No 2T22, o resultado de Qualicorp foi abaixo do esperado pelo mercado e pelas nossas expectativas, com lucro de R$ 52m, mas os dados operacionais e a dinâmica do trimestre foram exatamente como esperados. Como imaginado, a performance fraca do mercado de planos de assistência médica e odontológica de adesão se traduziu para os resultados da companhia, com a carteira total decrescendo -0,4% t/t e -0,3% a/a. Vale ressaltar o aumento nos cancelamentos por solicitação no 2T22, dado reajustes mais fortes que antecipados. Isso continua como ponto de atenção para o 3T22, quando há grande concentração de reajustes, que deve ser negativamente impactado por aumento nos preços na casa dos 20%. A dificuldade de crescimento do carro-chefe da casa, a carteira de Adesão Médico-Hospitalar, pode ser um indício que a Qualicorp está sendo levada pela onda.
A receita líquida de Quali alcançou R$ 489m no 2T22 (-5,4% a/a e -2,6% t/t), puxadas pelo decrescimento da receita de agenciamento e das receitas com taxa de administração e corretagem, como esperado. O volume da carteira é extremamente importante para ambas as linhas de receita e dado as adições líquidas negativas, há piora nesses segmentos. Por outro lado, os segmentos PME e GAMA trouxeram receita crescente para a companhia, com o maior aumento trimestral da base de beneficiários de PME na história da companhia (+11,2% t/t e +42% a/a). As linhas que não são adesão são importantes para a estratégia de expansão e diversificação de portfólio e produto, e podem ser outra avenida de crescimento para a receita da Qualicorp no futuro.
A companhia apresenta ganho de eficiência no ano por meio de controle de custos e despesas, principalmente pela diminuição das despesas administrativas (-19,8% a/a). No trimestre o total de custos e despesas se manteve estável, com leve incremento de 1,2%, mas um ponto importante que já ressaltamos em resultados anteriores é a diminuição das despesas comerciais. Ao longo de 2021 a Quali intensificou os incentivos para os corretores pela venda de planos Qualicorp, movimento muito agressivo no início que agora começa a ser retirado. Mesmo assim, para alcançar a expansão da base de beneficiários, o investimento em comercialização é necessário.
O indicador de dívida líquida/EBITDA cresceu novamente no 2T22, alcançando 1,5x (vs 0,9x a/a e 1,4x t/t). Como comentado em nossa prévia do resultado, a Qualicorp emitiu novas debêntures para aumentar o duration de seu endividamento, mas com aumento do custo de dívida. Com isso, a dívida bruta cresce 56% a/a e 23% t/t.
Não estamos surpresos com o resultado abaixo do esperado de Qualicorp. O mercado de planos de assistência médica e odontológica por adesão no Brasil não parece ser o mais atrativo no momento, e é o principal segmento de atuação da Qualicorp. O crescimento no carro-chefe da casa se mostra cada vez mais árduo, o que torna a diversificação do portfólio mais importante. A expansão das linhas alternativas de PME parece estar dando frutos, mas ainda é necessário que a carteira de adesão carregue o piano. Assim, com a possibilidade de ajustes na casa dos 20% no 3T22 trazerem ainda mais cancelamentos para a carteira principal, não estamos otimistas com os resultados do 2S22 da companhia e reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo (PA) de R$ 14,00 para os próximos 12 meses.