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    Publicado em 27 de Abril às 18:06:16

    Saúde | Prévia de resultados 1T22: Um trimestre morno

    A dinâmica observada para o setor de saúde nos últimos trimestres deve se manter para o 1T22. Esperamos que o contínuo arrefecimento da pandemia seja positivo principalmente para operadoras de planos de saúde. Outro importante fator para o setor como um todo é a contínua pressão da inflação sobre os custos e o lento repasse para os clientes finais. Olhando mais especificamente para as operadoras e administradoras de planos de saúde, esperamos um trimestre com adições líquidas de vidas tímidas, o que deve afetar negativamente o crescimento de receita das empresas. No geral, observamos um panorama morno para o setor de saúde no 1T22, com possível melhora ao longo do ano.

    Hapvida / Intermédica (HAPV3)

    O primeiro trimestre de 2022 será o primeiro trimestre após a iniciação da fusão entre Hapvida e GNDI. Após conversar com as companhias, acreditamos que as sinergias a serem coletadas ainda não foram capturadas no primeiro trimestre, mas devem começar a impactar os resultados de forma positiva e gradual ao longo dos próximos anos. O conhecimento conjunto das duas deverá gerar ganhos em diferentes frentes, como por exemplo um plano nacional coletivo, a disponibilização de serviços hospitalares para terceiros na rede própria de Hapvida, e novos planos individuais na GNDI. Todas essas frentes já estão com projetos em andamento.

    Um ponto importante que deve ser mencionado são os dados desanimadores de adições líquidas de beneficiários (beneficiários adquiridos menos beneficiários perdidos) disponibilizados pela ANS. Esperamos adições líquidas negativas no lado de Hapvida, e adições líquidas pouco positivas por GNDI, ou seja, um consolidado próximo do zero a zero. Para 2022, devemos observar um crescimento orgânico moderado que, com um pipeline de grandes aquisições ficando cada vez mais escasso e mais custosos, deve diminuir o ritmo de crescimento tão elevado que vimos nos últimos 3 anos.

    A sinistralidade deve manter-se ainda a patamares elevados em relação ao pré-pandemia, mas com alguma melhora em relação à 2021, dado a diminuição da disseminação da Covid-19 no país. No decorrer do ano esperamos certa normalização na sinistralidade da companhia consolidada, no entanto, o nível de sinistro para Intermédica como um todo não deve convergir para o nível de Hapvida, dada a própria dinâmica da companhia. Com isso, nossa expectativa é que o novo nível normalizado de sinistros para a companhia consolidada ficará acima do nível de Hapvida e abaixo do nível de GNDI.

    O ano de 2022 será repleto de desafios para as duas empresas que, finalmente, iniciaram o processo de junção de seus negócios. Nesse sentido, estamos cautelosos com o papel e acreditamos que os próximos trimestres serão cruciais para a tese de Hapvida/GNDI.

    Fleury (FLRY3)

    O arrefecimento da pandemia significa menos receita de exames de Covid para o Fleury, mas essa dinâmica já vinha sendo observada nos últimos trimestres, ou seja, não deve ter impacto tão forte no resultado da companhia no 1T22. No 4T21 e 3T21 as receitas relacionadas a Covid-19 representaram, respectivamente, 5,7% e 6% da receita bruta, e deve manter este patamar para o trimestre atual.

    A tese de expansão orgânica e inorgânica se mantém, com as sinergias dos novos elos sendo capturadas cada vez mais rapidamente e o crescimento das unidades de atendimento e os exames dentro dos hospitais (B2B) continuando fortes. Mesmo com uma possível pressão nos custos, esperamos margem EBITDA melhorando t/t mas ainda a níveis menores que o 1T21.

    Com crescimento da receita líquida t/t e a/a, estamos otimistas com o 1T22 de Fleury e olhamos com bons olhos o ano para a companhia, com os novos elos sendo consolidados e o crescimento orgânico se desenvolvendo.

    Qualicorp (QUAL3)

    A administradora de planos de saúde passa por um momento de mudança de estratégia. Com um novo foco em crescimento orgânico, a companhia está incorporando novos produtos em seu portfólio e adquirindo novos canais de venda, buscando se tornar uma plataforma multicanal e multiproduto.

    A pandemia veio no meio desta reestruturação e atrapalhou o progresso do plano. Os reajustes de planos de saúde foram proibidos em 2020, e vieram com muita força para 2021, o que causou altas perdas de beneficiários para a Qualicorp. Esse fator somado a reavaliação de parte da carteira no ano passado, levaram 2021 a ser o ano com maiores cancelamentos na história da companhia.

    Para o 1T22 esperamos que essa dinâmica de cancelamentos comece a melhorar, sendo possivelmente o melhor número de adições líquidas nos últimos dois anos e esperamos crescimento de receita t/t e a/a no primeiro trimestre. Esperamos um leve aumento nos custos em relação ao trimestre passado, se mantendo estáveis na comparação anual. Já o lucro deve ser melhor t/t e a/a.

    Estamos mais positivos para o 1T22 com Qualicorp dada a possibilidade de cancelamentos menores e crescimento da receita. Mesmo assim, estamos cautelosos com o ano de 2022, principalmente no 3T22 que serão feitos novos reajustes, o que pode será um bom indicativo do sucesso da estratégia da companhia caso o churn venha baixo após os aumentos.

    Odontoprev (ODPV3)

    O business de planos odontológicos funciona diferente ao dos planos de saúde normais. Geralmente as operadoras incorrem de um custo de sinistro maior inicialmente, sendo que a manutenção no começo é mais custosa, mas depois se mantém estável, em certo nível. Também não há o fator faixa etária, com os beneficiários não necessitando cada vez mais de cuidado conforme envelhecem. Assim, os sinistros se dão de forma diferente em comparação às operadoras de planos assistenciais de saúde, como Hapvida e GNDI.

    A pandemia levou a Odontoprev a incorrer de sinistralidade historicamente baixas, com poucas pessoas indo ao dentista durante o período, 34,1% no 2T20. Conforme a disseminação da Covid-19 foi diminuindo está dinâmica se inverteu, e a sinistralidade foi aumentando gradativamente chegando a 39,9% no 2T21, mas se mantendo ainda abaixo de anos mais normalizados, como os 43% em 2019. Esperamos que o panorama de sinistralidade normalizada comece a voltar para o 1T22 e ao longo do ano de 2022.

    Com maior foco no canal de vendas bancário, que trazem beneficiários de melhor qualidade, esperamos certa melhora de mix. Isso pode se traduzir em ganhos ao longo do ano, com maior representatividade das vendas para clientes individuais pelos bancos. Esperamos crescimento percentual moderado da receita t/t e a/a, com as despesas sendo puxadas pelo aumento esperado na sinistralidade. Isso deve se traduzir em melhores números para o lucro em relação ao trimestre, mas o comparativo anual forte deve configurar queda a/a.

    No geral estamos positivos com a tese de Odontoprev, mas ainda incertos em relação à capacidade de crescimento contínuo da receita e do lucro. Ainda assim, a empresa poderá surfar a onda da disseminação dos planos corporativos e do crescimento dos beneficiários de planos odontológicos no Brasil, que quando comparados aos números de planos assistenciais de saúde ainda são baixos.

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