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    Publicado em 28 de Fevereiro às 01:08:25

    Porto (PSSA3) | Resultado 4T23: Em 2023, lucro dobrou e ROE bateu 20%. E 2024? 

    A Porto reportou um lucro líquido recorrente de R$ 689m, forte expansão de 24% a/a e 10,9% t/t, atingindo um ROE de 22,7% (+1,6pp t/t e +1,2pp a/a). O lucro ficou 8,3% acima das nossas expectativas e 11,8% da média das estimativas do mercado.  

    Mesmo com uma melhora relevante do resultado não-decorrente de seguros de +R$ 193m no 4T23 vs -15m no 3T23, o lucro operacional caiu sequencialmente. O lucro operacional do 4T23 foi 6,3% menor em relação ao 3T23, devido ao aumento significativo no índice combinado de +4,2pp t/t – incluindo aumentos de +2,1pp de sinistralidade, +1,2pp de despesas administrativas e +0,8pp do índice de comissionamento.  

    Assim, a expansão de lucro t/t veio de um robusto resultado financeiro (+34,4% t/t), menor alíquota de imposto (-4pp t/t) e melhora no resultado das operações não-decorrente de seguro. 

    Já na comparação anual, notamos uma melhora significativa de resultado operacional, com expansão de +53,8% a/a, beneficiado por maiores níveis de prêmios ganhos (+19,9% a/a) e menor índice combinado (-0,5pp a/a). 

    Como havíamos antecipados, a Porto termina o ano de 2023 com uma evolução relevante de lucro (+99,7% a/a) e rentabilidade (ROE de 20,1%). Acreditamos que 2024 será um ano de desaceleração por conta do comparável alto do ano de 2023, mas com um nível de lucratividade atrativo. Estimamos um lucro recorrente de R$ 2,4b, crescimento de 4% a/a, com um ROE de 19,2% (acima da média histórica).  

    Para 2024, esperamos uma desaceleração dos prêmios emitidos no segmento de automóveis, devido a uma base comparativa mais forte. No entanto, estimamos que os outros segmentos cresçam em um ritmo mais forte, principalmente o Saúde. Além disso, acreditamos que o índice de sinistralidade continuará controlado, ficando abaixo de 60%. Por fim, achamos que o segmento de cartões volte a rodar num ritmo mais forte com melhora no custo de crédito.  

    Por fim, durante o conference call a gestão destacou quatro potenciais atrativos de crescimento para os próximos períodos, sendo eles (i) Cartão; (ii) Consórcio – Veículo; (iii) Saúde; e (iv) Vida. Em nossa avaliação, acreditamos que o maior potencial está em Saúde e Cartões (principalmente com o lançamento da conta digital), segmentos em que a Porto tem ainda baixo market share. No entanto, destacamos que o segmento de Saúde continua sendo bem competitivo com margens mais apertadas e que pode gerar volatilidade assim que a Porto começar a desacelerar seu crescimento (+38,4% a/a em 2023). 

    Market Share Porto: Baixa participação de mercado explica o crescimento acelerado em algumas linhas 

    Acreditamos que as ações da Porto estão negociando com um valuation atrativo de 7,6x P/L 24E e 1,4x P/VP 23. Apesar da nossa expectativa de uma forte desaceleração para 2024, com um crescimento de lucro projetado em apenas 4% ao ano, acreditamos que a empresa possa eventualmente surpreender o mercado com um número mais encorajador, assim como foi ao longo desses últimos trimestres. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 35,0 para o final de 2024. 

    Porto 4T23: Melhora nos resultados de não-seguros e financeiro  

    Prêmios e Sinistralidade: Auto desacelerando e Saúde forte

    Prêmios (Consolidado): Saúde continua puxando na margem 

    Os prêmios emitidos apresentaram um robusto resultado de R$ 6,99b (+0,5% t/t e +10,8% a/a), mas em desaceleração na comparação anual em relação aos dados do 3T23. Todas as unidades seguem contribuindo para a evolução dos prêmios, no entanto, Auto (+2,0% a/a) e Vida (+8,9% a/a) pesaram na expansão anual. Já os outros segmentos seguem com aumento acima de dois dígitos, com destaque positivo para Saúde e Odonto, que apresentou um forte crescimento de +47,9% a/a. 

    Sinistralidade (Consolidado): No comparativo anual, ainda melhor  

    O índice de sinistralidade da Porto ficou em 56,4% no trimestre, apresentando uma expansão de 2,15pp t/t, mas redução de -1,49pp a/a. A melhora anual ocorreu pelo aperfeiçoamento nos modelos de subscrição, aumento no controle de sinistros e evolução mais favorável no valor dos automóveis, diminuindo a pressão sobre os custos de sinistros. 

    Para essa análise, usamos os números os números contábeis, compatíveis com o da SUSEP, não fazendo ajustes entre as linhas do DRE como o gerencial da companhia. 

    Vertical Porto Seguro (auto, patrimonial e vida): Desaceleração de prêmios é visível  

    A vertical de seguros apresentou um lucro de R$ 475,3m (-16,1% t/t e +12,2% a/a), atingindo um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROAE) de robustos 38,4%, mas com queda de -2,1pp t/t e -8,2pp a/a. 

    O resultado do 4T23 foi impactado negativamente na comparação trimestral devido a estagnação do prêmio ganho (+0,4% t/t) e aumento nas despesas, o que levou o índice combinado para 87,8% (+3,8pp t/t). Além disso, o trimestre apresentou um menor resultado financeiro (-20,4% t/t). Na comparação anual, a expansão de lucro foi resultado do forte aumento dos prêmios ganhos (+14,5% a/a) e melhor índice combinado (-1,4pp a/a). 

