Seguimos com a recomendação de COMPRAR para PRIO3. Como grande evento para Prio neste trimestre, citamos a conclusão da aquisição do campo de Albacora. Tal aquisição trouxe em seu início uma produção de quase 24k bpde e uma interessante expectativa de crescimento da produção nos próximos anos, tendo em vista principalmente o histórico da empresa em executar planos de redesenvolvimento com resultados muito acima do esperado inicialmente (para maiores informações sobre o resultado da última certificação de reservas da empresa e perspectivas sobre Albacora Leste, clique aqui e aqui e leia sobre o que escrevemos sobre esse tema nas últimas semanas). Além disso, citamos também as expectativas interessantes para o campo de Frade, que após alcançar a produção de 50k bpde, a empresa ainda planeja finalizar mais um poço produtor (ODP5), um injetor (F23I1) e mais um prospecto regulatório antes do desenvolvimento de Wahoo (com produção esperada para o 2S2024). A julgar as noticias recentes relacionadas ao redesenvolvimento de Frade, é dificil não ter uma perspectiva otimista em relação aos resultados desse poço.
Aos atuais níveis de preço, vemos a empresa negociando a 1,8x EV/EBITDA 24E e gerando um fluxo de caixa livre em relação ao valor de mercado de acionista de 12,2%-23,2% para 23-24E (sem considerar o desembolso para o pagamento de Albacora Leste no ano de 2023), valores bem razoáveis para justificar a nossa recomendação. É importante mencionar que nossas estimativas consideram o volume reportado em seu último relatório de reservas para o ano de 2023 (93k bpd em média para 2023), sendo que de acordo com os dados de produção reportados nessa semana, a empresa adentrou o mês de abril com produção estabilizada de 90k bpde – ou seja, consideramos as nossas estimativas ligeiramente conservadoras sob a ótica do volume. Como grande ponto de atenção, mencionamos os preços do brent, que após um ligeira recuperação, fecharam o dia de hoje em apenas US$71/barril – valor ainda alto em termos estruturais, mas muito abaixo dos níveis de preços dos últimos meses. Por enquanto, preferimos manter as nossas estimativas inalteradas para a empresa, mas nos atentando ao comportamento do preço do petróleo para os trimestres seguinte.
Detalhamento do Resultado 1T23 para PRIO3
Deu tudo certo, mais uma vez. A empresa apresentou resultados ligeiramente abaixo do consenso. Como principais motivos para tal performance, citamos a queda na produção do campo de Polvo e Tubarão Martelo devido a uma parada técnica ao longo de oito dias e a conclusão da aquisição de Albacora Leste, que naturalmente, trás consigo um custo relacionado a sua transição e uma operação que ainda deve ser otimizada pela Prio ao longo dos próximos meses (eficiência operacional de apenas 64% no trimestre no que diz respeito a produção). O offtake no 1T23 foi de 7,3 milhões de barris (vs 2,2 milhões no 1T22) devido não apenas a evolução da produção no período mas também a venda de 2,2 milhões de barris que que estavam armazenados nos Estados Unidos. O preço realizado no trimestre foi de US$82,9/barril vs brent médio de US$82,1/barril, mesmo com a venda do petróleo que armazenado em condições de preço aquém das ideais. A receita do trimestre foi de US$543 milhões, aumento de 75% a/a devido aos maiores volumes vendidos com a performance de Frade e incorporação de Albacora Leste. A produção diária alcançou 61,0k bped (um recorde), a produção estabilizada fechou o mês de abril/23 em 90k bped. Apesar da alta produção alcançada, o lifting cost teve um ligeiro incremento vs 4T22, ficando em US$9,5/barril (vs US$8,6 no 4T22) devido a incorporação de Albacora e as paradas técnicas de oito dias no campo TBMT + Polvo. O endividamento líquido alcançou US$1,8 bilhões, implicando em uma relação de apenas 1,1x Dívida Líquida/EBITDA mesmo com o desembolso referente a aquisição do Campo de Albacora Leste. De acordo com as nossas estimativas, senão considerarmos nenhuma nova aquisição, a empresa deve fechar o ano de 2023 com endividamento praticamente zero – e por quê não pensar em dividendos na ausência de novas aquisições? Considerando a geração de caixa recorrente no 1T23 (Fluxo Operacional – Investimentos Recorrentes – Impostos – Resultado Financeiro), a geração de caixa livre recorrente teria sido de c. R$1,1 bilhões (c. 15% de rendimento em termos anualizados em relação ao valor de mercado da companhia). Considerando que o case da empresa é de crescimento, achamos esse nível de geração de caixa confortável se pensarmos na mesma enquanto um “carrego” – ou seja, o custo de oportunidade de se manter as ações é bem razoável tendo em vista todo o crescimento de produção que a mesma deve seguir apresentando. Com operacional recorde, o lucro líquido foi de US$221 milhões (vs. US$223 milhões no 4T22).