Conclusão
Achamos a aquisição positiva. Em nossa leitura, sob premissas conservadoras, o múltiplo da aquisição foi de 3,3x EV/EBITDA 23E, em linha com o que a própria empresa negocia, mas em um ativo com grande potencial de sinergias operacionais, melhora na produção, possível renegociação dos contratos de venda tendo em vista a qualidade do petróleo, potencial exploratório de parte dos blocos adquiridos, maior escala e outras. Além disso, de acordo com as nossas estimativas, tal aquisição não precisará ser suportada por uma nova emissão de ações mesmo em caso de conclusão da aquisição de 60% do Polo Bahia Terra no ano de 2023. Por último, citamos um acréscimo de produção de mais de 10% da atual produção da empresa no 3T22 (22,0k bped). Como mencionamos em documentos anteriores, a Petrorecôncavo tem um prospecto de crescimento de produção relativamente menor aos seus pares do setor (RRRP3/PRIO3). Sendo assim, aquisição de novos ativos deve ser muito bem vinda. Por últimos, mencionamos que só conseguiremos trazer uma análise mais aprofundada da verdadeira geração de valor da aquisição do ativo quando o relatório de certificação de reservas for publicado. Tal documento contém dados referentes a quantidade de barris recuperáveis nos reservatórios, curvas de produção, custos de redesenvolvimento e abandono e outros.
O Fato
Nesta manhã, Petrorecôncavo anunciou a aquisição da Maha Energy Brasil. A empresa em questão detém seis contratos de concessão nos Campos de Tartaruga (Bacia do Sergipe) e Campo de Tiê e blocos exploratórios (Bacia do Recôncavo). A empresa detém 75% de participação no Campo de Tartaruga (Petrobrás detém 25% do campo) e 100% do Campo de Tiê. Ainda de acordo com a nota, as concessões ficam razoavelmente próximas as atuais operações da Petrorecôncavo no estado da Bahia. No quadro abaixo, as atuais operações da Petrorecôncavo estão em verde enquanto os ativos da Maha Energy estão destacados em amarelo e bege.
Dados da Aquisição
De acordo com o documento, o Campo de Tiê (100%) e Tartaruga (75%) fechou o mês de Novembro/22 com uma produção de 2,867 mil barris de óleo equivalente ao dia, sendo 2,281 relativos a óleo e os demais equivalente em gás. Tal aquisição representa um acréscimo de pouco mais de 10% da produção diária alcançada pela empresa no 3T22, que foi de 22,0k bped. A receita líquida e EBITDA da operação foi de US$78 milhões e US$62 milhões respectivamente (margem EBITDA de 79,4%). Vale mencionar que nos últimos doze meses o preço do barril do brent chegou a negociar na casa dos US$120 (vs. US$83/barril atualmente). O preço da aquisição foi de US$138 milhões além de um possível earn-out de US$36,1 milhões (earn-out é um pagamento adicional à aquisição a depender de algumas pré-condições), totalizando uma aquisição potencial de US$174 milhões. O earn-out será condicionado ao preço do petróleo (níveis de preços não foram abertos).
Foi uma boa aquisição?
Se considerarmos os termos apresentados, o múltiplo da aquisição foi de 2,8x EV/EBITDA 12M – se considerarmos o pagamento “cheio” do earn-out. Entretanto, como explicamos anteriormente, os níveis do preço do petróleo ficaram em patamares muito elevados ao longo do ano (c. US$100/barril em termos médios ao longo de 2022). Utilizando um EBITDA estimado de US$52 milhões, o múltiplo da aquisição seria de 3,3x EV/EBITDA 23E – em linha ao que a própria RECV3 negocia e em patamares que consideramos muito razoáveis tendo em vista as sinergias operacionais que podem ser exploradas pós-aquisição, potencial de descoberta nos blocos exploratórios e crescimento da produção nos próximos anos – aqui, vale mencionar não apenas o track-record da empresa nesse quesito como a experiência do time no redesenvolvimento e exploração na região. Por último, vale mencionar que o petróleo produzido no campo é considerado leve, o que garante maior possibilidade de preços mais interessantes em caso de renegociação no futuro. Por último, vale mencionar que só vamos ter uma maior visibilidade sobre o verdadeiro potencial de geração de valor por parte da aquisição no momento em que for publicado o certificado de reservas do ativo. Tal documento contém a quantidade de barris recuperáveis nos ativos, curva de produção esperada, custos com redesenvolvimento, custo de abandono, custos operacionais de produção e etc.
Vai precisar de mais dinheiro?
Em nossa leitura, nos termos atuais, a empresa não precisará emitir novas ações. Se considerarmos o valor total dessa aquisição (US$174 milhões), 60% do Polo Bahia Terra (US$840 milhões) e um câmbio de US$1=R$5,3, o endividamento seria de aproximadamente 1,5x Dívida Líquida/EBITDA 23 – já considerando a geração de caixa esperada dos respectivos ativos nos momentos de suas respectivas aquisições. Vale lembrar que a empresa já levantou capital via emissão de novas ações para obter recursos para aquisição do Polo Bahia-Terra.