Mantemos a recomendação de MANTER para as ações da PETR4. A Petrobras divulgou sua teleconferência de resultados do 1T25 com um foco claro em: (i) austeridade, (ii) disciplina de capital e (iii) redução de custos. Entendemos que o resultado desse trimestre foi razoável em termos de operação, mas o ainda alto nível de CAPEX e preços de Brent (US$60-65/barril) mais baixos pressionaram negativamente (leia mais aqui: Petrobras (PETR4) | Resultado 1T25: Bom! Mas alguns pontos merecem atenção…). Dito isso, entendemos que a teleconferência ressaltou a preocupação da diretoria com um cenário mais adverso ao preço da commodity. Os pontos comentados inicialmente, citados pela CEO Magda Chambriard, foram mais detalhados durante o evento e se tornaram no principal ponto de atenção dos investidores durante a sessão de Q&A (Perguntas e Respostas). Abaixo, detalhamos os destaques do evento.
Principais pontos discutidos
I) Austeridade, Disciplina de Capital e Redução de Custos
Esse foi o principal e inicial ponto ressaltado durante a teleconferência. Dentre os destaques, a diretoria comentou (i) o foco em corte de despesas corporativas; (ii) a priorização de projetos com retornos mais rápido e maior geração de caixa e (iii) otimização de escopos de projetos. A estratégia é preservar o caixa e manter a sustentabilidade financeira no atual cenário de deterioração de preços. Ainda assim, em 2025, o guidance continua em US$18,5 bilhões (com possível variação de ~10%): é esperada uma queda trimestral em 2T25 e 3T25, mas um retorno em 4T25, com uma concentração maior das medições. Isso significa que não há alterações na tese para o curto e médio prazo. Uma vez mais, mencionamos que aplicamos apenas 85% do guidance de investimentos do guidance da empresa.
II) Revisão do Plano Estratégico 2026-2030
Além disso, a companhia revelou que o próximo Plano Estratégico 2026-2030, apresentação realizada ao final de cada ano pela estatal para os 5 anos seguintes, deve ser adaptado considerando o cenário desafiador de preço de petróleo. Atualmente, a companhia apresenta um breakeven médio do portfólio em US$28/barril. A diretoria ressaltou que os projetos da Petrobras estão sendo analisados com testes de viabilidade com Brent a US$45/barril.
III) Exploração da Margem Equatorial
Um dos pontos levantados pela estatal foi a questão da exploração na região da Margem Equatorial. Aqui, 3 principais pontos foram revelados pela companhia. I) Licenciamento: a Petrobras aguarda a aprovação final do IBAMA para iniciar a perfuração do primeiro poço ainda em 2025. II) Investimento previsto: São reservados US$3 bilhões para a exploração na região, com 15 poços planejados nos próximos 5 anos. III) Preparação operacional: A companhia já realizou testes bem sucedidos, como de resgate de animais em possíveis incidentes, simulações e equipamentos que aguardam a autorização do IBAMA.
IV) Produção e Ramp-up de FPSOs
A diretoria deixou clara a previsão de produção dentro da faixa do guidance da companhia: 2,8 milhões de barris/dia para 2025. Esse ganho advirá principalmente do ramp-up já observado em FPSO Almirante Tamandaré e Maria Quitéria. Os destaques operacionais se estendem ao FPSO Alexandre Gusmão, cuja ancoragem foi realizada em 10 dias (o recorde para companhia) e cujo incremento de produção (~180kboed) deve acontecer ainda no final do 2T25.
V) Estratégia no Refino
Para o segmento de refino, a diretoria ressaltou o ajuste do perfil de produção para atendimento das demandas internas do diesel, com aumento da produção do diesel S-10 (menor emissão de enxofre). Além disso, os planos de modernização e revitalização de ativos, incluindo a RNEST devem continuar a aumentar a capacidade e eficiência operacional.
VI) Mercado de Gás e LNG
A respeito do mercado de gás e LNG, foi citada a competição mais acirrada, com entrada de novos fornecedores e clientes do mercado livre, o que gera uma estratégia mais agressiva de preços. O ativo Boaventura (Rota 3) deve expandir a capacidade de processamento de gás natural e, por consequência, suportar melhor os resultados da área nos próximos trimestres. Além disso, (i) novos contratos com indústrias e (ii) flexibilização dos contratos com distribuidoras deve amplificar o segmento para frente.
VII) Endividamento e Política de Dividendos
A dívida bruta subiu com a entrada de plataformas arrendadas (impacto do custo de leasing, classificado como dívida contabilmente pelo IFRS-16), mas ainda permanece dentro do teto de US$75 bilhões, divulgado no último Plano Estratégico 2025-2029. A respeito de dividendos, a companhia reforçou a continuidade da política de dividendos obrigatórios (45% do fluxo de caixa livre). Naturalmente, um cenário de Brent mais baixo deve reduzir o valor nominal absoluto a ser distribuído. Dessa forma, podemos esperar um maior equilíbrio de retorno aos acionistas com preservação e disciplina de capital. Dividendos extraordinários deverão ser distribuídos apenas em caso de geração de caixa acima do esperado, mantendo os patamares de alavancagem em níveis considerados saudáveis para a Petrobras.