E tem muito mais logo adiante…
Seguimos com a recomendação de COMPRAR para Petrorio (PRIO3). Em nossa leitura, o resultado foi neutro do ponto de vista das expectativas do consenso para o 3T22 – entretanto, sob um ponto de vista da execução do plano de negócios da empresa e sobre para onde a empresa está caminhando, o resultado foi muito positivo. Esse trimestre foi marcado como o primeiro positivamente impactado pelo novo nível de produção do campo de Frade, que elevou a produção da cia para 45,8k bpd no 3T22 (vs. 33,3k bpd no 2T22) e que deve alcançar 52k bpd em sua estabilização – isso em meio à preços do brent estruturalmente altos por questões relacionadas ao subinvestimento em Exploração & Produção nos últimos anos.
Ainda em relação à Frade, temos outras notícias interessantes: tendo em vista os resultados animadores do seu redesenvolvimento, a empresa decidiu realizar a segunda fase do plano de revitalização, que inclui outros dois poços produtores e um poço injetor, com possível conclusão 2T23. Ou seja, do ponto de vista operacional, as boas notícias de Frade podem não ter acabado – e em um horizonte inferior a 12 meses.
Vale mencionar que nossas atuais estimativas não consideram o novo patamar de produtividade de Frade e por isso ficou tão abaixo do consenso.
Para além dos números apresentados, citamos que a empresa pode ser beneficiada pelo fluxo decorrente do resultado da eleição: à medida que a Petrobrás passe a ser observada como um case com alta exposição ao risco político, faz muito sentido que parte do fluxo migre para um case privado e sem os riscos relacionados à se investir na Petrobrás, o que deve colocar o case nos holofotes para investidores internacionais. Mantemos nossa recomendação para os papéis tendo em vista o fato do mesmo negociar à 5,7x EV/EBITDA 23E (de acordo com as nossas estimativas, ainda desatualizada em relação aos recentes eventos), ser um case baseado em forte crescimento da produção (>150k bpd até 2026/2027), exímia execução, preços da commodity em patamares elevados e com forte atividade em fusões e aquisições interessantes (como o caso recente da aquisição da Dommo, que deve gerar créditos fiscais interessantes).
Detalhamento do Resultado 3T22 para PRIO3
Deu tudo certo, mais uma vez. A empresa apresentou resultados em linha com os números do consenso, que por sua vez já refletiam parcialmente o novo patamar de produção derivada do plano de revitalização de Frade (os números “cheios” devem vir apenas no 4T22). Na receita, observamos a empresa apresentando um mix de maiores volumes (offstakes de 3,8M barris vs 3,3M no 2T22) e preços de venda do brent ainda em termos interessantes (US$97,7/barril vs US$73,2/barril no 3T21) ao longo do trimestre, resultando em uma receita de US$378 milhões (+110% a/a, patamares recordes para empresa). Em relação a produção dos poços, a empresa alcançou a marca de 45,8k bpd (vs. 33,3k bpd no 3T22) e conforme já explanado anteriormente, a produção deve se estabilizar acima dos 50k bpd nos próximos meses. Com os custos razoavelmente estáveis e uma produção incrementada em +18k bpd, o lifting cost da empresa alcançou US$9,5/barril, o menor nível da história da empresa. Empresa fechou o trimestre com caixa líquido de US$255 milhões, um incremento de US$65 milhões vs 2T22. Considerando a geração de caixa recorrente no trimestre (Fluxo Operacional – Investimentos Recorrentes – Impostos – Resultado Financeiro), a geração de caixa livre recorrente teria sido de c. R$690 milhões (c. 11% de rendimento em termos anualizados). Considerando que o case da empresa é de crescimento, achamos esse nível de geração de caixa confortável se pensarmos na mesma enquanto um “carrego” – ou seja, o custo de oportunidade de se manter as ações é bem razoável tendo em vista todo o crescimento de produção que a mesma deve seguir apresentando. Com operacional recorde, o lucro líquido foi de US$154 milhões (vs. US$18,5 milhões no 3T21). Prio fechou o trimestre com caixa líquido de US$255 milhões – valores estes que devem ser utilizados para o pagamento da aquisição do campo de Albacora Leste (US$1,6 bilhões remanescentes), que por sua vez deve ocorrer no ato da conclusão do negócio, esperado para 2S23.