa com capacidade de crescimento no curto prazo.
Vimos também um aumento da sinistralidade, o que é perfeitamente esperado, uma vez que esta estava em um nível muito mais baixo que o normal por conta da pandemia, que levou a uma diminuição da frequência a tratamentos/consultas odontológicas. A sinistralidade aumentou para 42,1% (+2,5p.p. a/a e +7,2p.p. t/t), chegando ao patamar próximo ao que vimos pré-pandemia, mas ainda com uma expectativa de aumento na ordem de 2p.p., que deve ser puxado pelo retorno de sinistralidade em planos de PME (sinistralidade de 27,7% no 2T22 vs 40,8% média 2014-2019). Os planos corporativos e individuais já estão com sinistralidade dentro ou acima da média histórica, atual de 51,6% vs histórico de 52,0% para o corporativo e atual de 31,3% vs histórico de 29,8% no individual.
Outras linhas de custos e despesas vieram sem nenhuma surpresa e sem efeitos não-recorrentes como a reversão de TSS que tivemos no trimestre passado. O caixa líquido da empresa continua a beneficiar a companhia em um ambiente de juros mais elevado. Hoje, a Odontoprev possui R$ 830m em caixa, sem dívidas, favorecendo o resultado financeiro da companhia que veio em R$ 23m, levando a um lucro de R$ 99,6m (+4,9% a/a e -38,3% t/t)
Mesmo com um crescimento orgânico de beneficiários, a dinâmica de preços de planos odontológicos, cujos tickets têm apresentado crescimento muito abaixo da inflação (ticket médio corporativo está flat desde 2016), nos deixam mais cautelosos quanto à sustentabilidade de crescimento de receita da Odontoprev. Assim, seguimos com recomendação de Manter e mudança de preço-alvo para R$ 9,7.