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    Publicado em 06 de Agosto às 23:32:02

    GPA (PCAR3) | Resultado 2T24: Magnífico!

    Encerrado o pregão da terça-feira (06/ago), o GPA reportou as cifras referentes ao 2º trimestre de 2024. Foi um bom resultado! Apesar da bandeira Pão de Açúcar desacelerar as vendas de forma mais intensa do que o projetado (-3,2% vs. Est. Genial), vimos uma forte redução no custo de mercadorias vendidas mais do que compensar o efeito no lucro operacional da companhia nesse trimestre – com o EBITDA aj. se consolidando +2,7% acima de nossa expectativa.

    Até onde a margem bruta do GPA pode chegar? Com uma rentabilidade bruta de 28,2% (+80bps vs. Est. Genial), acreditamos que essa linha deve tomar os holofotes do mercado nos próximos trimestres. Vale destacar que, para este 2º trimestre, já éramos uma das casas mais otimistas em relação margem bruta esperada. O consenso da Bloomberg, atualizado em 10/jul, mostrava que o mercado esperava uma margem de 27,2% – EM LETRAS GARRAFAIS, ISSO SIGNIFICA 100BPS ABAIXO DO CONSOLIDADO PELA COMPANHIA NO TRIMESTRE.

    Se mesmo diante de um fraco crescimento de vendas, onde a companhia emplacou um Same Store Sales abaixo da inflação alimentar no período (+3,4% a/a vs. inflação alimentar de +4,9%), o GPA conseguiu apresentar uma margem operacional de incríveis 8,8% (a maior do setor até este momento), imagina o que o grupo pode fazer quando as vendas normalizarem acima da inflação e diluírem ainda mais as despesas fixas?

    Correndo o risco de soar repetitivo, mas GPA tem executado um turnaround primoroso de assistir! Entendemos que o primeiro ciclo desse processo finalmente chega ao fim, com a companhia encerrando os desinvestimentos de todos os ativos non-core (Éxito, Cnova e postos de combustíveis).

    Com uma forte redução na alavancagem financeira, que saiu de 6,5x em jun/23 para 4,1x em jun/24 (visão Genial – IFRS 16 inc. arrendamento e exc. recebíveis), a companhia já endereça o segundo ciclo do turnaround, onde a desalavancagem deve acontecer através de um GPA mais rentável, com o lucro operacional caminhando para o duplo dígito, e com um maior controle sobre o capital de giro e capex, levando a um gradual processo de geração de caixa.

    Mas nem tudo são flores e é preciso entender os riscos! O alto valor de contingências não provisionados pode ainda ser uma dor de cabeça para a tese no médio prazo, o montante soma cerca de R$ 11,0 bilhões off-balance. O montante é parecido com o passivo não provisionado pelo Carrefour (R$ 11,1 bilhões) e consideravelmente maior do que o Assaí (R$ 2,1 bilhões) e o Grupo Mateus (R$ 237 milhões).

    Ainda, olhando para o curto prazo, block trades do Casino pode criar um overhang sobre o papel e distorcer completamente o preço de tela da companhia em relação aos seus fundamentos. O antigo controlador possui 22,5% de participação na companhia e, conforme noticiado nas mídias nos últimos dias, deve vender a participação aos poucos, sem pressa – algo parecido com o que aconteceu com o Assaí nos últimos trimestres, onde foram executadas três ondas de venda ao longo de 9 meses.

    Esteja ciente, os riscos são altos, a volatilidade pode assustar, porém a recompensa pode valer a pena. Reiteramos a recomendação de COMPRAR e preço-alvo 12m de R$ 4,70 – potencial upside de 65% em relação ao fechamento do último pregão.

    Desaceleração de vendas

    As vendas do trimestre foram impactadas pelo deslocamento da Páscoa neste ano (mar/24 vs. abr/23), que gerou um maior abastecimento ao final do 1T24 e reduziu a demanda principalmente no mês de abril. Este cenário já era considerado em nossas projeções, porém, entendemos que o impacto foi mais forte do que esperávamos – levando a consolidação de um faturamento bruto -3,5% abaixo de nossas estimativas. 

    O GPA reportou uma receita bruta de R$ 4,8b (+2,1% a/a), com um Same Store Sales consolidado de +3,4% a/a. Na visão de bandeiras, o destaque segue sendo o formato de proximidade, aumentando o SSS na visão sequencial para 6,9% a/a.

    Rentabilidade surpreende positivamente

    O lucro bruto totalizou R$ 1,3b (+9,9% a/a), em linha com nossas estimativas (-0,3% vs. Est. Genial). A margem bruta atingiu seu maior patamar desde 2020, chegando a 28,2% – um forte ganho de 190bps a/a. 

    A direção e dinâmica se consolidou exatamente em linha ao que esperávamos, com a companhia se beneficiando de (i) maiores ganhos em negociações com fornecedores e (ii) da captura de ganhos da implementação do projeto de otimização promocional. Ainda assim, a intensidade superou as expectativas – permitindo a consolidação de uma margem +80bps acima de nossas projeções.

    Apesar da desaceleração de vendas, a companhia conseguiu reportar uma diluição de -20bps a/a das despesas operacionais. Entendemos que isso é resultado das iniciativas do projeto ‘Orçamento Base Zero’ que vem sendo implementado no contexto do turnaround.

    Somando essa dinâmica ao carrego positivo da margem bruta, a companhia consolidou uma expressiva expansão de +212bps a/a na rentabilidade operacional. O EBITDA ajustado foi reportado em R$ 396m (+34,9% a/a; +2,7% vs. Est. Genial), com uma margem de 8,8% (+212bps a/a; +50bps vs. Est. Genial) – já chegando perto do topo do guidance fornecido para o ano (de 8,0% a 9,0%).

    Financeiro ainda pesa no resultado

    Conforme o esperado, o resultado financeiro líquido não apresentou grande evolução. A redução da dívida bruta foi parcialmente compensada pelo início do reconhecimento dos juros referente ao programa de quitação de débitos de ICMS do governo de São Paulo.

    Com um montante de despesas financeiras superior às nossas expectativas e uma linha de IR/CSLL negativa (vs. positiva em R$ 13m Est. Genial), a companhia consolidou um bottom line 21% abaixo do projetado.

    Apesar de uma entrega operacional positiva, o montante pesado de despesas financeiras impede a última linha do resultado tenha maiores evoluções. O GPA reportou um prejuízo de operações continuadas de -R$ 272m – um aumento de R$ 52m em relação ao mesmo período do ano passado.

    Tabela 1: Resultado consolidado pelo GPA vs. Expectativa Genial (R$ milhões; IFRS 16).

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