Seguimos com a recomendação de COMPRAR para PRIO3. Como esperado, esse foi um trimestre com números ligeiramente abaixo do consenso. Como vimos nos dados de produção do final do ano passado, a companhia ainda enfrentava impasses para aumentar sua eficiência. Quando pegamos os dados de dezembro/24 (veja aqui nosso relatório do mês referido: Prio (PRIO3) | Dados de Produção Dez/24 – Seja bem vindo, Peregrino!), a produção da companhia havia sido de 106,3kbpde (vs. 87,6kbpde reportados na média do 4T24). Entretanto, esse número decaía para apenas 73,7kbpde se excluíssemos o incremento produtivo do recém adquirido campo de Peregrino. Por isso, apesar da relevância desse ativo, a companhia ainda dependia de mais gatilhos positivos: (i) O licenciamento de Wahoo e (ii) o redesenvolvimento de Polvo + TBMT.
Desde então, o primeiro ponto já foi sanado (leia mais aqui: PRIO (PRIO3) | Finalmente, licença ambiental do campo Wahoo emitida!). Com Wahoo, a Prio pode ter um incremento, conservadoramente, de 40kbpde. E, como descrevemos em nosso título, o melhor ainda está por vir: em nossas estimativas, a companhia pode chegar em mais de 150kbpde, considerando os patamares de 108-114kbpde já reportados nos primeiros meses de 2025. Para além disso, o segundo ponto que citamos, em relação ao redesenvolvimento de Polvo + TBMT, segue como mais uma alavanca de valor para a companhia. Vale ressaltar que o cenário desafiador enfrentado pela companhia está quase totalmente atrelado a variáveis imprevisíveis e não relacionadas ao gerenciamento da companhia. Na ótica micro, vemos a Prio ainda entregando (i) um bom patamar de lifting cost, de US$9,0 por barril, (ii) engajada em novos investimentos que gerem valor ao acionista (Peregrino e Wahoo) e que mantém a (iii) eficiência de custos (com despesas gerais e administrativas em linha a/a).
Em 2024, vale lembrar que houveram (i) obstáculos macroeconômicos, com a queda do preço do Brent em ~3% e (ii) obstáculos setoriais próprios do Brasil, relacionados a greve do IBAMA, que durou de Janeiro/24 a Agosto/24. Se, por um lado há ainda muita volatilidade esperada para o preço do Brent a frente, a obtenção de licenciamento de Wahoo é um claro sinal de que a companhia deve navegar por um cenário melhor. Cenário esse que, inclusive, pode permitir uma melhor percepção da possibilidade de materialização dos redesenvolvimentos planejados pela companhia em seus ativos.
Atualmente, vemos a PRIO3 negociar a um múltiplo de 2,3x EV/EBITDA 25E, o que revela um desconto histórico, em nossa visão, atrelado a essa ausência na evolução do crescimento esperado. Nos atuais níveis de preço vemos a companhia entregando um robusto rendimento de fluxo de caixa livre de ~25%.
Detalhamento do Resultado
A PRIO reportou uma receita líquida (já descontado imposto de venda interna e exportação) de US$488,9 milhões, queda de -23% a/a. Essa queda está atrelada a (i) uma produção menor em -13% a/a e (ii) impacto negativo de -16% no offtake (petróleo efetivamente vendido e entregue aos compradores), (iii) um menor patamar de brent, em média de ~US$74,01, uma redução de -11% a/a. Na composição atual de receita por ativo, devemos ver Peregrino crescer dos 8% de participação registrada no 4T24, na formação da receita total da companhia, dado que o campo foi adquirido apenas em Dezembro (último mês do trimestre). Vale ressaltar que a linha de impostos de vendas teve um aumento de 422% a/a. Isso é explicado pelo maior volume de vendas internas realizadas nesse trimestre.
