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    Publicado em 11 de Março às 17:42:40

    Petrobras (PETR4) | Rastreador de Preços de Combustíveis (11/03/25) – Preços Mais Altos Por Quanto Tempo?

    Conclusão: A média praticada pelas refinarias da Petrobras foi de R$ 3,06/litro para gasolina e R$ 3,84/litro para diesel, de acordo com o nosso Rastreador de Preços vs. Preços de Paridade de Importação (PPI). Os preços estão estáveis com o nosso último rastreador (realizado no dia 18/02). Em nossas estimativas, podemos concluir que a gasolina apresenta um patamar de preço condizente a paridade internacional. No caso do diesel observamos inclusive um ágio de ~7%, indicando que o derivado está atualmente com um preço superior em relação ao praticado internacionalmente (de R$3,58, segundo nossas contas).

    Dentre os motivos que podemos pontuar para a estabilidade do preço da gasolina e o ágio no preço do diesel, destacamos: (i) a depreciação do dólar, por volta de -5% nos últimos 2 meses; (ii) o reajuste do preço do diesel em +6,4%, realizado em 31/01; e (iii) a queda do valor do Brent, com uma performance de -8% desde o início do ano até agora. Tais fatores contribuíram para que os preços praticados nas refinarias da Petrobras apresentassem um valor mais alto, especialmente no caso do diesel.

    Relembramos que, recentemente, o ministro de Minas e Energia declarou que espera uma redução do preço dos combustíveis, embora não pretenda intervir diretamente na governança da companhia (leia a notícia aqui). Essa notícia reacende a discussão sobre a gasolina e o diesel, que até final de Janeiro, apresentavam defasagem com os preços internacionais. Sem indícios de nenhuma intervenção governamental, seguimos atentos para os desdobramentos em relação as estratégias no segmento de refino da companhia.

    Qual o objetivo deste “rastreador de preços”?

    Este documento tem como objetivo acompanhar os preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias da Petrobras em comparação com o “preço justo” estimado por nossa metodologia. Como já mencionamos, não pretendemos alcançar exatidão ou precisão absoluta, uma vez que a Petrobras não divulga abertamente os detalhes por trás de sua fórmula de precificação.

    Diversas instituições também publicam seus próprios cálculos, frequentemente chegando a conclusões divergentes, como é o caso das estimativas da Abicom e da ANP. Esperamos que este documento funcione como um “termômetro” para a percepção de risco de ingerência política na definição dos preços dos combustíveis comercializados pela Petrobras.

    Como calculamos o Preço de Paridade de Importação?

    O PPI é o resultado de um cálculo que estima o custo de internalização dos derivados de petróleo no Brasil. Em linhas gerais, ele considera o preço do barril no mercado externo, custos de transporte, taxas portuárias e a flutuação do câmbio.

    Esses fatores são variáveis no tempo, e nem todas as informações necessárias estão sempre disponíveis, dificultando um cálculo absolutamente preciso. Desde novembro de 2018, a ANP divulga semanalmente uma referência de formação de preços no país, utilizando dados da S&P Global Platts. A Abicom também publica diariamente o PPI, com base em suas próprias fontes. No entanto, devido à diversidade de variáveis e metodologias, os cálculos dessas instituições frequentemente divergem.

    Com isso em mente, criamos nosso próprio rastreador de preços para gasolina e diesel, utilizando a seguinte metodologia:

    1. Custo de aquisição do barril:
      Utilizamos, inicialmente, o preço de referência de comercialização da Costa do Golfo, devido à proximidade geográfica e à relevância dessa região como principal fonte de derivados para as empresas importadoras brasileiras. Com a descontinuidade dessa fonte, passamos a utilizar o preço médio dos Estados Unidos, ajustado para se aproximar do indicador antigo, já que os preços da Costa do Golfo eram mais baixos do que a média nacional. Esses dados são obtidos via Bloomberg.
    2. Ajustes relacionados ao RVO (Renewable Volume Obligations):
      Nos Estados Unidos, as refinarias são responsáveis por incluir biocombustíveis no combustível final, como parte da política de redução de emissões de gases de efeito estufa. No entanto, esse custo não é aplicado aos derivados destinados à exportação. Assim, ajustamos o preço do barril para excluir o custo associado ao RVO, com base nas proporções obrigatórias de biocombustíveis definidas pela EPA (Environmental Protection Agency) e nos preços desses combustíveis.
    3. Qualidade do combustível:
      A gasolina comercializada na Costa do Golfo possui maior octanagem do que a brasileira. Por isso, aplicamos um desconto ao preço do barril para torná-lo compatível com os padrões nacionais.
    4. Custos logísticos:
      Incluímos os custos de transporte marítimo, impostos, taxas portuárias, transporte rodoviário e outros fatores. Devido às dimensões continentais do Brasil, esses custos variam entre regiões, o que cria diferentes PPIs dentro do país. Como esses custos não são públicos, estimamos seu impacto a partir do PPI divulgado pela ANP, retrocalculando os custos logísticos necessários para compor o preço final.
    5. Defasagem temporal:
      Consideramos um intervalo de 2 a 3 semanas entre a aquisição do derivado no exterior e sua comercialização no Brasil. Assim, ajustamos os valores de comparação para refletir essa defasagem temporal.

    Com essa metodologia, buscamos oferecer uma estimativa confiável do PPI, mesmo diante das limitações impostas pela falta de informações públicas e pela complexidade dos fatores envolvidos.

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