Dividendos salvando a lavoura!
Por enquanto, mantemos a nossa recomendação de COMPRAR. Em nossa leitura, o resultado foi neutro do ponto de vista do consenso (apesar dos números terem vindo acima das nossas estimativas). Como esperado, a empresa apresentou outro resultado sólido em termos de EBITDA e geração de caixa, que no trimestre alcançou R$52 bilhões (12% no trimestre). Como grande surpresa deste resultado, citamos o anúncio de novos dividendos: R$3,35/ação (11,1%, apenas considerando esse dividendo de maneira isolada). Os proventos serão pagos em duas parcelas iguais (R$1,67/ação) nos dias 20/12/2022 e 19/01/2023. Somando esses valores à tudo que já foi distribuido ao longo de 2022, chegamos ao total de R$13,8/ação (46% em rendimentos vs atual valor de mercado). Com os novos proventos anunciados, o total de proventos distribuidos em 2022 alcançou R$180 bilhões, acima das nossas estimativa (R$110 bilhões). Realizando esse ajuste em nossos modelos de acordo com o valor total distribuido, a empresa fecharia o ano de 2022 com uma dívida líquida de US$54 bilhões – ainda abaixo do limite de US$60 bilhões, onde a empresa teria espaço para seguir em uma trajetória positiva de distribuição de novos dividendos extraordinários e alcançaria um endividamento de 0,8x Dívida Líquida/EBITDA 22E. Ou seja, não observamos nenhum exagero no pagamento desses valores à medida que a empresa segue em um momento de forte geração de caixa operacional e com dívida dentro do controle. Por enquanto, nossa recomendação de compra é pautada no fato da empresa negocia a múltiplos extremamente deprimidos (2,6x EV/EBITDA 23E, já ajustando o endividamento da empresa em 2023E ao total da distribuição de proventos ao longo de 2022). Aproveitamos também para introduzir o nosso novo preço-alvo de R$40/ação para PETR4, também ajustado pela distribuição de dividendos anunciada no dia de hoje.
Importante mencionar que os investimentos da empresa devem ficar entre US$9-10 bilhões ao longo de 2022. Ou seja, razoavelmente em linha com o pipeline de investimentos estimados pela empresa para o período de 2026 e alcançando as metas de produção estimadas para 2022 (2,6 milhões de barris equivalentes/dia).
Com a atual mudança no comando do executivo, os próximos passos da empresa precisam ser acompanhados de perto à medida que, por ora, o fluxo de notícia tem sido negativos para empresa – críticas à política de dividendos, política de paridade de preços e possíveis indicações políticas para cargos chave na empresa. Como mencionamos em nossa iniciação de cobertura, uma mudança agressiva na orientação estratégica da empresa e alterações nas “linhas de defesa” da mesma são pontos que podem nos levar a alterar a nossa recomendação para o papel.
Detalhamento do Resultado 3T22 para Petrobras
EBITDA divulgado foi acima das nossas estimativas e em linha com consenso do mercado. A empresa apresentou resultados em linha com os números do consenso, mas acima das nossas estimativas para o 3T22. A receita totalizou R$170 bilhões, em linha com o trimestre passado. O preço do petróleo realizado no segmento de exploração e produção (“E&P”) foi de US$ 98,8/bbl (vs. média US$ 100,8/bbl no trimestre). A produção no segmento de E&P foi de 2,6 Mboed no 3T22, em linha com o trimestre passado. No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (“RTC”), o volume total da produção foi de 1,750 Mbpd e uma taxa de utiliação do parque de refino de 88%. O EBITDA consolidado recorrente ficou em R$92,3 bilhões e com uma geração de caixa livre de R$52,9 bilhões (> de 50% de Fluxo de Caixa Livre/Valor de Mercado em termos anualizados). Os investimentos no 3T22 foram de US$2,1 bi (US$7 bilhões no 9M22). Dívida Líquida alcançou R$256,7 bilhões (US$47,8 bilhões) no 3T22, números que ainda observamos como confortáveis, tanto para seguir com seu plano de investimentos e eventuais dividendos extraordinários caso o preço do brent continue em valores elevados (US$87/barril em 2023E, de acordo com as nossas estimativas). O lucro líquido do trimestre foi de R$46,1 bilhões.