Conclusão. Finalmente, a tão aguardada aquisição de 90% do Campo de Albacora Leste foi concluída. Julgamos tal evento como o primeiro passo para uma avenida de geração de valor muito interessante para a empresa. Nosso otimismo está relacionado a: I) preço pago pelo ativo (a um múltiplo que julgamos muito justo tendo em vista toda a sua potencialidade), II) volumes recuperáveis estimados via premissas muito conservadoras, III) bom histórico de redesenvolvimento por parte da Prio nos campos que a mesma já opera e, por último, IV) preços do petróleo devem permanecer elevados devido as limitações de oferta globais – tendência essa que ainda não foi revertida. Neste 1T23 as empresas de petróleo devem republicar seus certificados de reserva atualizados, momento esse que devemos trazer atualizar nossas estimativas para todas as empresas de Petróleo. Por enquanto, permanecemos com a recomendação de PRIO inalterada.
Os fatos. Prio anunciou hoje a conclusão da aquisição da fatia de 90% do campo de Albacora Leste, um ativo de águas profundas localizada na Bacia de Campos. Conforme esperado, o valor da transação foi de US$1,951 milhões sendo uma primeira parcela paga no ato da assinatura do contrato (US$293 milhões) e a segunda parcela paga (US$1,658 milhões) no dia de hoje. Vale lembrar que ainda existe a possibilidade de um pagamento adicional de US$250 milhões nos próximos anos à depender dos preços do petróleo futuros (US$70-90 em 2023 e US$65-75 em 2024). Como as curvas futuras do preço do petróleo apontam para valores próximos ou superiores a estes, utilizamos o “valor cheio” para avaliar a aquisição (US$2,2 bilhões). Dito isso, o que podemos concluir de antemão, foi que a aquisição de Albacora Leste saiu em termos muito razoáveis e demonstrando muito potencial de geração de valor – vamos detalhar tais fatos ao longo do documento. Considerando o valor “cheio”, o múltiplo de aquisição foi de US$6,0 EV/P2.
O ativo. Albacora Leste é um campo offshore de águas profundas localizado na Bacia de Campos a aproximadamente 100 kilômetros ao leste do Cabo de São Tomé e a apenas 23 kilômetros do campo de Frade. A profundidade do seu campo é de 1200 metros e foi descoberto no ano de 1986 e sua produção teve inicio no ano de 1998. Foi operado ao longo de todo esse tempo pela Petrobrás e, devido ao seu foco nos campos do pré-sal (altamente produtivos e com baixo custo de extração) preferiu vender ativos do seu portfólio que já estão longe do seu pico de produção. Atualmente, o ativo produz 32k barris por dia (sendo 27,2k bpd equivalente a participação da Prio). Se considerarmos os últimos relatórios de reservas publicados, a empresa deve atingir seu pico de produção entre 2025-2026, quando a produção diária ficar acima dos 150k barris de petróleo equivalentes.
O que muda para Prio? a produção da empresa deve saltar dos atuais 47,6k bpd para 74,8k bpd, um incremento de aproximadamente 57% em relação a produção da empresa em Dezembro/22. Além disso, as reservas recuperáveis provadas são de 243/354/458 milhões de barris recuperáveis para as classificações provadas (1P), prováveis (2P) e possíveis (3P) – vale mencionar que estamos considerando apenas a produção de petróleo aqui. Com tal aquisição, a relação P1/P2 e P1/P3 também foram incrementadas, ficando em 67,1% (vs 65,3% pré-aquisição) e 49,9% (45,2% pré-aquisição), respectivamente. Ou seja, o incremento das reservas provadas (1P) melhoram a percepção de risco da empresa em termos de volume a medida que um maior percentual das suas reservas possuem até 90% de chance de recuperação.
O “valor escondido” da Albacora Leste. Como mencionamos em nosso início de cobertura sobre o setor de petróleo (para maiores informações, clique aqui – “Publicação: Quais as melhores ações para aproveitar os altos preços do Petróleo?”), empresas de redesenvolvimento tendem a, historicamente, destravar o potencial de reservas/produtivos dos campos adquiridos à medida que a campanha de redesenvolvimento avança em relação ao primeiro certificado de reserva publicada no ato da aquisição. Para além dessa afirmação, levamos aqui outra questão muito interessante: as premissas de preço de petróleo para avaliação da reserva de Albacora Leste foi extremamente conservadora. A certificadora considerou o preço do petróleo estável ao longo de todo o tempo de produção de apenas US$60/barril (até 2051) vs atual curva do preço do Petróleo (23E-29E US$90-US$70). Ou seja, caso a D&M tivesse optado por usar a curva atual do preço do petróleo, acreditamos que as reservas 2P teria sido ainda acima dos valores divulgados no dia de hoje. Além disso, vale lembrar que Albacora já foi um ativo de classe mundial em termos de produção (chegou a produzir >150kbpd no seu auge… para fins de comparação os melhores campos do pré-sal produzem hoje pouco mais de 60k bpd), o que nos dá perspectivas interessantes para o redesenvolvimento do ativo ao longo dos próximos anos tendo em vista o seu tamanho, premissas conservadoras nas avaliações de suas reservas e eventuais novas descobertas no campo.
Qual valor a Certificadora de Reserva Atribui a Albacora Leste? Caso utilizemos o valuation divulgado pela D&M para o ativo no cenário base que utilizamos em nossos modelos (Produção Alinhadas à Reserva 2P + Taxa de Desconto de 11%), o valor a ser gerado pela aquisição seria de US$4,4 bilhões, representando um impacto/ação na PRIO3 de R$25/ação (!!!). E vale mencionar que, conforme explicitado no tópico acima, a D&M utilizou uma premissa de preço de petróleo de US$60/barril por todo o período de produção (até 2051), muito abaixo da curva que o mercado precifica para o brent no dia de hoje.