Por enquanto, mantemos a nossa recomendação de manter. Avaliamos os resultados da Petrobras como positivos. A empresa continuou apresentando bons indicadores operacionais, mantendo a produção de E&P e de Refino em linha com os trimestres passados e dentro da meta estipulada. A empresa fechou o ano com US$41,5 bilhões de dívida líquida, endividamento de 0,63x dívida líquida/EBITDA, ainda dentro do limite estabelecido de US$60 bilhões da politica de dividendos, o que fez com que um novo anúncio de distribuição de proventos fosse anunciado. A empresa divulgou mais um pagamento de dividendos extraordinários, no total de R$35,8 bilhões (dividend yield de 10,8% em relação as cotações atuais). Somando todos os valores pagos em 2022, a empresa totalizou R$215 bilhões ou R$16,5/ação, dividend yield, aos valores de hoje, de 65%. Apesar do operacional estar funcionando muito bem, como já destacamos em outros relatórios, inclusive em nosso mais recente, sobre a taxação da exportação de óleo cru (clique aqui), a companhia esta sujeita a diversos riscos ligados ao seu acionista controlador, motivo esse que nos leva a continuar com nossa recomendação de MANTER, apesar de suas ações negociarem em múltiplos bem descontados em relação aos pares privados. Vale mencionar que o governo federal já deixou claro o seu intuito de passar a reter os dividendos da empresa e de introduzir uma política de preços que seja distinta da paridade internacional. Ainda assim, estimamos um rendimento em dividendos de c. 9% em relação as cotações atuais se considerarmos o atual preço de fechamento de PETR4 e um pay-out de 25% em relação ao nosso lucro líquido estimado para 2023E.
Detalhamento do Resultado 4T22 para Petrobras
EBITDA ajustado ficou acima das nossas estimativas e do consenso. A receita totalizou R$158 bilhões no 4T22, 7% se comparado ao trimestre passado, devido a desvalorização de 12% do Brent entre os trimestres, enquanto a receita anual cresceu 42% a/a, chegando à R$641 bilhões, impulsionado pelo Brent de US$101/bbl em 2022, contra US$70,7/bbl em 2021.
A produção no segmento de E&P fechou o último trimestre do ano em de 2,6 Mboed, em linha com o trimestre passado e ligeiramente acima da meta de produção para 2023. No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (“RTC”), o volume total produzido foi de 1,7 Mbpd e uma taxa de utilização do parque de refino de 86%, ambos os parâmetros em linha com o 3T22.
As despesas operacionais totalizaram R$18,1 bilhões, crescimento de 47% em relação a trimestre passado, em decorrência de maiores gastos com impairment, com despesas exploratórias na área de Sergipe e Alagoas. O EBITDA consolidado recorrente ficou em R$75,5 bilhões e com uma geração de caixa livre de R$48,8 bilhões. Os investimentos no 4T22 foram de US$2,8 bilhões, totalizando US$10 bilhões no ano.
Por fim, a dívida Líquida alcançou R$216,6 bilhões (US$41,5 bilhões) no 4T22, fechando o ano com uma Dívida Líquida/EBITDA de 0,63, números que consideramos confortáveis para seguir com seu plano de investimentos e pagar dividendos extraordinários, caso da política atual não seja alterada. No 4T22, a companhia anunciou o pagamento de R$35,8 bilhões em dividendos, cerca de R$2,75/ação, com dividend yield de 10,8%, de acordo com a cotação de 1/03/2023.
Assim, a empresa conclui o ano de 2022, com um lucro líquido de R$188 bilhões, sendo R$43,5 bilhões no 4T22.