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    Publicado em 06 de Novembro às 23:20:37

    Petrobras (PETR4) | Resultado 3T25: Deu gosto de ver!

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    Bons dividendos, de novo!

    Continuamos com a nossa recomendação de MANTER. A empresa reportou acima dos nossas estimativas devido a produção recorde bom controle de custos no 3T25. Além do resultado sólido do ponto de vista operacional, a empresa anunciou a distribuição de R$12 bilhões (R$0,94/ação). Tal valor representa apenas dividendos regulares. Em nossa interpretação, apesar do resultado operacional acima das estimativas, o fluxo de caixa livre acabou sendo pressionado pelo maior volume de investimentos no trimestre (c. US$5,5 bilhões vs US$3-4 bilhões nos últimos trimestres) – ainda que maior parte dos volumes estejam sendo alocados no melhor segmento de negócio que a empresa pode atuar (Exploração & Produção). Resta aguardar o Planejamento Estratégico 2026-2030 a ser anunciado pela empresa no próximo dia 27/11 onde maiores detalhes devem ser anunciados. Vale lembrar que no trimestre passado a empresa oficializou via fato relevante o interesse em ingressar no segmento de distribuição. Sendo assim, apesar do recorde recente de produção e sólidos resultados, fortes emoções não devem ser descartadas até o dia do evento em si.

    Detalhamento do Resultado 3T25

    O que aconteceu? A Petrobras reportou resultado operacional e financeiro robusto no 3T25, com expansão de margens, forte geração de caixa e execução acelerada de projetos estratégicos. A receita líquida consolidada somou R$ 127,9 bilhões, avanço de 7,4% t/t, impulsionada pelo aumento de 8% na produção total e exportações recordes de 814 kbpd, que compensaram parcialmente o Brent ainda em patamar moderado após um trimestre marcado por grande volatilidade no preço da commodity (US$ 69,1/bbl, +1,8% t/t, -13,9% a/a). Conforme amplamente divulgado em seu relatório de produção e vendas, a empresa atingiu uma produção de 3,18 milhões de barris equivalentes no 3T25, atingindo uma meta de produção que era para ter sido materializada apenas em 2027!

    E&P segue como o motor do valor. O segmento de Exploração e Produção entregou outro trimestre exemplar, sustentando a resiliência estrutural do resultado consolidado. A receita do segmento atingiu R$ 85,8 bilhões (+5,1% t/t), com destaque para a performance do FPSO Almirante Tamandaré (Búzios), que alcançou 270 mil bpd, superando a capacidade nominal e consolidando o campo como o maior produtor do país. O EBITDA de E&P foi de R$ 59,5 bilhões (+17,3% t/t), e o lifting cost subiu levemente para US$ 6,30/boe (+5,6%), devido ao aumento de intervenções em poços e apreciação cambial, mas ainda entre os níveis mais competitivos globalmente.

    No Refino, Transporte e Comercialização (RTC), a receita foi de R$ 120,3 bilhões (+7,3% t/t), sustentada por maior volume de vendas internas (+12% em diesel) e aumento nas margens de QAV e gasolina, beneficiadas pela sazonalidade e pelo spread internacional. O lucro operacional mais que dobrou (R$ 4,7 bi; +145% t/t) com reversão de impairment do Complexo de Energias Boaventura, sinalizando retomada de rentabilidade no downstream. O custo de refino permaneceu sob controle (US$ 2,97/bbl) e o EBITDA cresceu 14%.

    O segmento de Gás e Energia apresentou receita estável (R$ 12,4 bi) com queda de 17,7% no EBITDA, afetado por reajustes negativos de preços de gás atrelados ao Brent e pela concorrência no mercado livre. Em compensação, a antecipação das térmicas Ibirité e TermoRio (1,12 GW) reforça a flexibilidade operacional e mostra execução eficiente na diversificação do portfólio.

    SG&A: normalização após o “efeito Jubarte”. As despesas operacionais recuaram significativamente para R$ 17,7 bilhões (-33% t/t), com normalização após o impacto não recorrente do AIP de Jubarte no trimestre anterior. As despesas gerais e administrativas ficaram em R$ 2,7 bilhões (+3,9% t/t), refletindo custos trabalhistas e pressões inflacionárias moderadas. No agregado, a empresa voltou ao seu patamar estrutural de eficiência operacional, o que explica parte relevante da expansão de margens no trimestre.

    O EBITDA ajustado alcançou R$ 63,9 bilhões (+22,3% t/t) e o EBITDA recorrente (excluindo eventos exclusivos) foi de R$ 65,1 bilhões (+12,5% t/t), com margem consolidada de 50% (+6 p.p. t/t). Essa performance confirma que a empresa segue operando com alta eficiência e geração operacional compatível com os grandes players globais de petróleo.

    Resultado financeiro e endividamento. O resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,3 bilhão refletiu a valorização cambial e ganhos com variações monetárias. A dívida líquida encerrou o trimestre em US$ 59,1 bilhões, praticamente estável, mantendo a alavancagem em 1,53x dívida líquida/EBITDA, dentro da política financeira e muito abaixo do limite estatutário (US$ 75 bi). O custo médio da dívida recuou levemente para 6,7% a.a., com prazo médio de 11,3 anos, reforçando o balanço sólido.

    O lucro líquido consolidado foi de R$ 32,7 bilhões (+22,7% t/t; +0,5% a/a). Excluindo itens não recorrentes, o lucro recorrente somou R$ 28,5 bilhões (+23% t/t), refletindo desempenho operacional superior e menores despesas. Mesmo num trimestre sem surpresas, a Petrobras mostrou consistência de resultados. .

    Investimentos (Capex) – o copo meio cheio. O Capex totalizou US$ 5,5 bilhões (+24,3% t/t), com US$ 4,7 bilhões concentrados em E&P (85% do total). Os destaques incluem avanço dos FPSOs Búzios 6–11 e Atapu/Sépia, além da entrada operacional da P-78. No acumulado do ano, os investimentos somam US$ 14 bilhões, equivalentes a ~76% do guidance anual de US$ 18,5 bilhões, indicando execução acelerada e aderência ao plano estratégico 2025–2029. Sendo assim, após muitos e muitos anos, a empresa deve entregar a meta de investimentos proposta em seu Planejamento Estratégico. O grande contexto aqui é: a empresa se tornou o que é hoje com um patamar de investimentos muito abaixo desse nível (US$8-15 bi/ano desde 2016). Sendo assim, uma realização de investimentos mais robustos é um ponto de atenção a tese, tendo em vista a interpretação da empresa ser vista como um “dividend player”. Entretanto, o copo está meio cheio: esse incremento de investimentos está sendo alocado no segmento de E&P e não em negócios exóticos ou M&As indesejados.

    Geração de caixa e dividendos – caixa forte, payout ajustado. O fluxo de caixa operacional atingiu R$ 53,7 bilhões (+26,5% t/t) e o fluxo de caixa livre foi de R$ 27 bilhões (+40% t/t) (c. rendimento de fluxo de caixa de 27% em termos anualizados – difícil de ser mantido caso o brent caminhe para casa dos US$60/barril). A Petrobras anunciou R$ 12,2 bilhões em dividendos referentes ao trimestre (R$ 0,94/ação), praticamente em linha com as nossas estimativas para o trimestre – valendo lembrar que ainda não apropriamos o atual patamar de produção e investimentos realizado pela empresa. O rendimento de dividendos foi de 3% no 3T25, patamar bem razoável.

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