Reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações da PRIO3! Na última semana, a PRIO divulgou um combo de resultados operacionais que nos deixou com boas perspectivas acerca do futuro da companhia! No começo da semana, a empresa divulgou seu dados de produção do mês de fevereiro, com alguns contratempos que afetaram a extração, mas que já foram resolvidos, retornando a produção aos níveis normais da empresa. Logo após, a PRIO divulgou o que consideramos o documento mais importante do ano, sua nova certificação de reservas. Mais detalhes ao decorrer do texto, mas em geral, adiantamos que a certificação adicionou reservas de petróleo à companhia, aumentou sua perspectiva de produção, melhorou o perfil do portfólio da empresa, mas com um custo de um aumento dos investimentos esperados. E por fim, a companhia divulgou seus resultados trimestrais, que achamos positivos para a tese da empresa. Em nossa leitura, como grande destaque do trimestre continuamos citamos a evolução da produção do campo de Frade, atingindo mais de 50 kboed, a boa evolução na produção de Albacora Leste (produção já alcançou 30 kboed vs 22 boed no 1T23) e o lifting cost mais uma vez alcançando as mínimas (US$6,8 no 4T23 vs US$7,0 no 3T23). Não podemos deixar de citar, a expectativa para a entrada operacional de Wahoo e o ramp up de produção de Albacora leste, ambos programados para 2S24, que devem acrescentar ainda mais produção a empresa e diminuir ainda mais seu lifting cost.
Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando a 2,4x EV/EBITDA 24E e gerando um fluxo de caixa livre em relação ao valor de mercado de acionista de 18% para 24E. Vale mencionar que a produção estabilizada ao final de 2023, foi superior a expectativa do certificado de reservas anterior, o que nos deixa com boas perspectivas para esse ano de 2024. Assim, reiteramos nossa recomendação de compra para as ações da PRIO.
Certificação de Reservas 2024
O certificado de reservas feito pela DeGolyer & MacNaughton (Janeiro/2024) referente aos campos da Prio trouxe uma série de notícias, em sua maioria, positivas. O documento trouxe um incremento no volume de barris equivalentes recuperáveis e uma melhora no perfil de risco do seu portfolio devido a melhora da relação das reservas provadas (1P) em relação as reservas possíveis (2P) e prováveis (3P), mas também trouxe um aumento no Capex necessário para realização dessa produção. O aumento de capex não é nada fora do normal e por vias justificável, pois comparando a nova certificação com relação aquela publicada com data-base de janeiro 23, a curva de produção esperada para os próximos anos deverá ser superior as estimativas anteriormente apresentadas.
Ressaltamos que as premissas de preço de petróleo utilizado pela certificadora ao longo de todo período produtivo dos campos é de apenas US$60/barril (US$58/barril para o campo de TBMT+Polvo). Ou seja, a PRIO utiliza uma premissas muito conservadora para reavaliar seus campos, uma vez que a curva de mercado precifica o petróleo à US$79-US$69/barril em 2024E/2030E atualmente. Dito isso, à medida que o preço do petróleo permanecer acima desses patamares, faz muito sentido a empresa apresentar resultados para sua produção acima daquilo que está certificado em seus relatórios. Aos atuais níveis de preço das ações e considerando as novas reservas anunciadas, a PRIO3 negocia EV/2P de apenas US$11,6. mostrando ainda possuir um potencial de valorização muito interessante. É importante mencionar que nossas atuais estimativas não consideram a certificação publicada e estamos trabalhando para republicar as nossas estimativas o quanto antes, apropriando as informações mais otimistas divulgadas.
Vamos analisar o certificado sob os quatro pontos principais: (I) volumes esperados, (II) perfil das reservas, (III) premissas de preços utilizadas para avaliação das reservas e (IV) investimentos esperados.
(I) Volume de Reservas: Mais Petróleo!
De acordo com os números divulgados, as reservas totais provadas (1P) e provadas e prováveis (2P) empresa alcançaram 537 e 728 milhões de barris recuperáveis, respectivamente (considerando apenas as reservas de petróleo). Tais números representam um incremento de +4,4% e +2,2% em relação as reservas provadas (1P) e prováveis (2P) apresentadas em 2023, descontando a produção da PRIO em 2023.
Apesar de não ser o incremento extraordinário que vimos entre 2022 e 2023, devemos lembrar que o petróleo é um fonte não-renovável e a tendência natural seria o volume recuperável cair ano após ano. Ainda sim, descontando a enorme produção que a PRIO teve no ano passado, a empresa conseguiu aumentar a expectativa de produção de petróleo para os próximos anos.
Observando a curva esperada da atual certificação versus a do ano passado para os próximos cinco anos, apesar de um declínio em 2024, existe um aumento médio de curva de produção de 1% (167k bbl/d vs 163k bbl/d 24-28E em média).
