Nesse relatório você vai entender:
- Por que Qualicorp está caindo nos últimos dias
- Nossa perspectiva para o resultado do 3T22 de Qualicorp
- Impacto das adições líquidas negativas no trimestre
- Impacto do resultado financeiro no lucro líquido
Por que a Qualicorp está caindo nos últimos dias?
Nos últimos 10 dias o papel QUAL3 desvalorizou mais de 20%. Enquanto é difícil definir exatamente o que faz o comportamento da ação, acreditamos que existem alguns motivos para essa desvalorização.
Primeiramente, no dia 18/10 a administradora de recursos Opportunity, que era um acionista relevante do papel (detinha mais que 5% do capital social) vendeu mais de 2m de ações da companhia, o que gera uma pressão de baixa no preço. Em segundo plano, a escalada nas expectativas de taxas de juros americana nos últimos dias afetou negativamente empresas de crescimento do Brasil, como a Qualicorp.
Por fim, acreditamos que a revisão das expectativas do mercado em relação ao resultado do 3T22 vem mudando nos últimos dias, conforme os analistas conversam com a companhia. Historicamente o terceiro trimestre é um trimestre de reajustes para a Qualicorp, e nesse ano o reajuste de dois dígitos prejudicará a base de clientes da companhia, e por isso o resultado também.
Esperamos um lucro de QUAL3 caindo mais de 50% a/a no 3T22
Estamos negativos para o resultado do 3T22 de Qualicorp. O terceiro trimestre para a companhia é marcado pelos reajustes nos preços do planos de saúde de seus clientes, e um reajuste maior que o esperado no começo do ano terá impactos fortes nas adições líquidas no trimestre.
Nossa expectativa é de um lucro líquido na casa dos R$ 45m, apresentando uma queda de -8,4% t/t e -59,0% a/a. Esse movimento é influenciado pelas:
- (i) adições líquidas negativas
- (ii) aumento das despesas financeiras pela emissão de nova debênture
- (iii) efeito da linha de outras receitas e despesas negativo após um trimestre de receita não recorrente.
A Qualicorp já sofreu muito nos últimos 10 trimestres com adições líquidas orgânicas negativas, e esperamos que no 3T22 a narrativa se repita. O reajuste de cerca de 20% para a grande parte da carteira da companhia no trimestre levará a novas adições líquidas negativas.
Com o forte reajuste, esperamos aumento nas receitas da companhia na base trimestral, mas perdendo no comparativo anual (+7,7% t/t e -1,5% a/a). Os custos e despesas relativamente estável em relação ao 2T22 culminam em crescimento do EBITDA no trimestre, mas o indicador também perde força anualmente (+3,7% t/t e -10,7% a/a) e alcança R$ 234m.
Vale destacar ainda a ausência de outras receitas não recorrentes que devem levar a linha de outras receitas e despesas novamente para casa dos R$ 11m negativos. No resultado financeiro, a emissão de nova debênture no 2T22 com maior spread (CDI + 1,85% vs CDI + 1,2%) com o intuito de alongar a dívida terá impactos nas despesas financeira.
Com isso, chegamos a uma expectativa de lucro líquido de R$ 45m (-8,4% t/t e -59% a/a), reiterando nossa recomendação de MANTER com preço-alvo (PA) de R$ 14,00 para os próximos 12 meses que implica um múltiplo P/L 9,6x para 2023.