Encerrado o pregão da quarta-feira (14/ago), a Petz reportou as cifras referentes ao 2º trimestre de 2024. Embora as nossas expectativas para o grupo já fossem desfavoráveis, o conjunto apresentado surpreendeu negativamente. A empresa foi significativamente impactada por maiores despesas operacionais e financeiras, resultando em um lucro líquido de apenas R$ 1 milhão, uma queda de 95,2% em relação ao ano anterior e 91,7% abaixo das estimativas Genial.
Refém da forte competição on-line do setor e vítima da discricionariedade de consumo do mercado de acessórios para pets, a companhia não conseguiu sustentar um crescimento de top line acima da inflação (+3,8% a/a vs. IPCA de 4,5% nos últimos 12m).
Break-even talvez? Apesar de uma sinalização positiva de crescimento da categoria de acessórios em julho, dada pela própria companhia, estamos céticos quanto a um impacto substancial em faturamento e em rentabilidade no período.
Apesar de vermos esforços positivos na criação de novos produtos, principalmente na área de petfood, e na ‘pilotagem’ em uma nova vertical, Atacado Pet, neste momento, em nossa visão, a tese de crescimento de Petz se sustenta através de um possível (e iminente) M&A com o 2º maior player do setor: a Cobasi. Entendemos que a probabilidade desse evento acontecer é quase que certa, caso contrário, um aumento do fluxo vendedor poderia pressionar o papel no curto prazo – com uma possível reprecificação de P/E 25E.
🚧 Sem atualizações sobre o MoU com a Cobasi, esperamos ver notícias sobre o M&A ao longo dos próximos dias. Vale lembrar que o prazo de exclusividade se encerra em 23/ago, podendo ser prorrogado até 23/set. Não existe multa no caso das companhias optarem por não seguir com o processo adiante!
Atualmente negociando a 16,0x P/E 25E, reiteramos a recomendação de MANTER, com um preço-alvo 12m de R$ 4,20 – o que implica em um potencial upside de 9% em relação ao preço de fechamento do último pregão.
Cenário ainda desafiador para as vendas
A dinâmica de vendas ocorreu em linha com o abordado em nossa prévia de resultados. Com um cenário ainda complexo em meio a uma concorrência mais acirrada e uma demanda enfraquecida, a Petz lidou com tendências similares às observadas no último trimestre.
A receita bruta totalizou R$ 981m (+3,8% a/a; -0,9% vs. Est. Genial) – com uma leve evolução sequencial do ritmo de crescimento (+3,8% a/a vs. +2,3% a/a no 1T24) em função da abordagem mais competitiva que vem sendo usada na precificação.
O Same Store Sales apresentou recuperação sequencial, revertendo a trajetória negativa dos últimos três trimestres (SSS +0,9% a/a).
Na abertura por canais, as lojas físicas novamente apresentaram retração (-10,2% a/a), frente aos desafios relacionados à demanda e à preferência dos clientes pelo on-line. Em contrapartida, o canal digital seguiu como destaque de crescimento (+29,2% a/a), ganhando participação no mix de vendas e chegando à 44% (+870bps a/a) da receita consolidada em nossas estimativas.
Margens seguem pressionadas
O lucro bruto totalizou R$ 383 milhões (+2,1% a/a; +5,2% t/t), em linha com nossas estimativas (-1,0% vs. Est. Genial), com uma margem de 39,1% (-64bps a/a; +9bps t/t).
A dinâmica ocorreu conforme o esperado, com uma maior penetração do canal digital nas vendas totais (+870bps a/a), combinada ao ajuste de precificação realizado para aumentar a competitividade, impactando a margem bruta do trimestre (-64bps a/a). Adicionalmente, mudanças tributárias de PIS/COFINS e o aumento da alíquota de ICMS em alguns estados geraram uma pressão adicional sobre a rentabilidade.
Com um fraco desempenho de vendas e parte do parque de lojas ainda em maturação, não observamos uma diluição de despesas com vendas neste trimestre (+100bps a/a de representatividade sobre a receita bruta).
Por outro lado, as despesas G&A foram diluídas em -40bps a/a – refletindo os trabalhos realizados para otimização de estrutura de gastos ao final de 2023, além da captura de sinergias com as adquiridas.
A combinação entre (i) carrego negativo da margem bruta (-85bps a/a) e da (ii) menor alavancagem operacional geraram uma forte pressão sobre o resultado operacional, parcialmente compensada pela maior eficiência nas despesas G&A.
O resultado operacional apresentou uma retração de 14,4% a/a, chegando a R$ 60m. A margem EBITDA aj. foi consolidada em 6,1% – uma pressão de -130bps em relação ao mesmo período do ano passado.
Lucro derrete 92% a/a
Observamos um impacto maior vindo do resultado financeiro (uma despesa de -R$ 17m vs. uma receita de R$ 0,4m no 2T23 ), em função da marcação a mercado do derivativo (swap) atrelado a uma linha de financiamento em dólar.
Com um EBT (lucro antes de impostos) negativo, o reconhecimento de uma linha de IRPJ/CSLL positiva em R$ 12m (vs. uma despesa de R$ 9m no 2T23) por pouco evitou um prejuízo.
O lucro do Grupo Petz foi de R$ 1m – uma retração de 92% a/a. Na visão ajustada, excluindo o impacto do plano de opção de compra (-R$ 5,6m), efeitos de despesas não recorrentes (-R$ 4,2m), efeitos de IR/CS (R$ 8,9m) e outros ajustes (-R$ 3,3), a Petz apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 5m (-68,1%a/a) e uma margem ajustada de 0,5% (-259bps a/a).
Tabela 1: Consolidado pela Petz vs. Expectativa Genial (IAS 17; R$ milhões).