As despesas gerais e administrativas e outras receitas/despesas operacionais apresentaram queda de -30% a/a, chegando ao patamar de US$27,4 milhões. Dessa forma, o EBITDA ajustado (que exclui efeitos não recorrentes de receitas/despesas operacionais) foi de US$322,7 milhões, apresentando uma queda de -41% a/a. Portanto, podemos concluir que o EBITDA ajustado menor é reflexo direto (i) de desafios operacionais (produção menor, impacto do offtake, licenciamentos, entre outros) e (ii) um cenário com um patamar de Brent menor (abaixo de US$75,00). O lucro líquido reportado pela empresa foi de US$1,1 bilhões, alta de +231% a/a, reflexo de (i) uma maior posição de caixa, que impactou em um aumento de 770% a/a nas receitas financeiras e (ii) registro integral do crédito referente ao prejuízo fiscal da PRIO Forte.
A alavancagem da companhia no 4T24 ficou em 1,2x Dívida Líquida/EBITDA ajustado. Três fatores fizeram a companhia aumentar seu patamar de alavancagem (anteriormente de 0,5x, no 3T24): (i) O pagamento para aquisição de 40% do campo Peregrino, (ii) continuidade do CAPEX para finalização das compras de materiais para o campo de Wahoo e (iii) emissão de dívidas bilaterais avaliadas em US$25 milhões.
Nesse trimestre, a geração de caixa livre (fluxo de caixa operacional – investimentos recorrentes – despesa financeira – impostos) foi de aproximadamente ~US$130 milhões. Como o capital de giro foi positivo em +US$184 milhões devido a aquisição realizada pela PRIO, efeito não recorrente, excluímos ele da nossa conta. Dessa forma, se anualizarmos, encontramos uma geração de caixa de ~9% em relação ao seu atual valor de mercado. Resultado em linha com o passado recente da companhia. Como citamos em outros relatórios, com (i) a produção de Wahoo e Peregrino e (ii) redesenvolvimentos dos campos já existentes, cremos que há bons motivos para companhia retornar em breve a entregar um rendimento de caixa de pelo menos 12-13%.
Certificação de Reservas 2025:
A companhia divulgou um total de reservas de 687kbpde em Janeiro/25 uma alta de 28,1% a/a, considerando Janeiro/24, quantidade das reservas anterior a exploração e produção do mesmo mês. Abaixo, detalhamos caso a caso, por ativo:
Campo de Frade. No caso desse ativo, as reservas 1P foram registradas em 118,8kbpde, -5,3% a/a. Aqui, as reservas foram revisadas já considerando (i) performances abaixo do esperado em alguns poços produtores em 2024 e (ii) previsão de um novo poço.
Campo de Wahoo. Em Wahoo, as reservas 1P foram registradas em 122,7kbpde, +53,8% a/a. Nominalmente, representou um incremento de 43 milhões de barris (em 100% da reserva do campo), dada a aquisição da fatia pela Prio. O CAPEX também passou de US$830 milhões para US$850 milhões, uma alta de +2,4%, dada a postergação de serviços pelo atraso de licenças ambientais.
Campo de Albacora Leste. As reservas 1P de Albacora Leste foram registradas em 289,2kbpde, queda de -1,1% a/a. A companhia reportou que houve (i) um ajuste considerando a performance dos reservatórios e (ii) um impacto dos atrasos atrelados ao licenciamento ambiental para a permissão da revitalização de Albacora Leste. O CAPEX por barril adicionado teve efeito positivo pela reabertura de poços que carregam CAPEX menores.
Cluster Polvo + TBMT. Em Polvo + TBMT, as reservas 1P foram registradas em 34,1kbpde, queda de -13,5% a/a. Na certificação de 2025, foi considerado (i) 1 novo poço produtor no campo de Povo e (ii) 1 novo poço produtor em 2026. O CAPEX por barril adicionado caiu comparado com a última certificação, também efeito positivo advindo de CAPEX para workover dos poços de TBMT.