A Petz irá reportar seu resultado do 2º trimestre de 2024 no dia 14/ago. Esperamos um resultado operacional ainda fraco, porém com alguma melhora sequencial. Acreditamos que as vendas devem seguir impactadas por uma demanda enfraquecida e um acirramento da concorrência – apresentando um crescimento levemente superior t/t em função de ajustes realizados para aumentar a competitividade dos produtos.
Frente a uma margem bruta pressionada pelo contínuo avanço do canal digital (que trabalha com uma rentabilidade inferior à loja física) e sem alavancagem operacional para diluir as despesas, acreditamos que a rentabilidade deve seguir comprometida.
Com uma fraca performance operacional, o bottom line deve trazer o carrego negativo de menor venda, maiores custos e despesas operacionais – projetamos uma retração de -43% a/a do lucro neste trimestre.
Quanto ao processo de M&A com a Cobasi, a companhia segue sem divulgar novas informações relevantes. Desde o anúncio em abril, as companhias estão em processo de diligência para negociar os termos acordados no memorando de entendimento (MoU), ainda preliminares. A Petz anunciou recentemente que o prazo anunciado inicialmente para o período de negociação (até 23/ago) poderá ser estendido em mais de um mês – até meados de outubro.
Assim, acreditamos que ainda levará um tempo para conhecermos as sinergias quantificadas da possível combinação de negócios. Sem grandes detalhes sobre as expectativas operacionais da nova companhia, por ora, mantemos uma recomendação NEUTRA para PETZ3, com preço-alvo 12m em R$ 4,20.
Cenário ainda desafiador para vendas
Acreditamos que a cenário para vendas ainda deve se manter desafiador, com tendências similares às observadas no último trimestre. Entendemos que a combinação entre uma demanda ainda enfraquecida e um ambiente competitivo cada vez mais acirrado deve impedir grandes crescimentos em termos de venda – principalmente quando pensamos no canal físico.
Frente a uma oferta cada vez maior de players cross-borders e outros marketplaces com preços competitivos, o cenário de concorrência no segmento pet está mais acirrado. Em um cenário ainda complexo para o consumo discricionário, essa competição mais intensa acaba tomando parte de uma demanda já fragilizada.
Para enfrentar a concorrência mais forte, a Petz vem revisando sua estratégia de precificação, atuando com preços mais competitivos desde o final do último trimestre. Entendemos que isso deve levar a alguma evolução sequencial do crescimento de vendas, evitando mais um trimestre de desaceleração (+4,8% a/a Est. Genial vs. +2,3% no 1T24).
A nossa expectativa é que o Grupo Petz reporte uma receita bruta consolidada de R$ 990m (+4,8% a/a; +6,0% t/t), com um Same Store Sales ainda em território negativo em -0,8% (vs. 5,7% no 2T23).
Na abertura por canais, acreditamos que as lojas físicas devem continuar apresentando retração (-2,4% a/a Est. Genial), frente aos desafios mencionados acima e à preferência dos clientes pelo on-line. Em contrapartida, o canal digital deve seguir como destaque de crescimento (+18,6% a/a Est. Genial), ganhando participação no mix de vendas e chegando à 40% (+470bps a/a) da receita consolidada em nossas estimativas.
Rentabilidade deve seguir pressionada
A maior representatividade das vendas digitais traz um efeito mix negativo para a rentabilidade, uma vez que o canal acaba girando a uma margem inferior (gap de ~5p.p. em relação ao canal físico). Além disso, entendemos que os ajustes de precificação realizados devem gerar uma pressão adicional sobre a margem bruta do trimestre.
Projetamos um lucro bruto de R$ 387m (+3,1% a/a; +6,3% t/t), com uma margem de 39,1% (-63bps a/a; +10bps t/t).
Com um baixo crescimento de top line e parte do parque de lojas ainda em maturação, não esperamos uma diluição de despesas com vendas no trimestre. Somando o carrego negativo da margem bruta à menor alavancagem operacional, esperamos uma retração de -84bps a/a da margem EBITDA ajustada.
Estimamos um EBITDA Ajustado de R$ 65m (-7,1% a/a; +8,1% t/t), com uma margem de 6,6% (-84bps a/a; +13bps t/t).
Estimamos uma retração de -43% a/a do lucro
Dado o baixo nível de endividamento da companhia (0,0x DL/EBITDA pré-IFRS 16 no 1T24), não esperamos grandes impactos vindo de despesas financeiras sobre a última linha. Ainda assim, o fraco resultado operacional deve levar a uma retração de -42,7% a/a do lucro neste trimestre. Estimamos um lucro líquido de R$ 10m (-42,7% a/a) e uma margem líquida de 1,2% (-98bps a/a). Na visão ajustada (exc. efeito de stock-options e itens não recorrentes), estimamos um lucro de R$ 16m (-36,6% a/a) e uma margem líquida ajustada de 1,9% (-123bps a/a).
Tabela 1: Expectativa Genial para Petz (R$ milhões; IAS 17).