Em um mês de dezembro movimentado, a Pague Menos divulgou três fatos relevantes. O primeiro que consiste na mudança do CEO, seguido pela revisão do guidance de novas aberturas e, por último, um aumento de capital somado a uma distribuição de Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Com a revisão do guidance, números mais cautelosos em necessidade de capital de giro e expansão de margem EBITDA, seguimos com nossa recomendação de manter e estamos reduzindo nosso preço-alvo de Pague Menos para R$ 4,60 (anteriormente em R$ 5,20).
Primeiro fato: Mudança do CEO. Positiva. Com uma vasta experiência no segmento farmacêutico, somando 11 anos de Roche e 12 anos de Bayer, acreditamos que o Sr. Jonas Marques é um candidato qualificado para liderar as operações da Pague Menos.
O novo executivo tomará posse como Diretor Presidente no dia 04/abril e continuará com a missão da companhia de colher os frutos de sinergias da aquisição da Extrafarma, diminuir a alavancagem financeira e expandir a margem operacional.
O Sr. Mário Queirós, que está no cargo há 8 anos, será indicado para o Conselho de Administração da companhia e iniciará o processo de transição com o Sr. Jonas a partir do dia 04/jan.
Segundo fato: Revisão do guidance. Negativo. Em 21 de outubro de 2022, a Pague Menos realizou um investor day com foco em trazer ao mercado atualizações dos seus principais planos estratégicos, considerando expansão da rede, hub de saúde, sinergias colhidas com a Extrafarma, entre outros.
Dentro da apresentação, os executivos forneceram um guidance de novas aberturas brutas para 2023e e 2024e, planejando inaugurar 60 e 120 lojas, respectivamente.
Entretanto, no início do ano, como escrevemos em nosso relatório de resultados do 1T23 (confira aqui), a Pague Menos revisou seu guidance de 2023e, reduzindo as aberturas brutas de 60 para apenas 20, enquanto suas principais concorrentes reiteravam seus respectivos cronogramas.
Diante de um ambiente com custo de capital elevado, maiores custos de dívida – com alavancagem superior à seus pares -, e um maior grau de seletividade em relação ao uso do capital, era esperado que o guidance para 2024e fosse afetado. Projetávamos, para o próximo ano, um cronograma de aberturas com 80 lojas brutas, representando uma queda de -33% frente à expectativa inicial.
Por fim, no dia 19/dez, a Pague Menos anunciou mais uma revisão do guidance, desta vez para o ano de 2024e. O novo cronograma reduz as aberturas brutas de 120 para 30 unidades (-63% vs. Est. Genial). Consideramos que os motivos para o novo ajuste são os mesmos desafios mencionados anteriormente, no contexto da revisão do primeiro guidance.
Terceiro fato: Aumento de Capital. Com um guidance de DL/EBITDA estipulado de 1,7x para final de 2024, a Pague Menos está endereçando sua agenda de desalavancagem. Sendo o terceiro aumento de capital no ano, a companhia busca captar entre R$ 114 até R$ 136 milhões no mercado.
Apesar dos respectivos aumentos de capital serem positivos para reduzir a alavancagem, têm como contrapartida a necessidade de recorrer ao mercado pela terceira vez no ano para encaminhar essa questão e as sucessivas diluições dos acionistas que não acompanharam os processos de aumento de capital.
Em meio a esse cenário, estimamos uma alavancagem de 2,5x DL/EBITDA IAS17 2024e (sem incorporar o último anúncio de aumento de capital), permanecendo acima do cronograma estabelecido pela companhia. Caso a companhia capte o topo da faixa de aproximadamente R$ 136 milhões, projetamos a DL/EBITDA IAS17 no 4T23 indo para 2,9x e, 2024e, para 2,3x.