Conclusão. Em geral, podemos interpretar os dados como neutros. Achamos o resultado da recertificação como neutro para tese da empresa. Em uma situação similar a da 3R, observamos as curvas de produção sendo deslocadas para o futuro, sendo razoavelmente compensadas por um investimento esperado menor no curto prazo. Sendo assim, damos o mesmo diagnóstico da 3R Petroleum: se por um lado a empresa demonstra ter valor ao longo do seu periodo produtivo, por outro lado o curto prazo deve pressionar o fluxo de caixa da empresa devido a menor produção esperada, ainda que parcialmente compensado por menores investimentos. Por último, destacamos a avaliação feita pela certificado dos ativos: US$2,2 bilhões (tx desconto 15%), mesmo patamar que na certificação do ano passado. Sendo assim, não observamos nessa certificação como uma alavanca na potencial negociação entre a Petroreconcavo e a 3R Petroleum caso elas voltem à mesa de negociação. Seguimos preferindo a eventual fusão RECV/RRRP vs RRRP/ENAT por acharmos as sinergias estimadas mais óbvias e facilmente observáveis em relação a primeira proposta. Sendo assim, vamos trabalhar na atualização das nossas estimativas e apropriar os números divulgados o quanto antes.
O Fato. A empresa divulgou o relatório de reservas dos seus ativos operacionais (Cluster Potiguar e Bahia) certificados pela consultoria Netherland, Sewell & Associates Inc com data-base de Dezembro de 2023. O certificado deve ser analisado sob os pontos tradicionais: I) volumes esperados, II) perfil das reservas (qual percentual das reservas são provadas e possuem pelo menos 90% de chance de serem recuperáveis), III) premissas de preços utilizadas para avaliação das reservas e IV) investimentos esperados e avaliação dos ativos. Por últimos, vamos levantar o que julgamos mais relevante no evento tocado pela empresa sob a sua estratégia para 2024.
I) Volume de Reservas: Praticamente no 0x0!
Os volumes recuperáveis 2P ficaram praticamente inalterados em relação ao ano anterior: 172 milhões de barris vs 171 milhões na certificação do ano anterior. Conforme mencionado anteriormente, apesar dos volumes totais inalterados, a curva de produção sofreu uma alteração, com maior parte dos volumes sendo extraídos ao longo do tempo. A curva de produção foi deslocada para os anos seguintes: 28-31k boed 24-25E vs 29-38k 24-25E na recertificação do ano anterior. Tal fato, naturalmente, tende a pressionar o fluxo de caixa da empresa no curto prazo do ponto de vista operacional, ainda que tenha acontecido uma redução nos investimentos necessários (mais detalhes adiante).
II) Perfil: Provadas (1P)/Prováveis (2P):
A relação 1P/2P ficou praticamente inalterada em relação a certificação do ano anterior. A empresa segue com uma relação de reservas de alta qualidade/segurança.
III) Premissas de Preços de Petróleo
A certificação foi realizada com uma premissa de US$76-67 24-29E vs US$86-70 24-29E na curva atual. Achamos a premissa de curva preço razoavelmente conservadora em relação as curvas de mercado. A empresa pode, por exemplo, redesenvolver novos campos marginais em relação aos planos originais à medida que os preços de mercado se mantiverem nesse patamar.
IV) Investimentos Esperados: Reperfilamento dos Investimentos!
Assim como houve uma postergação nos volumes esperados de produção, a empresa anunciou uma queda nos investimentos de curto prazo, o que deve acabar por não trazer impacto tão relevante no fluxo de caixa da empresa. Tal redução aconteceu devido a decisão da empresa em retirar os projetos das bacias com custo marginal de US$22/barril.
V) E a possível fusão com a 3R Petroleum?
Apesar da recente suspensão na negociação de fusão de negócios entre a RECV/RRRP, achávamos que essa certificação poderia trazer um gatilho positivo para empresa no que diz respeito a algum “ás na manga” para negociar em condições mais favoráveis com a 3R Petroleum na eventual fusão entre as empresas.
E o Dia do Investidor?
Após a divulgação dos números da certificação de reservas, a empresa realizou um dia do investidor na cidade de São Paulo-SP. Como destaques, citamos:
I) Investimentos: a priorização dos recursos relacionados a investimentos em projetos mais rentáveis (como mencionamos no tópico anterior, a empresa excluiu os projetos com custo marginal de US$22/barril, reduzindo assim os investimentos necessários no redesenvolvimento dos campos). Apesar da queda na produção estimada no curto prazo, o volume recuperável se mostrou estável, mesmo com menores investimentos necessários.
II) Redução de Risco Operacional: como amplamente divulgado, a empresa apresentou um problema para escoar sua produção ao longo do 1T24, impactando negativamente os resultado. Dito isso, a empresa inicioou uma série de iniciativas para trazer confiabilidade operacional ao seu negócio. Como uma imagem fala mais do que mil palavras, capturamos o slide da apresentação referente a essa questão com as iniciativas descritas. Essencialmente, tais projetos tem como objetivo aumentar o poder de escoamento da produção da empresa, sem precisar da infraestrutura de terceiro. Atualmente, a empresa escoa apenas 35% da sua produção via instalações próprias.
III) Fusões & Aquisições: empresa enxerga com naturalidade o processo de fusões e aquisições que no setor de petróleo. Entretanto, mencionou a possibilidade de começar a considerar essa questão em um momento de maior maturidade do seu negócio – imaginamos que para negociar com demais players em condições mais favoráveis tendo em vista o valuation da própria empresa em relação a outros eventuais alvos.