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    Publicado em 02 de Setembro às 19:39:50

    Petrobras (PETR4) | Rastreador de Preços de Combustíveis (02/09/2024)

    Conclusão: De acordo com o nosso rastreador de preços vs. Preços de Paridade de Importação, o preço médio praticado pelas refinarias da Petrobras foi de R$3,05/litro e R$3,68/litro para gasolina e diesel, respectivamente, sem mudanças s/s. Conforme nossas estimativas, para o preço em linha com a paridade de preços internacional, a gasolina e o diesel deveriam custar pelo menos R$3,17/litro e R$3,63/litro, respectivamente. Em nossa conclusão, os preços praticados nas refinarias da Petrobras estão com deságio de -4,1% na gasolina (R$0,12/litro) e ágio de 1,3% no diesel (R$0,05/litro) versus a paridade de preços do mercado internacional. Ou seja, atualmente, os preços praticados no Brasil estão razoavelmente em linha com a paridade. Dito isso, acreditamos que a Petrobras pode seguir se aproveitando dos altos preços do brent sem se preocupar com a eventuais necessidades de subsídio por parte do segmento de refino.

    Segundo a Abicom, o preço praticado pelos principais polos da Petrobras apresenta hoje uma defasagem de ~1% em relação ao PPI. Semelhante ao cenário discutido na semana passada, o panorama ainda se mostra favorável para a Petrobras, especialmente devido a notícias recentes sobre o possível fornecimento de mísseis do Irã à Rússia e o risco iminente de um conflito no Oriente Médio. Esses fatores impulsionaram os contratos futuros do petróleo a novas máximas intradiárias, permitindo que a Petrobras absorva com certa facilidade essa alta da commodity, sem precisar reter preços no segmento de refino. Para mais detalhes, confira o link do nosso relatório anterior “Rastreador de Preços de Combustíveis (26/08/2024)”, onde aprofundamos um pouco mais nossa análise e opinião acerca desse assunto.

    Qual objetivo desse “rastreador de preços”?

    Esse documento é publicado todas as segundas-feiras e terá como objetivo fazer o acompanhamento de venda dos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobrás versus o “preço-justo” estimado pela nossa metodologia. Como já mencionamos anteriormente, não temos a pretensão de sermos exatos e precisos nessa estimativa à medida que a própria Petrobras não traz a abertura exata por detrás da fórmula. Diversas instituições acabam por divulgar seus próprios números, sem que necessariamente cheguem a mesma conclusão, como exemplo as publicações da ABICOM e ANP. Esperamos que esse documento sirva como um “termômetro” a percepção de risco de ingerência por detrás da precificação dos combustíveis comercializados pela Petrobras.

    Como calculamos o Preço de Paridade de Importação?

    O PPI é resultado de um cálculo que visa achar o custo de internalização dos derivados de petróleo no território brasileiro. Em linhas gerais ele leva em conta o custo do barril no exterior, os custos de transporte, taxas portuárias e a flutuação do câmbio. Todos esses fatores são variáveis no tempo e nem sempre as informações são abertas e disponibilizadas para um cálculo preciso. Para facilitar o acesso à informação, a partir de novembro de 2018, a ANP passou a divulgar semanalmente uma referência de formação de preços no país, utilizando como base dados levantados pela empresa de consultoria S&P Global Platts. O mesmo acontece com a ABICOM (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), que também divulga diariamente o PPI calculado a partir de suas fontes. Ainda assim, devido a pluralidade de variáveis e fontes de informação, as duas organizações acima apresentam um PPI divergente.

    Em razão disso, estamos iniciando nosso acompanhador de preços para a gasolina e o diesel, a partir de nossas estimativas. Nossa metodologia para o cálculo do PPI está detalhada abaixo:

    1. Para o custo de aquisição do barril, utilizavamos o preço de referência de comercialização da Costa do Golfo, em virtude da proximidade geográfica e por ser a principal fonte de derivados para as empresas importadoras brasileiras. Infelizmente, essa fonte de dados foi descontinuada. Agora, como alternativa, ainda que não ideal, estamos utilizando o preço de referência de comercialização médio dos Estados Unidos e realizando um ajuste nos dados para se aproximar do indicador antigo, uma vez que os preços da Costa do Golfo são menores do que a média do país. Ambos os dados de preço são obtidos através da plataforma Bloomberg.
    2. Nos Estados Unidos, existe uma política de incentivo ao uso de combustíveis renováveis, o RVO (Renewable Volume Obligations), semelhante ao renovabio brasileiro, que visa a redução das emissões de gases do efeito estufa. A inclusão desses biocombustíveis é de responsabilidade das refinarias americanas, sendo parte do preço de comercialização do barril. Entretanto, o RVO não é obrigatório para a exportação de derivados, assim, o preço obtido em (1) não representa o real custo do barril para as importadoras, fazendo-se necessário ajustar o preço e retirar o custo do RVO. Para isso, a partir das proporções de volumes de biocombustíveis obrigatórios na mistura final, dadas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) americana e, dos preços de negociação desses combustíveis, conseguimos estimar o custo desse programa no preço do barril.
    3. A gasolina comercializada na Costa do Golfo apresenta melhor qualidade (octanagem) do que a brasileira, desse modo, aplica-se um desconto ao preço do barril para que os produtos se tornem compatíveis.
    4. Há ainda o custo logístico de importação dos derivados que inclui custo de frete marítimo, impostos, taxas portuárias, custos de transporte rodoviário, entre outros. Devido as proporções continentais do Brasil, esses custos variam entre regiões, sendo possível dizer que no Brasil existem diversos PPI’s. Esses custos não são públicos, então para obter uma estimativa plausível, a partir do PPI divulgado pela ANP, fizemos o caminho oposto, seguindo todos os passos acima, para acharmos a estimativa do custo logístico por barril.
    5. Por fim, após a compra do derivado, entre o Golfo e os portos brasileiros há uma viagem que varia entre 2 e 3 semanas e, para refletir isso no cálculo, os valores de comparação foram defasados em 3 semanas simulando essa diferença entre obtenção do produto no exterior e comercialização no território nacional.
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