Conclusão
Ainda não! Quedas no preço do petróleo sempre trazem desconforto as empresas produtoras de petróleo. Entretanto, o impacto negativo desse tipo de evento não é linear nas múltiplas empresas sob nossa cobertura tendo em vista seus diferentes fundamentos, principalmente no que diz respeito aos seus custos de produção e endividamento. Achamos que Petrobras, Petroreconcavo e Prio fundamentos bons o suficiente para que essas quedas não tragam grandes preocupações para tese das empresas – exceto, claro, um fluxo de caixa menos generoso. Entretanto, achamos que esse cenário pode trazer algum desconforto aos dividendos da Petrobras, principalmente aos proventos extraordinários em um horizonte de 12 meses- mais detalhes abaixo.
Os fatos
Preço do brent em queda livre! Preço do petróleo brent alcançou c. US$64 barril. Tal valor é o mínimo alcançado pela commodity nos últimos três anos. Preço do petróleo é sem sombra de dúvidas uma das commodities mais voláteis mundialmente negociadas e, inclusive, evitamos mencionar os fatores diversos que acabam por trazer oscilações de curto prazo exatamente por entender que eventos pontuais não devem ser supervalorizados e tentar manter o foco do preço do petróleo baseada na oferta e demanda estrutural (geralmente refletido nas curvas de longo prazo do brent, que por sua vez servem como base para as nossas estimativas).
O que tem de diferente dessa vez? Em nossa leitura, a questão da guerra tarifária entre EUA vs China deve ser acompanhada de perto por, potencialmente, se tratar de um evento com potencial de afetar a demanda de maneira estrutural. A grande questão aqui diz respeito a possibilidade do Presidente Trump simplesmente voltar atrás em sua decisão…
Quem ganha e quem perde dentre as petroleiras?
Direto e reto: se o preço do petróleo cai e você produz petróleo, você necessariamente vai gerar menos caixa que antes. Entretanto, é importante separar o joio do trigo e mostrar que, apesar de se tratar de empresas petroleiras, elas tendem a se comportar de maneira distintas em momentos de queda do preço da commodity. A nossa análise preliminar é feita em algumas camadas como: I) lifting cost, II) endividamento e III) Plano de investimentos. Dito isso, ao atual patamar de preço, acreditamos que o case da BRAVA é aquele mais exposto a eventuais quedas no preço do petróleo por ter o maior lifting cost da indústria e maior endividamento relativo. Os demais cases, todas as demais variáveis constantes, aparentam estar confortáveis com o atual patamar de preços do petróleo.
Em relação a tabela acima:
(01) Lifting cost do pré-sal é de c. US$4/barril. Produção do pré-sal representa 70% do total da empresa.
(02) Lifting cost da empresa era de c. US$7 pré-aquisição do campo de Peregrino.
(03) Endividamento da Brava deve reduzir a medida que a produção ficar normalizada. Como amplamente divulgada, o endividamento do 4T24 foi negativamente afetado pelas paradas técnicas de Papa-Terra.
Menos dividendos em potencial! Considerando a atual fórmula de dividendos atual ( 45% x Fluxo de Caixa Operacional – Investimentos) é natural a queda no fluxo de dividendos tendo em vista o menor fluxo de caixa operacional derivado da queda do brent. Sendo assim, a queda dos dividendos regulares não deve ser observada com surpresa. Entretanto, colocamos aqui em questão a possibilidade de um cenário mais restritivo para a distribuição de dividendos extraordinários. Apesar do endividamento da empresa razoavelmente sob controle, o preço futuro esperado no brent é um dos fatores que acabam por embasar a decisão de decisão de distribuição de dividendos extraordinários – Petrobras diz decidir distribuir dividendos extraordinários observando os preços do brent até 18 meses adiante. Sendo assim, uma curva mais modesta do brent invariavelmente irá fazer com que a empresa seja menos generosa na distribuição de dividendos.
A curva do preço do petróleo em nossa estimativas é de US$73-69 25-29E vs US$64-65 atual curva de preço de petróleo. De acordo com as nossas atuais estimativas, o rendimento do dividendo regular seria derrubado de 9,3% para 7,3% para 2025E. Entretanto, o espaço para o dividendo extraordinário (baseada em uma alavancagem alvo de 0,9x Dívida Líquida/EBITDA 25E) também seria reduzido drasticamente ao menos no curto prazo. Resta saber se essa nova curva de preços veio para ficar ou se será revertida. Caso o contrário, somos céticos quanto a possibilidade de dividendos extraordinários expressivos.