A Pague Menos foi a primeira empresa do varejo farmacêutico a divulgar o resultado do 3º trimestre, ao final do pregão dessa segunda-feira (4/nov). Sem dúvidas, nós gostamos do que vimos! A companhia entregou uma forte aceleração do top line, com um Same Store Sales de 13,6% (+114bps acima de nossa projeção) e um bottom line +24,7% superior às nossas estimativas, impactado por uma redução de despesas financeiras mais forte que o esperado.
Já havíamos ventilado a possibilidade de a companhia consolidar o melhor conjunto operacional do setor no trimestre. E, mesmo com a nossa projeção acima do consenso da Bloomberg, fomos positivamente surpreendidos pela redução no resultado financeiro e ciclo de caixa da companhia, que resultou em uma desalavancagem financeira mais forte que o projetado.
Ainda estávamos meio reticentes quanto a possibilidade de a companhia entregar o guidance de alavancagem no ano (abaixo de 2,0x DL/EBITDA). Contudo, considerando a forte recuperação de rentabilidade vista nesse 3º trimestre e a otimização do ciclo de caixa, ainda tem espaço para uma bela fotografia ao final do 4º trimestre, dado a sazonalidade do negócio, passamos a acreditar que a companhia deve encerrar o ano com uma alavancagem mais saudável, e abaixo do nível de 2,0x.
Uma “conta de padeiro”. Considerando um cenário onde (i) o ciclo de caixa da companhia encerrasse o 4º trimestre em 50 dias – mantendo o mesmo patamar de dias de estoques dos últimos dois trimestres e com forte ganho na linha de fornecedores, (ii) a companhia consiga sustentar a venda média por loja no mesmo patamar desse trimestre (em R$ 709 mil/mês) e (iii) mantenha uma margem EBITDA de 4,9%, o que seria uma pressão de 30bps t/t, mas um avanço significativo de 130bps a/a, dado a fraca base de comparação no período, a Pague Menos poderia encerrar o ano com uma alavancagem financeira de 1,9x a sua dívida líquida (visão exc. antecipação de recebíveis). É um cenário completamente razoável!
A um passo de upgrade de nossa recomendação, iremos digerir sobre as tendências de vendas relativas ao 4º trimestre e elaborar expectativas para 2025. Voltamos após o earnings season com mais insights sobre a tese. Por ora, recomendação de MANTER e preço-alvo 12m de R$ 3,10.
Mais uma entrega positiva de vendas
Concretizando nossas expectativas, a Pague Menos reportou uma sólida performance de vendas, consolidando mais uma aceleração sequencial do ritmo de crescimento. Além das conversões bem-sucedidas da bandeira Extrafarma, as vendas foram impulsionadas pelas iniciativas implementadas desde o início do ano, para otimizar a operação das lojas, aumentando o tráfego de clientes e a recorrência de compras.
A companhia reportou um faturamento bruto consolidado de R$ 3,5b (+13,9% a/a), em linha com nossas estimativas (+0,9% vs. Est. Genial). Já tendo finalizado as aberturas orçadas para este ano, a maior parte do crescimento veio da performance das lojas maduras. O Same Store Sales totalizou +13,6% a/a, superando nossas estimativas em +114bps.
Destaque para a performance das conversões
Ambas as bandeiras apresentaram aceleração na visão Same Store Sales. Em Pague Menos o crescimento na visão ‘Mesmas Lojas’ foi de +12,6% a/a (vs. 10,5% a/a no 2T24). O destaque foi novamente a performance de Extrafarma, que reportou um SSS de 18,5% a/a (vs. 15,8% no 2T24).
Esse desempenho é atribuído as conversões que a empresa vem realizando ao longo do último ano (111 unidades ao final do trimestre) – com lojas convertidas apresentando um crescimento de 30,4% a/a vs. um crescimento de 13,7% a/a nas demais lojas Extrafarma.
Forte expansão do resultado operacional
A margem bruta se manteve estável em comparação ao ano passado (+7bps a/a). Entendemos que pressões resultantes de uma maior penetração de medicamentos de marca, foram compensadas por melhores condições comerciais e uma melhora no índice de perdas. A companhia reportou um lucro bruto consolidado de R$ 1,0b (+14,2% a/a; +1,5% vs. Est. Genial), com uma margem de 29,4% (+7bps a/a).
Conforme nossas expectativas, o robusto crescimento do top line acima da inflação permitiu uma importante diluição das despesas com vendas (-80bps a/a). As despesas G&A se mantiveram relativamente estáveis em relação à receita bruta.
Com uma maior alavancagem operacional, a companhia reportou um importante crescimento do EBITDA (+41% a/a), vindoem linha com nossas projeções (+1,3% vs. Est. Genial). O EBITDA (contábil; IAS 17) foi reportado em R$ 184m (+40,7% a/a) com uma margem de 5,3% (+100bps a/a).
Revertendo o prejuízo
Com o trabalho de liability management que a companhia vem realizando (reduzindo custos de financiamento e alongando prazos), aliado à redução das taxas de juros, o nível de despesas financeiras apresentou uma forte redução de -31,4% a/a.
Essa dinâmica resultou em um resultado financeiro líquido inferior às nossas estimativas (-15,4% vs. Est. Genial), fazendo com que a última linha superasse nossas projeções.
Com uma sólida performance operacional e a contínua trajetória de queda das despesas financeiras, a companhia consolidou mais um trimestre positivo para o bottom line.
A Pague Menos reportou um lucro líquido (contábil; IAS 17) de R$ 35 milhões, superando nossas expectativas (+24,7% vs. Est. Genial) e revertendo o prejuízo de -R$ 18 milhões reportado no ano passado.
Avanços no fluxo de caixa
O ciclo de caixa operacional apresentou uma redução de 9 dias a/a – principalmente em função da contínua redução do nível de estoques (-11 dias a/a), dada a continua normalização do inventário após a integração logística com a Extrafarma, e pelo aumento do prazo médio de pagamento (+5 dias a/a), refletindo melhor condições comerciais.
Combinando a melhor gestão do capital de giro aos avanços no resultado operacional, a companhia reportou uma geração de caixa operacional de R$ 373m, um valor mais de 2x superior ao mesmo período do ano passado.
Contínua trajetória de desalavancagem
A companhia segue comprometida com sua trajetória de desalavancagem financeira, reduzindo sequencialmente a dívida líquida em -R$ 75 milhões. A relação dívida líquida / EBITDA aj. chegou 2,2x – uma redução de 0,2x em comparação com o 3T23.
Se considerarmos antecipações de recebíveis e as parcelas pagas da aquisição da Extrafarma (que consumiram parte da geração de caixa nos últimos trimestres), a alavancagem financeira é de 2,8x vs. de 3,8x no 3T23.
Tabela 1. Expectativas Genial vs. Consolidado Pague Menos no 3T24 (visão contábil; IAS 17; R$ milhões).