Ressaltamos mais uma vez que a curva de petróleo que a PRIO utiliza como premissa em sua certificação está muito abaixo do mercado e, uma vez que a estimativa de volume de óleo recuperável é função do preço do petróleo, se o preço do barril é superior, podemos ser otimistas em esperar que os volumes de óleo extraídos sejam superiores aos apresentados na certificação de reserva.
(II) Perfil do portfólio: Maior Segurança!
Como aconteceu na certificação passada, nesse ano houve uma melhora no perfil de risco do portfólio da empresa na relação 1P/2P e 1P/3P, atingindo 74% e 58% ( vs 72% e 55% na certificação passada). A mudança pode não parecer significativa, mas tal dado é importante por representar a segurança do perfil das reservas no que diz respeito a sua produção esperada. Vale lembrar que as reservas provadas (1P) são aquelas que devem ser recuperadas com até 90% de certeza e quanto maior a sua participação em suas reservas recuperáveis, maior a qualidade e segurança das reservas recuperáveis.
(III) Premissas de Preços de Petróleo: Super Conservador!
Como podemos perceber nas curvas de preço abaixo, as reservas da empresa foram certificadas usando como premissa uma curva de preços de US$60 entre 2024 até o final do seu período produtivo. Tal postura é muito interessante por que demonstra o grande conservadorismo da empresa ao recertificar as suas reservas. Ou seja, caso fosse utilizado a atual curva de preços de mercado (US$79-US$69 entre 2024-30E), os volumes esperados seriam maiores do que aquilo que foi reportado.
(IV) Investimentos Esperados: O preço a ser pago!
O único ponto negativo da nova certificação da PRIO diz respeito ao aumento dos investimentos esperados para o novo nível de produção. O aumento em si não seria negativo caso a produção acompanhasse proporcionalmente, mas vemos um incremento de 10% no capex esperado (US$2.25 bilhões em 23 vs US$2.48 bilhões em 24) seguido por um aumento de 4,4% na produção.
É válido dizer que esse aumento de capex, apesar de não ideal, não é suficiente para retirar o brilho do case da PRIO. Se considerarmos apenas um trimestre de produção da companhia (100 kbbl/d) multiplicado pela diferença entre o preço de mercado do brent atual e a premissa utilizada no certificado, já teríamos o valor suficiente para cobrir esse aumento de custos. Ou seja, contanto que a companhia consiga seguir com seu plano de execução e controle possíveis novos aumentos, não vemos motivos para nos preocuparmos com esse aumento de capex.
Dados de Produção de fev/24: Pequenos contratempos!
Achamos que os dados de produção são neutros para tese. Apesar de a produção ter caído expressivamente nesse mês, segundo a empresa os problemas que levaram a essa queda de produção já foram solucionados e, caso isso realmente tenha sido um problema isolado e não venha a se repetir nos próximos meses, dado o histórico da empresa, não vemos as ações sendo negativamente afetadas por isso. Em nossa leitura, os grandes gatilhos de valor esperados para tese da Prio em relação a produção são (I) entrada operacional do campo de Wahoo (esperado para agosto/24) e (II) inicio do ramp up de produção do campo de Albacora Leste, também esperado para o segundo semestre de 2024.
A produção diária da Prio foi de 82.8 kboed no mês de fevereiro/24 vs 95.5 kboed em janeiro/24. O principal ativo responsável por essa performance foi o campo de Frade, que apresentou uma falha no compressor de gás, levando a paralisação de alguns de seus poços produtores, mas como dito anteriormente, segundo a PRIO, no dia 29 de fevereiro o reparo foi concluído e os poços retornaram sua produção.
Detalhamento do resultado 4T23
A empresa apresentou resultados acima do consenso. Nesse trimestre, os offtakes da Prio foram de 8.4 milhões de barris (vs 9,7 milhões no 3T23). O preço realizado no trimestre foi de US$77/barril vs US$81/barril atualmente. O lifting cost da PRIO atingiu o menor patamar da história, atingindo US$6,8/barril.
A receita do trimestre foi de US$690 milhões, aumento de 274% a/a devido aos maiores volumes vendidos com a performance de Frade e incorporação de Albacora Leste. A produção diária alcançou 100.3k boed (um recorde). O EBITDA foi de US$509 milhões, acima dos nossos números e em linha com o consenso.
O endividamento líquido alcançou US$1.2 bilhões, implicando em uma relação de apenas 0,7x Dívida Líquida/EBITDA mesmo com o desembolso referente a aquisição do Campo de Albacora Leste no 1S23 e as recompras de ações realizadas no trimestre retrasado. O lucro líquido da companhia foi de US$324 milhões, aumento de 71% a/a.