    Principais pontos da Vertical Seguros 

    • Auto: (i) Prêmios emitidos caíram -3,0% t/t, mas apresentaram um leve crescimento de 2,0% a/a. A melhora tímida na comparação anual se deve pela base comparativa mais forte, ainda que tenha sido beneficiada pela estratégia de aceleração das vendas em determinadas praças. (ii) Sinistralidade em patamares atrativos, chegando a um índice de sinistralidade de 55,6% (+1,8pp t/t e -5,0pp a/a). 
    • Patrimonial: (i) prêmios emitidos expandiram 2,9% t/t e 15,5% a/a. (ii) índice de sinistralidade apresentou uma significativa piora de +12,3pp t/t e +15,0pp a/a, chegando a 41,5%. A piora é explicada pela ocorrência de incêndios em apólices de seguro empresarial. 
    • Vida: (i) Prêmios emitidos do segmento contraíram -3,9% t/t, mas apresentaram expansão de +8,9% a/a, beneficiados pelo desempenho do Vida Coletivo e do Seguro Viajem. (ii) Sinistralidade ficou em 33,2% (estável t/t e +4,5pp a/a), permanecendo em níveis bem favoráveis apesar do aumento do índice. 

    Vertical Porto Saúde (saúde + odonto): Crescimento acelerou  

    Com meros 1,4% de market share em seguro saúde, a vertical de Saúde continua crescendo de forma acelerada. A receita da vertical cresceu robustos 11% t/t e 48% a/a no 4T23, chegando a R$ 1,4b, puxado principalmente pelo Seguro Saúde (+12% t/t e +53% a/a). A vertical atingiu um total de 543k vidas em saúde (vs 540k no 3T23 e 413k no 4T22). 

    O lucro líquido ficou em R$ 66,5m, uma melhora significativa em relação aos R$ 37,5m no 3T23 e R$ 36,5m no 4T22. A rentabilidade (ROE) ficou em patamares atrativos em 37,7%, aumento significativo de 17,5pp t/t e 11,4pp a/a. 

    O índice de sinistralidade de Saúde + Odonto melhorou em -4,5 pp t/t e -3,4 pp a/a, chegando a 75,8%, beneficiada por novas vendas bem precificadas e combate a fraudes. 

    Vertical Porto Bank: Voltando a crescer 

    A vertical apresentou um lucro líquido de R$ 157,4m (+26% t/t e -6% a/a), atingindo uma rentabilidade (ROAE) expressiva de 41,6%. 

    A carteira de Crédito registrou ficou em R$ 17,5b (+5,2% t/t e +8,2% a/a), impulsionado pela carteira de Cartão de Crédito que alcançou o total de R$ 14,9b (+12,6% a/a). Na operação de empréstimos e financiamentos, a carteira permaneceu em R$ 2,7b ao final do trimestre, com 77% dos produtos contendo garantia. 

    O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 6,6% (-0,8pp t/t e -0,5pp a/a). A empresa continua adotando uma abordagem cautelosa nas políticas de concessão, priorizando o crédito para clientes de baixo risco. As novas safras demonstram bom desempenho, refletindo a eficácia das políticas implementadas nos últimos meses. Por fim, o índice de cobertura ficou em 123%, apresentando uma melhora de 9pp t/t e 5pp a/a. 

    Outros negócios: Ainda com impactos do Carro por Assinatura 

    As receitas de outros negócios totalizaram R$ 203 milhões no 4T23, registrando uma queda de 8,8% em comparação ao 4T22, mas com leve aumento de 2,7% t/t. Essa redução anual é atribuída à desaceleração na operação do Carro por Assinatura, que apresentou uma variação negativa de -45,7% a/a. 

    Dessas receitas, aproximadamente 29% foram de serviços recorrentes, uma piora em relação aos 37% reportados no 3T23, enquanto o restante (71%) ocorreu de serviços avulsos. Além disso, houve uma queda em clientes de assinatura de -2% t/t e -37% a/a, chegando a um total de 30,4k de assinantes. 

    O resultado operacional ficou positivo em R$ 7,4m, revertendo os dados negativos do 3T23 de -R$ 26,5. No entanto, o valor continua bem abaixo dos R$ 41,6m reportados no 4T22. Em termos de bottom line, a vertical apresentou um prejuízo de -R$ 34,7m. O prejuízo foi agravado pelo Carro por Assinatura, devido ao impacto da desvalorização da frota (estimado em R$ 25,3 milhões), puxado pela redução da tabela FIPE sobre o valor de venda dos veículos. 

    Resultado Financeiro: Acima do CDI, finalmente 

    No 4T23, o resultado financeiro ficou em R$ 378,2m (ex-Previdência), representando uma rentabilidade de 106,7% do CDI e uma expansão de 28% t/t e 48% a/a. No consolidado, a linha ficou em R$ 333m (+34,4% t/t e +62,1% a/a). O desempenho foi impulsionado pela rentabilidade das alocações em renda variável, fechamento dos spreads de crédito e marcação a mercado de uma parte da carteira em juro nominal (DI futuro). Apesar do impacto negativo dos títulos NTN-B, o resultado superou o CDI. 

    Imposto: Maior estabilidade na alíquota com benefícios mais distribuídos  

    A alíquota de imposto ficou em 36% no trimestre, beneficiada pelo pagamento de R$ 340m de JCP no período. 

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