O que aconteceu?
O valor de mercado do GPA evaporou de R$ 5,30 bilhões para R$ 1,85 bilhão ao final do pregão dessa quarta-feira (23/ago) – uma queda de 65% de um dia para o outro. Mas, não existe motivo para entrar em pânico: o GPA entregou parte de sua participação na varejista colombiana aos seus acionistas e o preço de hoje reflete isso.
Após o encerramento do pregão da terça-feira (22/ago), as ações do GPA passaram a negociar pós-segregação entre os seus ativos brasileiros e os de sua ex controlada, Grupo Éxito.
Na prática, isso significa dizer que se você detinha uma posição em GPA (PCAR3) até a data de corte (22), deve notar que em sua corretora aparecerá um novo ativo, referente ao BDR do Grupo Éxito (EXCO32). O crédito deve acontecer até a sexta-feira (25/ago).
O GPA entregou aos seus acionistas 1,08 bilhão de ações do Éxito, na proporção de 1BDR do Éxito para cada ação do PCAR3 − cada recibo de ação representando 4 ações do Éxito. A transação foi concluída via redução de capital na ordem de R$ 7,13 bilhões, com o GPA distribuindo aproximadamente 83% das ações do Éxito e mantendo um controle minoritário de 13% no Éxito (potencial monetização no futuro).
Vale a pena ver de novo
Algo parecido aconteceu em meados de 2021, quando o GPA (PCAR3) e o Assaí (ASAI3) realizaram um spin-off entre seus negócios. No fatídico dia, os papéis ASAI3 chegaram subir mais de 400%, enquanto o PCAR3 chegou a cair mais de 70% durante o pregão.
É tudo uma questão de reequilíbrio de preços. Frente a um reajuste patrimonial, o mercado começa precificar os valores dos ativos segregados.
PCAR3 e EXCO32 abriram o pregão dessa quarta-feira cotados a R$ 8,14 e R$ 11,51, respectivamente. A soma é o mesmo valor do fechamento de PCAR3 ontem − exatos R$ 19,65.
Ao final do pregão dessa quarta-feira, PCAR3 e EXCO32 encerraram o dia cotados a R$ 6,56 (-19,4%) e R$ 14,35 (+24,6%), respectivamente. A soma dos ativos dá R$ 20,91 (+6,4% em relação à soma do valor ontem). Ou seja, no final, o investidor que tinha PCAR3 ontem e segurou PCAR3 e EXCO32 hoje não perdeu dinheiro, dada a forte valorização do BDR.
Antes da cisão, o mercado atribuía que o GPA destruía valor do grupo. Em dados de 22/ago, o Éxito negociava um valor de mercado de R$ 6,13 bilhões na bolsa colombiana – uma cifra consideravelmente superior ao R$ 5,30 bilhões de mkt cap do ativo PCAR3 na bolsa brasileira.
Chegou a hora do mercado corrigir distorções. Não acreditamos que essa volatilidade deva se repetir com tamanha magnitude ao longo dos próximos pregões, contudo, a oportunidade de risco-retorno está servida!
Em nossa visão, a companhia está em um momento crucial de alavancagem operacional e recomposição de margens. Falamos sobre isso em nosso último relatório!
Com as novas estratégias de aumento de exposição e vendas de perecíveis surtindo efeitos positivos e considerando o início da retomada de fluxo para supermercados premium (anteriormente concentrada no modelo de atacarejo), projetamos que, ao final de 2023, o GPA deve alcançar uma margem EBITDA de 7,0% (+40bps a/a), se aproximando de 8,0% ao final de 2024 (porém um pouco abaixo do guidance dado pela companhia).
Ao nosso ver, existem, ao menos, cinco triggers positivos que podem fazer o caixa do GPA ganhar tração no curto e médio prazo: (I) spin-off do Éxito (já realizado); (II) alavancagem operacional e recomposição de margens; (III) venda da participação de 34% da CNova (braço de comércio eletrônico europeu do Casino); (IV) venda da operação de postos de combustíveis; e (V) negócios imobiliários, como a alienação da sede (SP) e a venda do terreno próprio do Rio de Janeiro.
No preço de fechamento da quarta-feira (23), a R$ 6,76, e considerando a dívida líquida de R$ 2,9 bilhões e arrendamento de R$ 4,18 bilhões, PCAR3 negocia a 5,2x EV/EBITDA 2024 (Est. Genial) – descontada em relação ao setor. Mantemos a nossa recomendação de COMPRA!