Avaliamos o resultado do 1T23 de Odontoprev como positivo, mas novamente sem grandes surpresas. O lucro líquido no trimestre alcança R$ 170m, acima das nossas expectativas e das expetativas do mercado, em parte por um efeito positivo de outras receitas operacionais de R$ 10m, e em parte pela sinistralidade histórica de 34,1% no período. Acreditamos no desempenho operacional da companhia, mas colocamos um ponto de atenção nas adições líquidas negativas e nossa perspectiva de desaceleração do mercado de planos privados de assistência médica e odontológica para 2023. Assim, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 9,70.
Receita líquida: beneficiários impulsiona
A receita líquida da Odontoprev alcança R$ 523m no primeiro trimestre do ano (+11,1% a/a e +2,0% t/t). O crescimento na base anual se dá principalmente pelo efeito das adições líquidas de +321k vidas nos últimos 12 meses, uma vez que o crescimento do ticket médio no mesmo período foi de +5,5%, abaixo da inflação acumulada. Já no comparativo trimestral, temos adições líquidas negativas de -53k vidas, com um crescimento fraco de +1% t/t no ticket médio.
O crescimento da base de beneficiários é um ponto de atenção para o avanço da receita no ano de 2023, temos perspectivas de desaceleração do crescimento do mercado de planos privados de saúde no ano. Ainda que a penetração de planos exclusivamente odontológicos na população seja menor e nossa expectativa é que esse número aumente nos próximos anos, no curto prazo a companhia pode ser prejudicada pela dinâmica macroeconômica do país. Vale destacar que 88% da carteira total de beneficiários é composta por planos corporativos e de pequenas e médias empresas (PME), segmento que deve ser mais afetado pela deterioração do mercado de trabalho. Essa perspectiva se torna ainda mais relevante quando lembramos da estratégia da companhia de crescer no PME, driver que pode sofrer em 2023.
Custos: sinistralidade destaque positivo
O destaque positivo do trimestre foi a sinistralidade historicamente baixa de 34,1% (-7,0pp a/a e -0,8pp t/t). O índice de sinistralidade histórico para o 1T é de 41,9%, o que coloca o valor do indicador para o 1T23 muito abaixo do seu histórico. O primeiro trimestre carrega sazonalidade de menor uso pelo período de férias e feriados, mas o patamar alcançado esse ano é fruto do esforço de mudança de mix para PME (segmento com ticket maior e sinistralidade menor) e do investimento em auditoria digital e gestão de banco de imagens. Como já comentamos em outros relatórios, esperamos que o controle da sinistralidade abaixo dos patamares passados continue, com a companhia colhendo os benefícios de seus investimentos ao longo do tempo.
Lucro líquido: empurrãozinho de outras receitas operacionais
O lucro líquido de Odontoprev foi de R$ 170m no 1T23 (+5,1% a/a e +78,7% t/t). Houve reversão de provisões relativas a planos administrados no trimestre, ajudando com +10m na última linha da demonstração do resultado. Apesar do ponto de atenção supracitado, estamos otimistas com o resultado de ODPV. A companhia continua sua forte geração de caixa operacional, com pagamento de proventos aos acionistas e posição de caixa líquido de R$ 913m. Ainda assim, o papel passou por um rally de valorização nos últimos 6 meses, valorizando +23,61% no período. Agora, nesse nível de preço, escolhemos reiterar nossa recomendação de MANTER para a companhia com preço-alvo de R$ 9,70, uma vez que ainda não vemos ponto de entrada ou trigger de curto prazo para a ação.