O futuro a Deus pertence.
Seguimos com a recomendação de MANTER para as ações da Petrorecôncavo. A empresa encerrou 2022 consolidando um ano transformador, apresentando aumento expressivo em sua produção se comparado à 2021, devido ao sucesso no processo de redesenvolvimento do polo Miranga e Portiguar. A companhia conseguiu surfar a alta de preços do ano que passou, o que, aliado ao aumento de sua produção de óleo e gás, fez com que registrasse recordes de receita e lucro. Mas isso é história. E o futuro?
Apesar de apresentar um bom resultado no 4T22 e no ano de 2022, existem certos desafios que aguardam a empresa em 2023, que nos fazem ficar céticos quanto a expansão de produção que a companhia pode entregar. Dentre esses desafios, citamos a nova curva de investimentos esperado pela empresa para continuar o processo de redesenvolvimento de seus campos, divulgada no mais recente certificado de reservas, que apresentou um aumento expressivo, na ordem de 38% se comparado ao certificado anterior. Soma-se a isso um incremento nas reservas recuperáveis da companhia, próximo a 9%, que foi estimado utilizando-se como premissa uma curva de preços futuros de petróleo que estão acima da realidade de preços atuais. Ou seja, uma vez que a estimativa das reservas recuperáveis é função da variável econômica do preço do petróleo, a utilização de uma premissa acima da realidade, nos leva a crer que a estimativa das reservas também se encontra acima do que podemos esperar para o futuro. Além do aumento modesto nas reservas se comparado aos investimentos esperados, a empresa também enfrenta um risco relacionado ao ativo Bahia Terra, uma vez que o Ministério de Minas e Energia decidiu por suspender a venda dos ativos da Petrobras pelo prazo de 90 dias. Ainda que não tenhamos nenhuma informação sobre as intenções da Petrobras, uma vez que o contrato de venda ainda não está assinado, a aquisição do principal fator que poderia vir a destravar valor para a companhia e, elevar suas reservas em mais de 90%, encontra ameaçado.
Acreditamos que, apesar dos riscos detalhados acima, aos atuais níveis de preço, a empresa encontra-se precificada, assim, reiteramos nossa recomendação de MANTER para a companhia, enquanto aguardamos novas informações. Em breve soltaremos um relatório atualizando o preço-alvo da companhia e descrevendo com mais detalhes os riscos mencionados, fique de olho!
Detalhamento do 4T22
Acertamos o EBITDA reportado pela companhia. A empresa fechou o ano produzindo 23,0 kbpd no trimestre, aumento de 5% se comparado ao 3T22, reflexo do excelente trabalho de redesenvolvimento nos ativos Potiguar, Remanso e Miranga. Esse fato foi responsável por compensar parcialmente a queda de 4% na receita líquida, que fechou o trimestre em R$ 776 milhões, devido a redução de 12% no preço médio de venda do petróleo (US$88,71/bbl 4T22 vs US$100,8/bbl 3T22).
Os custos permaneceram estáveis no trimestre, no total de R$ 333 milhões (aumento de 4% vs 3T22). O resultado financeiro veio positivo em R$ 52 milhões, explicado principalmente pela variação da taxa de câmbio ao longo do trimestre que impactou as aplicações financeiras e financiamentos que a empresa possui atrelados ao dólar. Com isso, a empresa apresentou um EBITDA de R$391 milhões (8% menor do que no 3T22) e, um lucro líquido de R$ 408 milhões, aumento de 93% se comparado ao trimestre anterior. A linha de imposto de renda também ficou positiva em R$ 47 milhões, explicado pelo benefício fiscal de redução do imposto de renda do SUDENE que foi reconhecido nesse trimestre. Os investimentos totais em 2022 alcançaram R$1,2 bilhões, 10% acima do estimado nas certificações de reservas publicadas na data-base dez/21. Como pudemos perceber na certificação publicada referente aos dados de Dez/22, a empresa publicou um guidance mais realista em relação a inflação de custos que a industria petroleira atravessou.